Archives: 12 de Maio, 2020

Yoshi, tranquilidade e o aconchego

Alguns jogos me assustam muito. Outros me dão desespero. E ainda existem aqueles que me fazem criar asco, seja pela sua comunidade tóxica, o estilo do jogo ou qualquer outra polêmica em cima. Talvez eu seja um tanto chata para consumir jogos, como eu era chata na infância para comer mamão e ameixa. Tem coisas que simplesmente não descem, não importa quanto tempo passe. Apesar disso, foi testando coisas novas que eu descobri grandes paixões, como os joguinhos de turno (Pokémon), plataformas (Crash Bandicoot) e “simuladores” (Animal Crossing), por exemplo. Além disso, alguns jogos mais “underground” cravaram suas garras no meu coração, como Alice Madness Returns (meu guilty pleasure), então nem só de fofuras eu vivo. Porém, é nas fofuras que eu me divirto mais, e quando eu joguei meu primeiro jogo do Yoshi, eu vomitei arco-íris. Figurativamente falando, claro.

Tem algo nos jogos do Yoshi que eu não sei explicar bem, mas vou tentar: uma certa familiaridade, uma nostalgia e uma sensação aconchegante que deixam meu coração quentinho. É como visitar a casa da sua família ou um lugar muito querido da infância, aquele lugar que te inunda de emoções boas e saudade de uma época onde tudo era mais fácil, menos doloroso. Aquela magia de acreditar que ninguém nunca vai morrer e que tudo vai terminar bem que nós abandonamos quando crescemos parece ser a essência dos jogos do Yoshi. Pelo menos é como eu me sinto ao jogá-los.

Reunião de Yoshies em Yoshi’s Island — Reprodução/Nintendo

A própria inocência do primeiro título da franquia já demonstra esse sentimento de lar. Ver a comunidade de Yoshies tomando para si, de forma altruísta, a responsabilidade de cuidar do Baby Mario e levá-lo em segurança num trabalho de equipe dedicado, junto com o visual colorido e as músicas suaves do jogo, é encantador. Eu fiquei genuinamente preocupada com o Baby Mario enquanto jogava, quase como uma responsabilidade real, na jornada para levá-lo em segurança, embora eu imagine como o fandom geral deve achá-lo irritante. Para mim, era reconfortante jogar com o Yoshi e ter um “parceiro” no Baby Mario, compartilhando a jornada. Eu não me sentia só.

Os jogos que viriam depois na franquia tentariam simular Yoshi’s Island quase que de forma copiosa, o que deixa claro o quanto o primeiro jogo se tornou icônico e o quanto não se soube bem para onde ir depois disso. Em Yoshi’s Wooly World, por exemplo, finalmente a franquia pareceu evoluir nas mãos da Good-Feel (também responsável, é importante ressaltar, por Kirby’s Epic Yarn). Apesar de manter várias semelhanças visuais e referenciais à Yoshi’s Island (como o círculo de flores no fim de cada fase, por exemplo), o jogo criou uma identidade própria com a temática de lã e a história que agora se foca na própria comunidade de Yoshies. Yoshi’s Crafted World segue a mesma linha de seu predecessor, com seu próprio “material” (recicláveis!) e uma história que retrata o esforço da comunidade de Yoshies para resgatar seu tesouro roubado.

Quanto mais eu me aventuro pela franquia, mais fácil é notar as influências, cópias, falhas e crescimentos entre os jogos conforme os anos se passaram. Este é um processo natural em qualquer franquia, na minha opinião. De qualquer forma, algo que nunca muda para mim sempre que estou jogando algum jogo do Yoshi, é a sensação que essa franquia me passa. Um abraço quentinho, uma xícara de chocolate com leite numa noite chuvosa embaixo de um cobertor… Aconchegante e confortável. Capaz de lavar para longe todas as minhas tristezas e preocupações, toda a incerteza do mundo, enquanto eu estiver jogando.


[Café dos Colonos] – Streets of Rage

Streets of Rage é um jogo briga de rua desenvolvido e produzido pela Sega lançado no ano de 1991, exclusivamente para o saudoso Mega Drive. A grande inovação que o jogo trouxe para a época foi seu desenvolvimento exclusivo para plataformas caseiras. Naquele período, esse gênero fazia muito sucesso nos arcades e a Sega buscava atrair esse público para seu console de 16-bits que havia lançado a pouco tempo.

No começo da década de 90, uma metrópole que desde sua fundação vivia em harmonia e paz foi abalada por um temida organização criminosa conhecida como “O Sindicato” liderada por Mr. X. Essa organização corrompeu toda a cidade e os órgãos públicos ficaram aparelhadas a seus desígnios. Para o alívio dos seus habitantes, existiu um grupo de policiais determinados a reverter essa situação. Axel Stone, Adam Stone e Blaze Fielding lideram o núcleo de resistência com o objetivo de livrar a cidade do caos e da destruição.

Blaze logo depois de acionar seu ataque especial.

A jogabilidade seguia o padrão do jogo deste gênero, os personagens são capazes de andar, pular e performar combos com socos e chutes. Cada personagem possui um ataque especial que quando ativado aparece um reforço policial que lança mísseis nos oponentes presentes na tela. Pelas fases é possível coletar itens essenciais como comida, ataque especial e vida extra. Durante a jogatina era capaz também de utilizar armas brancas como bastões, facas e gás lacrimogêneo.

Os personagens tinham atributos específicos que variam de acordo com os níveis de força, pulo e velocidade. Axel Stone é um personagem focado em força mas possui pouca agilidade no pulo. Adam Stone tem força e agilidade no combate aéreo, entretanto ele demonstra lentidão ao atravessar pelo cenário. Blaze Fielding é a personagem mais rápida e ágil mas não é forte como os outros personagens. Essa distribuição dos atributos traz bastante equilíbrio na jogatina.

A ambientação neste título ficava concentrado na cidade, mas possui bastante variedade. Durante a jogatina, os protagonistas se deslocam entre becos, praias, pontes e fábricas, e todos os cenários são bem apresentados. Apesar da apresentação visual ser bem produzida, ela não possui muito detalhamento e algumas áreas parecem bem vazias e frias.

Axel e Blaze em uma corrida cooperativa.

A trilha sonora dispensa comentários. Ela foi produzida pelo lendário compositor da Sega, Yuzo Koshiro. Ele explorou muito bem o potencial sonoro da Mega Drive e compôs batidas eletrônicas de estilo “dance” e “disco”. As melodias em cada fase transmitem as sensações sentidas pelos jogadores durante as lutas, o que contribui na produção de adrenalina e motivação para superar os obstáculos impostos pelas levas ininterruptas de inimigos.

Uma novidade na época que pegou os jogadores de surpresa foi a possibilidade de escolhas no final do jogo. Quando um dos protagonistas chegasse na sala do Mr. X, ele dava duas escolhas ao jogador: Se tornar um aliado ou encará-lo até a morte. Essa novidade não somente adicionou no quesito de rejogabilidade como trouxe diferentes formas do jogador refletir sobre o enredo do jogo.

O primeiro Streets of Rage se tornou um clássico do Mega Drive e seu sucesso repercutiu de forma positiva tornando-se influente na indústria de jogos. A Sega não perdeu tempo e logo no ano seguinte lançou sua sequência que prometia ampliar ainda mais os elementos exitosos do primeiro jogo. 

PROS:

  • Jogabilidade;
  • Trilha sonora;
  • Enredo.

CONS:

  • Pouco detalhamento dos cenários;
  • Variedade limitada dos inimigos.

NOTA: ☕️☕️☕️☕️☕️

PLATAFORMAS:

  • Sega Mega Drive;
  • Sega Master System;
  • Sega Game Gear;
  • Nintendo Wii;
  • Nintendo 3DS;
  • Nintendo Switch (plataforma analisada);
  • Playstation 3;
  • Playstation 4;
  • Playstation Portable;
  • Xbox 360;
  • Xbox One;
  • iOS;
  • Android.

Streets of Rage é um clássico do gênero briga de rua e trouxe muita personalidade com sua trilha sonora de qualidade e ótimo sistema de combate.


Inside Xbox – Todos os anúncios

Inside Xbox terá Smart Delivery e jogos otimizados para Xbox Series X

Hoje tivemos um breve Inside Xbox. Anúnciado préviamente que não conteria nenhum título exclusivo (essa edição será deixada para os meses seguintes), tivemos algumas surpresas, e alguns novos trailers de jogos já conhecidos. Em ordem de aparência:

Bright Memory Infinite

Criado com inpirações em Bulletstrom e Devil May Cry, Bright Memory pretende ser um First Person Shooter orientado para o máximo de ação possível.

O jogo já está disponível para Steam, com a atualização do Infinite sendo gratuita para donos da build atual.

DiRT 5

A conhecida franquia de rally volta para mais uma nova iteração.

Scorn

Um survival-horror em primeira pessoa desenhado ao redor da idéia de ser jogado em um mundo sem explicações ou contexto.

Chorus

Contando a história de Nara e sua nave sentiente, Forsaken, em uma jornada de redenção, Chorus é um shooter espacial previsto para 2021.

Madden 21

https://youtu.be/G8GBMVlZ4zE

Vampire the Masquerade: Bloodlines 2

Após 16 anos, finalmente teremos uma continuação para o marcante Immersive Sim baseado no RPG de mesa VtM.

Call of the Sea

Um jogo de aventura ambientado em 1930, Call of the Sea foca em exploração e puzzles para contar sua história.

The Ascent

Um top-down shooter com temática cyberpunk.

The Medium

Apresentando outro survival horror, mas esse com um foco mais no sobrenatural e o assustador, com alguns veteranos e entusiastas de Silent Hill.

Scarlet Nexus

O mais novo JRPG da Bandai Namco Studios foi revelado hoje, com um vislumbre de jogabilidade e ambientação.

Second Extinction

Um FPS cooperativo até 3 pessoas, com o objetivo de retomar a terra de dinosauros mutacionados.

Assassin’s Creed Valhalla

Um segundo trailer para o mais novo título da longa série da Ubisoft.

https://youtu.be/_2ekjt3PnSI

Zangetsu e Randomizer chegarão logo a Bloodstained

Lançado na metade do ano passado, Bloodstained Ritual of the Night revitalizou os Igavanias em uma mistura de nostalgia com algo inédito. O projeto foi financiado por fãs em 2015, e duas de várias promessas eram Zangetsu jogável e um modo Roguelike.

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Porém, esse modo foi cancelado por ser incompatível com o código original do jogo, e então substituido por Randomizer que altera drops, localizações de itens consumíveis, armas e chaves, e até mesmo objetivo de quests, efetivamente adicionando ainda mais rejogabilidade ao jogo.

O patch gratuito está agendado para lançar simultaneamente para PS4, Xbox One e PC em 7 de Maio. A versão de Switch receberá o update até o começo de Junho, mas sem uma data específica ainda.


Streets of Rage 4 – 5 Minutos de soco sem perder amizade

Na atual geração de consoles estamos vendo vários retornos e inspirações vindo dos clássicos, sejam em remakes, continuações, ou projetos indies de homenagem aos velhos títulos. Um beat’em up conhecido como Streets of Rage com certeza é uma adição bem vinda a essa onda, um gênero amplamente ignorado por um bom tempo agora está de volta e atingindo as expectativas.

Desenvolvido pela DotEMU (uma desenvolvedora francesa com foco em remasters e relançamentos), Lizardcube (conhecida por Wonder Boy: The Dragon’s Trap) e Guard Crush Games (um estúdio independente com foco em beat’em ups); o renascimento da franquia da SEGA veio de estúdios com prestígio na área. Quando se trata de nostalgia e continuação, Streets of Rage 4 entrega quase tudo com perfeição. Os visuais 2D desenhados a mão são o balanço ideal entre visuais de alta fidelidade sem perder o charme de sprites da época. Suas animações são fluídas, sua paleta de cores e design é extremamente funcional e aditivo a jogabilidade, e falando nela, também há um balanço similar de clássico e inovação. A partir do momento que tomamos controle, o jogo passa o sentimento de Streets of Rage imediatamente, mas ainda há o que aprender e se adaptar. Especiais continuam gastando a barra de vida como de costume, mas agora é possível recuperar esse custo ao causar dano com golpes normais. Cada personagem tem acesso a habilidades distintas e se sobressaem de diferentes formas.

A trilha sonora também não decepciona seu legado, misturando as batidas clássicas com instrumentos acústicos e eletrônicos para dar um sentimento único para cada tela. O design auditivo dinâmico é perfeito para acompanhar o progresso nas telas.

https://youtu.be/kptavMAJbn8?list=PLrPlDkeGYwPmLfZwNAy5d0aVx4QO9cTXT

O maior real problema que o jogo tem é no seu conteúdo. São 12 capítulos, o que o faz o maior jogo da série messe quesito, mas fora a repetição desses estágios há pouco o que se fazer. O placar acumulado de várias tentativas serve como uma “barra de experiência” que age como um progresso para liberar personagens e alguns extras. Não há finais alternativos, rotas diferentes, modos de jogo únicos (fora um Boss Rush). A maior parte do conteúdo se concentra em Modo História ou Arcade, que funcionam de forma idêntica fora o fato que Modo História te permite salvar e continuar no caso de uma derrota.

Isso não significa que não há nada o que fazer, afinal de contas é exatamente o que todos os jogos do gênero sempre tiveram. Porém ainda é decepcionante que este lado não recebeu uma evolução que poderia o fazer se destacar do resto.

Há também alguns problemas de balanceamento na dificuldade, inimigos com Super Armor são muito mais frequentes nesse título, e para um jogo sem nenhuma habilidade defensiva como guarda, esquiva ou parry, se torna estranho lidar com esse tipo de inimigo. Posicionamento é mais importante do que nunca, e apesar de adicionar mais uma camada de habilidade a jogabilidade, ainda é algo que causa uma certa estranheza ao se adaptar.

Do lado técnico, a única falha é o netcode que causa alguns soluços quando jogado online, e um sistema que faz com que os dois jogadores voltem para o menu e percam seus respectivos progressos sem nem tentar reconectar ou continuar jogando offline.

Falando nisso, porém, vale mencionar que é um ótimo jogo para se jogar com amigos. ESPECIALMENTE com fogo amigo habilitado. (Estejam avisados, volume alto)

Sobre o port de PC

Essa seção provavelmente é mais agradável quando curta, e para Streets of Rage 4 esse é exatamente o caso. Tem suporte para controle e teclados junto com reconfigurações de botões, nenhum problema gráfico ou qualquer instabilidade. Fora a falta de suporte para Ultrawide, o port é perfeitamente estável.

PROS:

  • Um bom balanço entre nostalgia e inovação;
  • Excelente trilha sonora;
  • Controles responsivos e satisfatórios de se aprender;
  • Ótimos visuais 2D, tanto em funcionabilidade quanto beleza;
  • Modo cooperativo adiciona muito valor ao jogo.

CONS:

  • Pouco conteúdo faz com que o jogo só tenha apelo para os fãs inveterados do gênero;
  • Alguns problemas no balanceamento na dificuldade;
  • Netcode instável e um sistema de desconexão péssimo.

NOTA: ☕️☕️☕️☕️

Plataformas:

  • PC – Steam / GOG / Windows Store (plataforma analisada);
  • PlayStation 4;
  • Xbox One;
  • Nintendo Switch.

Não só a volta de um clássico, uma tentativa de fazer algo novo e evoluir. Apesar de bem sucedido na maior parte, espero que só melhore a partir daqui, pois o jogo ainda tem muito espaço para crescer.


Summer Game Fest – Meses de comemoração de jogos

Geoff Keighley, o apresentador mais conhecido como o anfitrião da The Game Awards, anúnciou hoje o projeto Summer Game Fest, uma temporada digital de vários eventos com duração planejada de 4 meses (De Maio a Agosto) com vários anúncios e trailers, eventos dentro de jogos, e alguns conteúdos jogáveis como demos.

No momento apenas temos o anúncio e o site oficial onde é possível se inscrever para notícias assim que a “temporada” começar oficialmente. Geoff também abriu um “Ask Me Anything” no Reddit para responder algumas perguntas do festival.

Eu acho que é uma visão meio “old school”, aquela de que tem um grande momento por 90 minutos onde desligamos as luzes e vemos o que teremos nos próximos anos. Hoje em dia é mais algo mais tipo “Temos grandes notícias vindo e vamos mostrar tudo conforme passa o dia”. Como a Riot fez com Valorant, ou a nova temporada de Fortnite. Não é um evento voltado para imprensa, mas ainda é algo que recebe a mesma cobertura. Sim, é difícil manter o momento por tanto tempo assim e eu não quero que as pessoas pensem que vai ser um evento condensado. É mais como um concerto, tem dias fracos e dias intensos. A chave é organizar as coisas de formas que elas vão acontecer, e que vão ser importante.

Geoff Keighley