Nier Automata é um dos melhores jogos já feitos. Pode parecer exagero mas ele não se comporta apenas como uma mídia de entretenimento. Poucos títulos no mercado tem a capacidade de despertar fortes emoções ao jogador como Nier. Esse apelo se deve a estrutura de narrativa e jogabilidade encabeçada pelo seu diretor, Yoko Taro. Sua criatividade para produzir mecanismos diferenciados para instigar o envolvimento do jogador na trama dos personagens contribuíram para tornar esse título singular no mundo dos jogos.
A narrativa foi arquitetada de forma não linear com intuito de atravessar nas perspectivas de seus três protagonistas. Yoko Taro possui uma técnica de escrita onde o desfecho da trama é desenvolvido primeiro para servir de referência para os rumos que serão tomados desde o início do jogo. A implementação desse estilo permite focar na construção de cada personagem e os temas que serão esmiuçados.
Os temas centrais da campanha são amor, guerra e identidade. Esses assuntos estão ligados diretamente com situações vivenciadas em nosso cotidiano. Por aparentar ser sensações simples muitas vezes são difíceis de perceber ou refletir a respeito. A forma usada por Yoko Taro para expressar esses sentimentos foi bem inteligente.
O jogo conta a história de andróides construídos por humanos em um mundo pós-apocalíptico que são designados a derrotar os robôs alienígenas que invadiram a Terra. Esses andróides possuem estrutura física e agem de forma semelhante aos humanos, mas sua única obrigação é servi-los. A situação se inverte quando um dos personagens começa despertar sentimentos humanos quando seu suposto inimigo passa a também semelhar seu comportamento nos terráqueos que ali habitavam.
Esse é o ponto de virada do enredo onde ao decorrer da jogatina os desenvolvedores apresentaram de forma sutil os temas centrais da trama para que os jogadores possam refletir a respeito do contexto social no qual estão situados. O jogo promove uma quebra da quarta parede que afeta diretamente a jogabilidade. Ao observar o quadro e notar os aspectos centrais que movem os protagonistas que passamos horas dedicados acompanhando suas jornadas cria uma laço emocional sólido entre o jogador e esses personagens. O apego emocional proporciona uma série de questionamentos filosóficos.
O que move a humanidade? quais são os elementos que compõem a identidade dos indivíduos? Amor é uma qualidade exclusivamente humana? Essas questões permeiam na narrativa e promovem experiências únicas dentro do jogo. A forma que essas discussões apresentadas entrelaçam com os eixos motivadores dos personagens levaram a uma conclusão que deixa muitas aberturas das possibilidades existentes de se pensar como um jogo eletrônico pode suscitar diferentes emoções no jogador.
Outro aspecto que merece destaque é a trilha sonora que possui arranjos orquestrais belíssimos bastante variados que captam o contexto e as sensações presentes em cada cena do jogo. As composições transportam o jogador diretamente para os pontos críticos do enredo que o deixa imerso nesse universo colocando-o como parte integrante do espaço interativo criado por Yoko Taro.
As visões apresentadas até aqui representam um ponto de vista sobre os aspectos que tornam NieR Automata como jogo da década. A beleza de poder estar aqui compartilhando esse tipo de informação está na diversidade opinativa de cada indivíduo. As diferentes possibilidades de interpretativas são os elementos fundamentais para a existência de uma obra de arte. Ao adentrar pelo arco do jogo deixou mais nítido que a natureza dos pilares de nossa sociedade está nos laços criados por cada individualidade. Nada surge por acaso, o destino ocupa-se da integridade da espécie humana.
GLóRiA A HuMaNiDaDe!
Deixe uma resposta