Gleamlight é um jogo de plataforma desenvolvido pela Dico e distribuído pela D3 para Playstation 4, Nintendo Switch, Xbox One e PC.
O jogo conta a história de Gleam, um guerreiro capaz de absorver luz. Sua jornada se inicia quando decide adentrar uma caverna repleta de seres mecânicos para recuperar algo que ficou anos perdido.
O enredo é um dos pontos altos do jogo. Em nenhum momento aparece explicação do que está acontecendo. Todos os eventos são deixados para que o jogador possa interpretar da sua maneira. Um dos atrativos de sua narrativa foi a utilização da quebra da quarta parede e pegadinhas que trazem uma imersão ao universo do jogo.
Os visuais do jogo são bem agradáveis. Cada cenário é bem detalhado com cores bem fortes. Apesar dessa beleza artística, o número de fases é bem restrito deixando cansativo a jogatina.
A trilha sonora foi bem trabalhada. A música ambiente é envolvente correspondendo adequadamente com o cenário retratado. Destaque a canção tema do jogo que transmite com perfeição o sentimento por trás das principais cenas da trama.
A jogabilidade se assemelha a de “Hollow Knight”. O protagonista precisa derrotar chefes para absorver seus poderes com objetivo de atravessar novos cenários. A cada inimigo derrotado, Gleam é capaz de absorver sua vida e esse sistema vale também quando seus oponentes o ataca. O medidor de vida de cada indivíduo do jogo é seu brilho, no momento em que se apaga acaba falecendo. Apesar de apresentar conceitos metroidvanianos, o jogo não o aprofunda. Ao decorrer da jornada, o protagonista atravessa os mesmos cenários em situações diferentes. O jogo só apresenta uma nova aérea somente nos minutos finais da jornada.
Além dessas limitações, o jogo foi mal arquitetado. A alocação dos inimigos em espaços curtos evidência falta de planejamento na curva de dificuldade do jogo. Outro problema é a inteligência artificial dos chefes que é previsível. É possível derrota-los sem esforço explorando o ponto cego de cada oponente.
Na questão técnica, o jogo possui queda de quadros quando o protagonista é atingido pelos inimigos, o que ocasiona travamentos constantes durante os combates.
Gleamlight possui ideias interessantes no seu enredo mas foi mal executado. Os problemas na estrutura das fases e na inteligência artificial dos oponentes prejudicam a experiência.
PROS:
Narrativa interessante;
Cenários bonitos.
CONS:
Repetição de fases;
Travamentos durante o combate;
Desenho das fases mal feito;
Inteligência artificial previsível.
NOTA: ☕️☕️
PLATAFORMAS:
Playstation 4 (Plataforma analisada, chave concedida pela D3 publisher);
Xbox One;
Pc;
Nintendo Switch.
Gleamlight possui ideias interessantes no seu enredo mas foi mal executado. Os problemas na estrutura das fases e na inteligência artificial prejudicam a experiência.
The Ambassador: Fractured Timelines é um jogo de tiro com elementos RPG desenvolvido pela TinyDino Games e distribuído pela The Quantum Astrophysicists Guild para Playstation 4, Xbox One, PC e Nintendo Switch.
O protagonista do jogo se chama Gregor e ele é o embaixador do Reino de Tamaris. Seu objetivo é arregimentar os diferentes grupos étnicos e políticos presentes no reino. A história começa quando ele acaba de finalizar seus treinos com sua mestre, a maga Cat. No meio do exercício, Cat recebe o aviso que a capital foi atacada por um grupo não identificado. Os dois vão em direção a capital, mas são encurralados pelos invasores. Cat ficou fisicamente incapaz de defender o reino e passa o poder de congelar o tempo para Gregor para que ele possa ter êxito na defesa do reino.
O enredo é bem simples e previsível. Apesar disso foi interessante o incentivo feito pelos desenvolvedores para que o jogador possa aprofundar sobre o universo do jogo. Em cada fase possui livros espalhados que contam a história de cada facção política e criatura presente no jogo.
Os visuais são em estilo retrô com estética pixelada. O estilo artístico é básico sem muito esplendor, mas é compensado com a variedade de cenários em cada mundo explorado pelo jogador.
A trilha sonora não teve a devida atenção e se baseou em composições genéricas de temática medieval. Único destaque aparece somente na batalha contra o último chefe que teve arranjos mais sofisticados.
A jogabilidade tem estilo bem frenético e exige agilidade e precisão por parte do jogador. A mecânica de congelar o tempo é bem útil nesses momentos para calcular o melhor momento de atacar e desviar. Em cada fase, o jogador recebe novas armaduras, armas e cajados mágicos. A variedade é grande mas poucas se diferenciam em termos de dano e efeitos adicionais. Os inimigos são desafiadores e atacam em horda para testar os reflexos do jogador. A dificuldade é bem elevada e chega a ser bem frustrante nas fases finais pelo excesso de apelação dos inimigos.
Ao finalizar o jogo é desbloqueado um novo modo de jogo. Essa modalidade é de sobrevivência que se assemelha ao modo zumbi do “Call of Duty”. O jogador tem que sobreviver á varias ondas de inimigos e cada oponente derrotado gera pontos que podem ser utilizados para comprar armas e desbloquear novas áreas.
The Ambassador possui uma jogabilidade divertida e desafiadora que instiga o jogador a querer prosseguir a jogatina. A simplicidade artística e sonora do jogo, e a dificuldade elevada não estimula novas investidas no título.
PROS:
Universo do jogo bem documentado;
Jogabilidade divertida;
Variedade de inimigos;
Modo sobrevivência.
CONS:
Visuais desestimulantes;
Trilha sonora genérica;
Pouca variedade nos equipamentos;
Dificuldade apelativa.
NOTA: ☕️☕️☕️
PLATAFORMAS:
Playstation 4;
Xbox One;
Pc(Plataforma analisada, chave concedida pela TQAG);
Nintendo Switch.
The Ambassador possui uma jogabilidade divertida e desafiadora que instiga o jogador a querer prosseguir a jogatina. A simplicidade artística e sonora do jogo e a dificuldade elevada não estimula novas investidas no título.
Best Friend Forever foi anunciado há um bom tempo. A proposta do título era ser um simulador de pets com elementos de visual novel e dating sim, onde você poderia adotar seu cachorro e cuidar, brincar e o crescer. O jogo começa com um teste de personalidade para criar seu personagem, com mínimas opções de customização visual que o jogo tanto enaltece. O teste de personalidade é para criar conta em um “site de relacionamentos e encontro de cachorros”, que logo você terá oportunidade de adotar.
Uma vez introduzido na cidade de Rainbow Bay, você vai a veterinária local adotar seu pet. Lá você possui uma certa variedade de bichos nos quais você pode adotar e então nomear, é explicada sua missão nas próximas 15 semanas (que são a duração do jogo) – cuidar e treinar seu cachorro para uma avaliação canina (que está longe de ser um propósito no jogo). A partir daí, você conhece diversos personagens via este site de relacionamentos, faz amizades, sai para conhecer a cidade e os diversos cachorros – tudo isso em uma visual novel interativa.
O jogo divide-se nesses momentos de interação humana e animal. No começo da semana você programa suas atividades para o decorrer da semana, cada atividade melhorando um aspecto do cachorro e alterando seu humor, higiene e outros, porém de maneira relativamente superficial. A parte mais interativa envolve dar alimentos, brincar, dar banho no cachorro, porém limitado a três itens por SEMANA (itens individuais, como ensaboar, dar biscoitos ou lavar o cachorro), o que é muito pouco pelo que o jogo se propõe e oferece. Ao longo das interações humanas, seu cachorro fica na tela, como se te acompanhando e participando da conversa. Frequentemente você precisa cuidar dele, catar cocô, impedir que avance nos outros personagens, mas é algo que mais briga pela atenção do jogador que complementa ao longo do mesmo.
As interatividades humanas do jogo são o verdadeiro foco do jogo, apesar de pouco demonstrado nos trailers. O jogo tem objetivo de ser um simulador de namoro, porém possui um cast minúsculo de personagens e apenas uma fração desta é “namorável”. O jogo apresenta interessante diversidade de personagens, entre raças, sexualidades e interesses pessoais, mas nenhum deles se aprofunda o suficiente para serem cativantes, além de um visual completamente incompatível com a arte do resto do jogo, que busca ser suave e minimalista – personagens parecem sair direto de um jogo flash baseado em The Sims. O jogador, felizmente, possui escolha entre quem vai interagir, se aproximar e se divertir, porém a maioria dos eventos são apenas descritos por texto ao longo do jogo. Isto inclusive consegue estragar a visão do jogador da maioria dos personagens, pois suas apresentações conseguem ser extremamente desconfortáveis com comentários sobre os corpos dos mesmos. A variedade visual dos eventos também é mínima mesmo com diversos ambientes construídos, mudando no máximo a expressão visual do rosto dos personagens.
Ao longo dessas quinze semanas, o jogador possui um check-up de seu animal ocasional, o que avalia o desempenho do jogador, mas não trás muita recompensa ou motivo para tal momento acontecer. É criada uma sensação progresso muito rasa que também ocorre ao final do jogo, mas o progresso na história do jogo (algo nada relacionado ao cachorro) parece ter muito mais peso no desenvolver do jogo. Falando em peso, nas interações com os animais, o jogo possui alguns bugs gráficos, como inverter a mão na hora de clicar para acariciar o bicho, além de animações fracas que não sejam as do próprio bicho. O jogo também suporta toque de tela no Nintendo Switch, o que é bem melhor que o controle por analógicos que é transformado em um mouse (houve pouca adaptação pro que o console tinha a oferecer). Ao encerrar a história (que dura aproximadamente uma hora), o jogador não sente conquista alguma com o que jogou, apesar dos bons momentos com o cachorro que infelizmente foram limitados para acrescentar outros aspectos mal desenvolvidos.
PROS:
Cachorros maravilhosos e bem feitos;
Interessante manutenção de recursos;
Proposta única;
Liberdade de escolha.
CONS:
Dating simulator fraco;
Personagens nada carismáticos;
Duração mínima;
Problemas gráficos e artísticos;
Limitação sem sentido na hora de cuidar do animal;
Jogo tenta ser múltiplas coisas ao mesmo tempo e não faz nada verdadeiramente bem.
NOTA: ☕☕
PLATAFORMAS:
Nintendo Switch (plataforma analisada, chave concedida pela Alliance Media);
PC/Mac.
Best Friend Forever tem uma premissa muito interessante, mas sua tentativa de alcançar múltiplos objetivos acabou atrapalhando sua ideia original. Sua duração apesar de MUITO pequena, incentiva múltiplas jogatinas, mas a falta de carisma de tudo no jogo que não sejam os animais quebra esse incentivo.
The Revenant Prince foi anunciado há algum tempo como uma tentativa de trazer o estilo de RPGs antigos com modernidade em novas mecânicas que são um sopro refrescante de vento de começo de primavera. O título chegou e recebemos o mesmo para análise.
Revenant Prince começa com um grande dilema moral. Personagens carismáticos são apresentados, e uma escolha de peso é jogada na mão do jogador em suas primeiras interações. Essa escolha será frequentemente discutida ao longo do jogo, entre velhos e novos personagens, todos únicos e memoráveis. Esta diferenciação entre personagens traz inspirações de Undertale, mas definitivamente são bem trabalhados para serem únicos em seu próprio estilo.
A história é extremamente intrigante e traz frequentemente plot twists que mudam a direção da história. O mundo é rico e sua exploração é extremamente incentivada. A mesma possui side quests de pequeno e médio porte que podem sim extender a duração do mesmo e até auxiliar em missões mais difíceis ao longo do jogo. É essencial aqui que se segure o máximo de spoilers possível, mas é de se afirmar que o jogo cativa e motiva o jogador a seguir adiante e sim, jogar múltiplas vezes.
A jogabilidade de exploração é tão tradicional quanto puder ser. O jogo aparenta ser desenvolvido em RPG Maker com múltiplas alterações para o torná-lo único, o que é louvável, mas ainda encontra limitações do motor que prejudicam tanto o jogador a explorar quanto gerenciar seu jogo salvo (não há salvamento automático, o que custou nosso precioso tempo rejogando partes do jogo).
O combate é facilmente uma das melhores partes do jogo. A jogabilidade é feita em batalha de tempo real, onde o jogador possui três armas, cada uma com seus tipos de ataques e defesas, e uma barra de carregamento para cada. Essa barra é o custo que o jogador terá para tomar suas decisões de ataque que serão mais que essenciais para determinar sua vitória – que pode ser determinada por “poupar” seu inimigo ou derrotá-lo. Também é possível definir a porcentagem de aparição de inimigos selvagens.
O jogo possui um bom sistema de upgrade, tanto de habilidades do personagem quanto de equipamentos. O sistema de upgrades de esfera, que melhora as atualizações do jogador, é recompensante e rápido de usar, porém só te permite fazer uma esfera por vez, o que é uma limitação sem sentido.
Para finalizar, a arte do jogo é tão única quanto sua história. Cidades bem movimentadas, personagens diferentes e únicos, tudo isto consegue vir a vida com seu design compatível em todas suas sessões acompanhada de uma trilha sonora muito bem colocada.
PROS:
Combate em tempo real;
História intrigante, variada e única;
Personagens mais que carismáticos;
Arte;
Mundo bem desenvolvido.
CONS:
Sistema de esferas;
Limitações da engine.
PLATAFORMAS:
PC (plataforma analisada, chave concedida por Nomina Games)
NOTA: ☕☕☕☕
The Revenant Prince é um RPG que não deve ser ignorado. Feito por uma minúscula equipe na Indonésia, o jogo conta com um universo único e uma jogabilidade incrível.
Eternal Castle é um jogo de ação e aventura desenvolvido pela TFL Studio e distribuído por Playsaurus no ano de 2019, para Microsoft Windows, Linux e Mac OS. Em 2020, uma versão ampliada foi lançada para o Nintendo Switch.
O chamariz do título se deve a proposta de remasterizar um clássico perdido desenvolvido originalmente para MS-DOS, na década de 80. Segundo os desenvolvedores, o jogo em si nunca chegou a ser lançado e se basearam no protótipo que tiveram contato na época. A estética da obra se assemelha com os clássicos da plataforma como “Prince of Persia” e “The Oregon Trail”.
O jogo começa com um texto ilegível explicando o contexto da trama. A fonte escolhida tem como intuito manter a fidelidade visual da época. Ao fazer um pequeno esforço é possível entender que o cenário é pós-apocalíptico. Grande parte da população da terra migrou para planetas próximos no sistema solar com objetivo de criar colônias auto-suficientes. Com o tempo os recursos nas colônias foram se esgotando e conflitos sociais dominaram o ambiente. Equipes foram montadas em cada colônia para procurar por recursos no planeta terra. Quando a última equipe de exploração não deu retorno, uma pessoa decide ir sozinha até o planeta terra procurar por seus amigos.
A história é bem misteriosa e envolvente. Possui poucos textos ou explicações do que está acontecendo em cada fase. Os cenários ajudam a dar imersão e as junções de cores aproveitam os gráficos retrôs para fornecer cenários marcantes.
As composições sonoras lembram as trilhas sonoras de clássicos da ficção científica da década de 80. Aparecem somente em momentos muito específicos geralmente em batalhas contra chefes. No geral contribuem no enriquecimento da atmosfera do jogo.
A jogabilidade é praticamente idêntica ao “Prince of Persia” original. Busca simular uma movimentação realista no deslocamento e na realização de ações ofensivas. Parece uma ideia interessante manter o esquema clássico mas na prática frustra bastante. A movimentação é imprecisa, o que dificulta realizar ações como pegar itens e atacar os inimigos. Os itens que podem ser coletados dão melhorias ao personagem como aperfeiçoamentos no ataque e aumento na capacidade de munição.
Na versão de Nintendo Switch foi adicionado dois novos modos de jogo para expandir a durabilidade. “Sacrifício” conta o ponto de vista de um dos inimigos que o protagonista enfrenta e “Duelo” adiciona combate PvP para dois jogadores e contra o computador.
Durante a jogatina apareceram alguns problemas técnicos, o mais notável foi quando o personagem afundava sozinho para o “Inferno Azul” do jogo. Infelizmente isso acontecia com certa frequência, principalmente durante a batalha final.
Apesar de não ser uma remasterização habitual, o presente título apresenta definições novas ao conceito. A ideia do projeto foi trazer a tona este estilo de jogo que ficou anos esquecidos. Somente este fator pode ser um atrativo para quem deseja buscar novas interações.
PROS:
Enredo misterioso;
Trilha sonora nostálgica;
Visuais lindos;
Proposta diferenciada.
CONS:
Problemas técnicos que prejudicam a progressão;
Controles imprecisos.
NOTA:☕️☕️☕️☕️
PLATAFORMAS:
Microsoft Windows;
Mac OS;
Linux;
Nintendo Switch (plataforma analisada, chave concedida pela Playsaurus).
Apesar de não ser uma remasterização habitual, o presente título apresenta definições novas ao conceito.
Yakuza é uma franquia com um distinto prestígio a essa altura. Não chega a ser exatamente de nicho já que conta com bons números de vendas e até um meme recente, mas também nunca chegou ao mainstream, especialmente no Brasil que nunca recebeu uma tradução para português.
Para quem não conhece nada sobre a saga, Yakuza é uma franquia de “ação-aventura” que é constantemente referida como beat’em up mas que é na verdade um RPG. Com certeza desafia descrições, mas é esperado tendo em vista que é uma série única no que faz. Seu maior diferencial é seu mapa que ao invés de focar em tamanho e multitude de colecionáveis é pequeno e denso com atividades.
Geralmente focados no distrito de Kamurocho (uma versão fictícia da cidade real Kabukicho) temos várias lojas, restaurantes, bares e estabelecimentos de entretenimento que fazem parte integral do jogo. As várias subquests fazem uso total dos itens e atividades encontrados em lojas, arcades e casinos espalhados pela cidade.
São jogos que tanto a jogabilidade quanto o cinemático são extensos, é possível passar um dia inteiro apenas fazendo missões secundárias, jogando fliperamas e casinos e procurando briga nas ruas; ou maratonar horas de cinemáticos e pilhas de caixas de diálogo ao se aderir primariamente a história principal.
E por fim, o combate. Um dos maiores erros do jogo é se apresentar como um beat’em up onde combos são importantes e habilidade é favorecida, pois o combate é puramente enraizado em mecânicas de RPG como habilidades desbloquáveis, pontos de status, itens de cura, equipamento e uma sequência correta de ações. Não que o combate seja ruim, mas para quem pega o jogo esperando um combate mais fluído e primariamente guiado por habilidade com certeza vai se decepcionar.
Porém, tudo isso são apenas descrições gerais que englobam toda a série. Como o Kiwami 2 em específico se encaixa nisso? Há três lados diferentes para se analisar, como um remake de um clássico, como uma continuação de uma nova saga, e por mérito próprio.
Como remake
Mais de 10 anos separam Yakuza 2 original e seu remake. Nesse tempo a indústria evoluiu imensamente, não seria surpreendente se várias coisas mudassem, porém o jogo se mantém bem próximo do jogo de PS2. A história e cinemáticos estão idênticos em boa parte, fora a óbvia melhoria gráfica para a geração atual. A maior mudança foi a remoção do trecho de Shinseicho que foi movido para outra cidade e os estabelecimentos também realocados, mas fora a isso pouquíssimo foi alterado.
O combate foi substituído para o modelo usado em Yakuza 6, os diferentes estilos presentes em 0 e Kiwami 1 foram removidos em prol de um modelo meio musou que lembra mais os jogos de PS2. Os inimigos permanecem similares ao original, o que as vezes é um ponto negativo pela forma que a IA se comporta em um jogo moderno.
As músicas também foram remixadas, e como um tópico subjetivo fica difícil dizer se para o melhor ou não, apesar de o consenso ser geralmente negativo. Fora isso não há muito o que se dizer, revisitar Kamurocho e os vários personages de Osaka em alta definição é uma ótima sensação que a RGG Studio acertou com maestria.
Como continuação
Partindo de Kiwami 1, a maior diferença vem no uso da Dragon Engine, uma ferramenta própria do RGG Studio usado em Y6 Song of Life. A engine é impressionante em vários quesitos técnicos como visuais, framerate (para computadores), draw distance, carregamento de um mapa único e (as vezes) a física. Porém o combate é extremamente divisivo entre a fanbase pelas drásticas mudanças.
Descartando completamente o sistema de posturas diferentes e refazendo do zero o sistema de experiência por um muito mais complexo, com certeza jogadores que partirem do Kiwami 1 para Kiwami 2 em prol de jogar a série em ordem cronológica talvez não se adaptem as mudanças, especialmente que 3, 4 e 5 não ganharão versões Kiwami.
Apesar do jogo acertar na essência da série, a mudança pode ser brusca e um pouco desanimadora para alguns.
Por mérito próprio
Como um jogo separado de suas origens, Kiwami 2 pode ser um bom ponto de partida para quem gostaria de ver sobre o que é a série. Oferecendo muitas horas de conteúdo com as várias atividades, sub-quests e até mesmo na história principal, é uma ótima escolha para quem gostaria de um jogo mais comprido que oferece bastante o que se fazer pelo preço.
E mesmo desconsiderando toda a bagagem que a série carrega, o combate ainda precisa ser mencionado pelos seus erros. Como dito anteriormente, a física é uma das melhorias trazidas pela Dragon Engine exceto nas lutas. Qualquer golpe final, seja seu ou do inimigo, irá mandar o alvo voando pelo mapa das formas mais cômicas e surreais possíveis. Isso não só destrói toda a atmosfera do jogo por quebrar completamente o realismo e peso que todo o resto tem, mas também atrapalha a jogabilidade por não ter um sistema de lock-on e precisar girar a câmera constantemente para ver aonde foram os inimigos.
Não se tratando apenas de problemas visuais, várias batalhas de chefes têm sérios problemas de balanceamento, sendo necessário encontrar e repetir uma certa sequência de ações que é o único momento que o inimigo está vulnerável. Isso forma um ciclo que não é muito satisfatório no começo, e perto do final você ganha tantas habilidades que todas as lutas terminam em momentos apenas usando suas melhores armas e heat actions.
Tirando esse deslize, o resto do jogo está muito bem feito e extremamente satisfatório de se jogar. O combate pode ser um grande aspecto do jogo, mas não grande o suficiente para ser prejudicial a experiência no geral. Como costume também há uma recapitulação dos eventos anteriores seja tanto para habituar novos jogadores quando relembrar quem está voltando a série.
Sobre o port de PC
Recentemente Yakuza Kiwami 2 chegou a Game Pass para Xbox e PC. Testamos a versão da Microsoft Store que é a mesma utilizada pelo app da Game Pass.
O port roda perfeitamente, o que é uma agradável surpresa tendo em vista que PSO2 teve vários problemas em sua integração com a MS Store. As opções de vídeo são padrões para PC, é possível desbloquear o framerate por completo caso o hardware suporte, controles para Mouse e Teclado são customizáveis e bem feitos, apesar de que o estilo de jogo ainda seja muito mais voltado para um controle.
A melhor coisa para essa seção é quando ela é curta, e é exatamente o que Kiwami 2 conseguiu. É um port estável e competente no que faz. Uma surpresa com certeza, sendo de uma desenvolvedora japonesa E na MS Store todo jogador de PC esperaria vários problemas, mas o estúdio Polonês QLOC o entregou em ótimas condições.
PROS:
Muito conteúdo pelo preço;
Qualidades técnicas impressionantes;
Um bom remake que respeita o legado da série;
Port estável e completo;
CONS:
Combate;
Péssimo lock-on e uma câmera estranha;
Física durante o combate é risível.
PLATAFORMAS:
PlayStation 4;
PC – Steam / Microsoft Store (Plataforma analisada, chave gentilmente concedida por SEGA);
Xbox One.
NOTA: ☕️☕️☕️☕️
“Uma das séries mais únicas dos games, Kiwami 2 como sempre traz seus altos e baixos já esperados por qualquer fã da saga. É um ótimo exemplar de cultura japonesa minimamente alterada para o ocidente.”
Elden: Path of the Forgotten é um jogo de ação e aventura desenvolvido pela Onerat e distribuído pela Another Studio para Playstation 4, Nintendo Switch, Xbox One e PC. O jogo buscou trazer os elementos soulslike que se popularizaram nesta última geração com uma estética retrô.
O enredo fala sobre a jornada de Elden em um mundo fantasioso. Ele está sofrendo de depressão por conta de sua mãe ter sido sugada por um portal misterioso. Elden terá que desbravar cenários infestados de monstros inspirados nos contos de Lovecraft para resgatar sua mãe desse mundo obscuro e desconhecido.
Momento inicial da empreitada de Elden.
A história do jogo é muito inspirado no estilo de narrativa adotado por Fumito Ueda e nas obras de Hidetaka Miyazaki. Nada é explicados diretamente ao jogador deixando um ar misterioso para a trama. Inclusive os locais e eventos são apresentados por uma língua fictícia deixando mais dúvidas no ar. Esses elementos adotados contribuem para manter a curiosidade do jogador sobre o enredo.
O estilo de jogo não foge do padrão estabelecido pela série souls. Durante o combate exige cálculos precisos na hora de esquivar e atacar. Os inimigos mais fracos do jogo infligem muito dano, o que força o jogador a dominar a arte de esquiva e contra ataque. No geral, o jogo não apresenta muita dificuldade com exceção dos chefes de cada fase. O maior desafio do jogo é encarar seus problemas técnicos.
Preocupante a quantidade de defeitos técnicos presentes durante a jogatina. A maioria impossibilita o progresso no jogo. Os principais reside nos inimigos, estes que ficavam com vida infinita ou acabavam presos em algum objeto no cenário. A situação se agravava quando o jogo forçava combates em arena, onde o jogador tinha que limpar todos os oponentes da área para avançar. Era frequente esses problemas aparecerem justamente no último inimigo, o que impossibilitava sair da arena e continuar o progresso no jogo.
Elden encarando um dos chefes do jogo.
Os cenários são simplórios. Não apresentam detalhes informativos sobre o universo em que está situado como nos outros jogos desse gênero. Além disso tem pouca variedade e possui somente três cenários diferentes no jogo inteiro.
A pouca variedade se expressa também na duração do jogo. De primeira é possível terminá-lo em menos de duas horas, o que pode variar é o tempo que cada jogador leva para dominar o combate, mas não é nada impossível de pegar o jeito.
A trilha sonora é bem ausente. Somente aparece durante alguns combates. Na maior parte da jogatina predomina o som ambiente.
PROS:
Enredo misterioso;
Combate estilo soulslike.
CONS:
Problemas técnicos;
Cenários sem graça;
Curta duração;
Pouco desafiador.
NOTA: ☕️☕️
PLATAFORMAS:
Microsoft Windows;
Nintendo Switch (plataforma analisada; chave concedida por Jesús Fabre);
Playstation 4;
Xbox One
Elden: Path of the Forgotten possui uma proposta interessante em trazer os elementos soulslike em uma atmosfera retrô 16 bit, mas os problemas técnicos e a curta duração prejudicam o interesse em investir nessa jornada.
Carrion é um jogo de sobrevivência aterrorizante desenvolvido pelo estúdio polonês Phobia Studio e Distribuído pela Devolver Digital para Nintendo Switch, Xbox One e PC. O chamativo do jogo é a experiência de terror reversa onde o jogador controla a criatura perseguidora.
A criatura se libertando da cápsula de teste.
A história gira em torno de uma criatura misteriosa que estava sendo usada para experimentos na Relinth Laboratories. Quando o monstro se liberta da cápsula de testes, ele vai precisar usar todas suas habilidades para passar por cima dos obstáculos e conseguir sua tão sonhada liberdade.
O enredo pode parecer muito simples, mas com a adição de lembranças do passado ajuda a situar melhor os acontecimentos e até entender as motivações da criatura. Além disso os cenários são bem construídos e cheios de informações adicionais que contribuem para a narrativa.
A jogabilidade é no estilo Metroidvania. O mapa é enorme e interconectado, o que obriga o jogador fazer várias voltas para pegar os itens e habilidades necessárias para destravar cada ambiente do jogo. A criatura possui três tamanhos diferentes. E cada tamanho possui uma habilidade específica. Em certas situações para avançar é preciso fazer um quebra-cabeça que exige aumentar ou diminuir o tamanho da criatura desovando biomassa em poças rosas. Para ganhar massa corporal a criatura precisa comer humanos e a cada indivíduo consumido sua vida aumenta. O ataque padrão é agarrar os inimigos com os tentáculos e levá-los até sua boca. Ao avançar no jogo, a criatura adquire novas habilidades que aumenta as possibilidades de ataque e infiltração.
Um dos vários quebra-cabeças que envolve a procura de meios para abrir os portões para acessar novos ambientes do laboratório.
Quanto a dificuldade do jogo; não tem grandes empecilhos durante a jornada, o fato de estar controlando a criatura devoradora facilita as coisas por conta dos inimigos enfrentados serem na sua maioria humanos. Os momentos mais desafiantes são durante os confrontos com drones e robôs de artilharia, mas mesmo assim não é difícil derrotá-los.
A movimentação da criatura é bem fluída, cada tentáculo tem fluxo próprio, o que dá a sensação de organicidade ao monstrengo. Apesar disso em certas situações os controles embananam quando exige interação com alavancas ou atacar individualmente um inimigo e durante as fugas a câmera fica meio perdida dificultando a orientação do jogador no cenário.
A direção de arte ficou muito boa. Ambientes variados e bem detalhados, atmosfera aterrorizante e clássica com equipamentos e sangue espalhados pelo cenário e os npc’s reagem bem a situação entrando em pânico e buscando locais para se esconder.
A trilha sonora foi composta por Cris Velasco que ficou conhecido por seu trabalho em Darksiders 3 e Resident Evil 7. As composições no geral contribuem para a imersão no clima do jogo, mas nas cenas de ação foi adotado ritmos bem genéricos.
Carrion é um jogo divertido com uma jogabilidade que instiga o jogador a desbloquear novas habilidades para experimentar diferentes investidas nos inimigos. Para os amantes do gênero “metroidvania” é um ótimo título para se aprofundar nos labirintos e explorar cada canto do laboratório de pesquisa.
Pontos de salvamento do progresso no jogo. São importantes também para o jogador readquirir a biomassa perdida depois das batalhas.
PROS:
Proposta de enredo interessante;
Mapa e cenário bem trabalhado;
Jogabilidade viciante;
Exploração.
CONS:
Câmera fica maluca em momentos de adrenalina;
Controle dos tentáculos não corresponde aos comandos em certas situações;
Não apresenta muito desafio.
NOTA: ☕️☕️☕️☕️
PLATAFORMAS:
Nintendo Switch;
PC (plataforma jogada, chave concedida pela Devolver Digital);
Xbox One.
Carrion é um jogo divertido com uma jogabilidade que instiga o jogador a desbloquear novas habilidades para experimentar diferentes investidas nos inimigos. Para os amantes do gênero “metroidvania” é um ótimo título para se aprofundar nos labirintos e explorar cada canto do laboratório de pesquisa.
Jogos de ritmo normalmente estão presos a alguns arquétipos, emulação de instrumentos/dança que geralmente precisam de um periférico para serem aproveitados ao máximo (Guitar Hero, Taiko no Tatsujin, Dance Dance Revolution) e os que usam controles tradicionais de alguma forma diferente (Elite Beat Agents, Maestro! Jump in Music, Superbeat: Xonic). Cada método tem suas vantagens e desvantagens dependendo do que a pessoa prefere jogar, mas essa linha sempre existiu claramente.
Spin Rhythm XD é provavelmente a melhor tentativa de mesclar os dois, fazendo uso de controles nativos de computador (mouse e teclado) e oferecendo uma boa gama de customização para diferentes tipos de controles, é impressionante o nível de engenhosidade apresentado nas mecânicas, especialmente quando as notas que acompanham as músicas são cuidadosamente construídas a mão ao invés de serem geradas proceduralmente como vários jogos do tipo.
Sua idéia é simples, há duas cores para notas e uma terceira “batida” que só é usada em nos níveis difíceis para cima. Para as notas coloridas usa-se o mouse para girar a roda e combinar as cores, apenas as notas maiores necessitam de um clique. Giros e notas sustentadas são auto explicativas. A genialidade desse sistema é o quão bem aplicado ele é com as notas e batidas das músicas, é um caso no qual o produto final é maior do que a soma de suas partes, e mesmo não precisando de nenhum periférico o jogo ainda te passa a sensação de que você está tocando um instrumento, o que é algo raríssimo quando se trata desse gênero.
Fora isso, é impressionante o nível de polimento e capricho presente. Apesar de funcionar perfeitamente com mouse e teclado, também há suporte pra alguns aparelhos de DJ MIDI, controles, e inclusive suporte ao sensor de movimento e touchscreen de um DualShock 4. E junto com várias opções de configuração de controles, também há uma impressionante gama de opções de acessibilidade, seja velocidade da pista, intensidade do brilho, efeitos de fundo, cores das notas e dicas visuais. Nenhuma dessas opções afetam negativamente o placar pois elas não alteram a dificuldade do desafio em si, apenas servem para adaptar a interface para algo que o jogador se sinta confortável. Fora das opções também temos uma leaderboard curada sem placares hackeados infestando os primeiros lugares, uma integração nativa com Spotify que te leva diretamente para a música que acabou de jogar se quiser ouvi-la novamente, e várias atenções a detalhes na interface.
Para um produto ainda em desenvolvimento (identificado como Early Access na Steam), o jogo já conta com conteúdo o suficiente para justificar o seu preço com 36 músicas jogáveis (no momento de escrita dessa análise) em 5 níveis de dificuldade diferentes, um modo online com uma rádio que seleciona músicas aleatoriamente para um time de jogadores (de acordo com o desenvolvidor, esse modo ainda será refeito antes do lançamento final do jogo), desafios diários e semanais para quem gosta da competição do dia a dia, e um modo de criação de músicas (que também está sob desenvolvimento atualmente).
Juntando tudo isso, temos um jogo muito bem montado que avança o gênero de ritmo usando nada além de criatividade e excelência em seu design. O jogo ainda está em desenvolvimento ativo e não foi “oficialmente” lançado, mas para uma versão temporária e (teoricamente) incompleta, Spin Rhythm XD é um dos melhores no que faz.
PROS:
Ótima seleção de músicas eletrônicas;
Controles responsivos;
Enorme gama de opções de acessibilidade e customização de controles;
Leaderboard curada com placares legítimos;
Integração com Spotify;
Ótimo preço regional;
Desenvolvedores ativos nos fóruns e constantemente atualizando o jogo.
CONS:
Tracklist constitui-se apenas de músicas eletrônicas, efetivamente desencorajando quem não gosta desse gênero;
Alguns efeitos visuais ainda não podem ser desligados.
NOTA: ☕️☕️☕️☕️☕️
Plataformas:
PC – Steam (plataforma analisada);
Nintendo Switch (anunciado para lançamento em 2020 ainda).
Para quem ainda está em dúvida, minha recomendação para Spin Rhythm é simples: Se você tem o mínimo de interesse em jogos de ritmo e gosta de músicas eletrônicas, ele vale cada centavo. Especialmente com um valor internacional de 20 dólares vindo para o Brasil a 38 Reais. E como um dos poucos fãs dos vários tipos de músicas eletrônicas, essa seleção de 36 músicas já tem MUITO o que me manter ocupado.
Shantae é uma franquia antiga. Tendo seu primeiro título no Game Boy Color em 2002, a série de metroidvania focado em transformação da personagem foi a longo prazo construindo um dos títulos mais sólidos dos últimos anos, ressurgindo com um leve reboot da série. Em seu mais recente título, inicialmente lançado para Apple Arcade, Shantae and the Seven Sirens é o ápice da franquia, dominando com maestria todos os seus conceitos apresentados até hoje, com um mundo aberto e rico de segredos para se explorar.
Seven Sirens começa com Shantae e seus amigos indo tirar férias numa ilha paradisíaca misteriosa. Lá, ocorre um festival “Meio-Gênio”, no qual Shantae é convidada a participar. Coisas ruins acontecem, suas férias são interrompidas e ela é convencida a resgatar as novas personagens que foram sequestradas. Cada “Meio-Gênio” tem um poder especial diferente, no qual, ao serem resgatadas, emprestam o dito poder para a protagonista, expandindo suas habilidades e transformações, consequentemente abrindo caminhos novos e explorando o cada vez mais profundo subterrâneo misterioso da ilha.
O jogo conta com um elenco poderoso de personagens bem dublados por nomes relativamente bem conhecidos, como Karen Strassman de Fire Emblem, Cristina Valenzuela de Pokémon e Miraculous Ladybug e Laura Stahl de Promised Neverland. Este elenco é rico e carismático, com personagens dos mais variados tipos cuja presença na história é mais que vital. Nunca Shantae foi tão expansivo, tanto trabalhando seu elenco antigo quanto com novos personagens igualmente importantes, estes personagens que vieram a vida inclusive com animações de corte muito bem elaboradas, contendo trabalho até do lendário estúdio TRIGGER (Tengen Toppa Gurren Lagann [sim], Darling in the FRANXX, Kill La Kill).
A arte do jogo teve um leve redesign, principalmente de personagens e trabalhos estáticos. A arte in-game se manteve relativamente a mesma, com melhorias gráficas, porém um pouco incompatível com a nova arte conceitual do jogo (ambas as artes são de altíssima qualidade, porém não são muito compatíveis entre si). As melhorias artísticas do jogo incluem cenário mais dinâmico, com maior movimentação dos elementos do mapa, além de belíssimos efeitos de luz. O jogo ocasionalmente apresenta animações estranhas e mal sincronizadas com efeitos sonoros, mas são em momentos muito específicos, onde podem ser melhorados com atualizações.
Falando em arte, é imprescindível comentar sobre a trilha sonora deste título. Apesar de não contar com Jacob Kaufman na composição (responsável desde SEMPRE), Seven Sirens contou com Kentaro Sakamoto, Mark Sparling, Madeline Lim e Gavin Allen, trazendo uma das melhores trilhas da série. Com músicas que vão de chiptune a cantadas, esse jogo é frenético a todo momento, dando uma dinâmica muito compatível a velocidade da jogabilidade.
A jogabilidade permanece a mesma, porém troca algumas danças por “fusões”, separando as transformações de Shantae em duas categorias. Isso traz uma velocidade maior ao jogador pra poder explorar o cenário, indo direto ao ponto nas transformações mais utilizadas e dando um glamour maior as transformações mais poderosas, estas que estão chocantes e muito bem colocadas no jogo.
Além das principais fusões, o jogo adicionou uma inédita nova forma de “transformação”. Ao derrotar mobs, mini-bosses, bosses e outros inimigos, existe uma pequena chance de Shantae adquirir cartas destes respectivos monstros. Estas cartas são colecionáveis, podendo ser trocadas ou vendidas, e dão melhorias passivas as habilidades pré-existentes de Shantae. É permitido equipar 3 simultaneamente e a variedade de cartas não é pequena. Isto da uma dinâmica ainda melhor ao combate do jogo e lembra muito os broches de Hollow Knight, estes que mais próximo do final do jogo se tornam indispensáveis.
O level design deste jogo é excelente. Com inúmeros segredos, o jogador pode perder incontáveis horas explorando o mapa e colecionando cartas, upgrades e outros. Quanto mais habilidades a protagonista possuir, maior o desafio do jogo, começando pelas lutas contra as “sirens”, as verdadeiras vilãs da ilha misteriosa que perseguem moradores e causam discórdia nas profundezas. Há tempos sentia-se falta de inimigos tão carismáticos quanto esses em jogos do gênero e o título não deixa a desejar. O jogo vai provocando o jogador com alfinetadas surpresa que podem fragilizar o progresso de desavisados. Após conseguir todas as habilidades disponíveis, a dificuldade é elevada ao extremo e apresenta um verdadeiro desafio de run and guns, como Azure Striker Gunvolt e Megaman (incluindo uma espécie de boss rush). Apesar disto, algumas batalhas no jogo se provam ser apenas um teste de resistência e frustram mais que desafiam.
PROS:
Jogabilidade renovada;
Metroidvania com louvor;
Elementos de run and gun aumentam o desafio;
Trilha sonora nova;
Ambientação variada, exploração bem realizada;
Colecionismo.
CONS:
Bugs ocasionais;
Arte ocasionalmente incompatível.
PLATAFORMAS:
Apple Arcade (plataforma analisada);
Nintendo Switch;
PC (plataforma analisada, chave concedida por Wayforward);
PlayStation 4;
Xbox One.
NOTA: ☕☕☕☕☕
Shantae and the Seven Sirens é o ápice da franquia, realizado com maestria exaltando tudo que a mesma tem a oferecer. Um dos metroidvanias mais importantes dos últimos anos, é um título obrigatório para fãs do gênero e uma excelentíssima porta de entrada. Todas as melhorias exaltam a importância da franquia e os toques especiais de mãos como as do Studio Trigger só elevam Shantae a um novo patamar.