Sobre Bowser’s Fury
Falar desse conteúdo adicional é uma experiência bem diferente, pois o autor deste texto não teve contato com o jogo base que dá nome ao pacote, pois já começou a jogar a versão de Switch diretamente pelo conteúdo novo.
Aqui temos uma aventura que poderia facilmente ter sido contada como um DLC para Super Mario Odyssey. Bowser cai em uma gosma preta e — com algumas referências à Super Mario Sunshine — deixa seu filho Bowser Jr preocupado a ponto de ir até o próprio Mario para pedir ajuda.
Mario por sua vez, embarca nessa empreitada e sai junto com seu pequeno inimigo atrás de uma forma de salvar o pai do menino.
O game se passa em um mundo aberto. Imagine uma das maiores fases de Super Mario Odyssey, como o Sand Kingdom, por exemplo, só que em forma de mar repleto de ilhas ao invés de deserto.
Mario pode andar, com controle total da câmera por todo esse ambiente. Cada uma das ilhas maiores possuem percursos, que se iniciam ao passar por um arco em sua entrada, mas que também podem ser acessados por qualquer lado, afinal, são… ilhas.
Durante esses percursos o jogo se assemelha a fases de qualquer Mario tradicional em 3D, com objetivos que recompensam o jogador com Cat Shines, as estrelas do game da vez. Cada um dos 12 percursos possui de 3 a 5 Cat Shine, além de outros espalhados pelo mundo aberto.
O que diferencia mesmo esse conteúdo é a mecânica do Giga Bowser. O grandão mudou de forma e se assemelha a um kaiju de filmes do Godzilla. Sua chegada no mapa acontece mais ou menos de cinco em cinco minutos, sendo avisada por uma mudança sutil de música e uma chuva que faz o jogador sentir frio na espinha caso esteja no meio de um percurso mais difícil.
Nessa hora, Bowser aparece no mapa e começa a perseguir Mario, jogando raios de fogo e pulando pra lá e pra cá. Dessa vez, ele de fato atrapalha o jogador, o que apesar de ser bem interessante visualmente, acontece sempre durante as piores horas possíveis e não trazem nenhum benefício ao jogador caso sobreviva ao ataque, que por sua vez só cessa depois de algum tempo ou ao pegar um Cat Shine.
Outra questão relativamente negativa é o uso extensivo das mecânicas de 3D World no jogo que é substancialmente diferente de seu companheiro de cartucho.
O controle da câmera, por exemplo, fica limitado enquanto o jogador está correndo, pois o botão Y ainda é usado para correr. Assim, a menos que o jogador tenha uma mão a mais, fica difícil mudar o ângulo de visão e correr de forma eficiente ao mesmo tempo.
Além disso, Mario pode estocar diversos power-ups ao mesmo tempo. É possível ficar com até cinco cogumelos, flores de fogo, folhas de tanuki e sinos de gato sem perdê-los. Isso é bom pois durante as últimas fases o jogo fica consideravelmente mais desafiador, ainda mais se o Bowser estiver presente na tela durante momentos de plataforma mais difíceis.
Porém, a roupa de gato é claramente não só a melhor, mas a ÚNICA que o jogador deve usar durante todo o jogo, enquanto as outras são pouco balanceadas e só servem como barra de energia extra.
Isso acontece pois o cenário possui plataformas altas onde o Mario grande (com cogumelo) já não consegue acessar sem dar saltos mais elaborados. Já a flor de fogo se prova bem inútil em cenários mais abertos com diversos inimigos. A cauda de tanuki até que serve bem para desafios de plataforma, mas são poucos que realmente fazem bom uso dela. Em suma, temos claramente um conteúdo que foi balanceado para apenas um tipo de modo de se jogar, mas que oferece outras opções não tão atraentes.
Apesar disso, Bowser’s Fury tem ótimos méritos. É um conteúdo extra que poderia facilmente ficar de fora, assim como a maioria dos relançamentos de Wii U para Switch que foram recolocados na loja sem quase nada extra.
Porém, houve um esforço de gerar algo novo que pode até servir como base de uma possível nova aventura totalmente em 3D do bigode e isso é louvável.
A mecânica do Giga Bowser é irritante porém ela tem seu valor, mesmo que principalmente visual. É impressionante como o Switch consegue aguentar (quase sempre) os 60 FPS mesmo com a chuva e o Bowser enorme na tela naquele mundo aberto enorme. Obviamente há quedas de frames em momentos mais frenéticos, mas o jogo é otimizado de forma que haja apenas uma pequena lentidão, ao invés do clássico stuttering ou queda de resolução, pelo menos no modo dock. O game roda totalmente em 30 FPS no modo portátil ou no Switch Lite.
Deixei de fora do texto as lutas contra o Giga Bowser, mas elas funcionam como os já citados filmes do Godzilla. O legal delas é que elas ocorrem no próprio mapa do jogo, mas como ambos os personagens estão gigantes, os percursos se tornam apenas pequenas barreiras para evitar os raios de fogo do Bowser. É interessante.
Com duração de três à quatro horas e o dobro caso o jogador deseje completar os 100%, Bowser’s Fury funciona muito mais como um jogo separado do que como um simples bônus para 3D World, e deveria ter sido vendido assim pela Nintendo em seus vídeos promocionais, pois essa impressão só é tida ao jogar o game.
Pra quem já jogou o original no Wii U e não quer pegar o relançamento por achar que se trata de mais do mesmo, acreditamos que o conteúdo de Bowser’s Fury valha por si só.
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