[Café dos Colonos] – Mega Man Zero/ZX Collection

A franquia Mega Man está fazendo seus retornos aos poucos, enquanto a principal já ganhou uma nova adição em 2018, as outras estão voltando na forma de coletâneas e ports de seus jogos antigos.

Mega Man Zero/ZX collection contém 6 jogos de uma saga exclusiva para portáteis. Dentro desses, 4 são da série Mega Man Zero, feita para Game Boy Advance originalmente e depois sendo remasterizada para Nintendo DS. Os outros dois são da série ZX, desenvolvidas como continuação da saga Zero para o Nintendo DS.

Como o nome sugere, a primeira saga foca no deuteragonista da série X, o Maverick Hunter Zero. No final do jogo Mega Man X6, o final específico do Zero termina com ele querendo ser congelado e selado para evitar mais estragos pelo vírus Nightmare (apesar de que o grande plot twist do X6 é que o vírus Nightmare não era o grande vilão e de que o Zero não infectava nenhuma máquina com isso). Os eventos de Mega Man Zero acontecem um século depois disso, quando Reploids começam a ser caçados por problemas de falta de energia. Uma resistência procura o lendário herói para salvá-los, e essa é a fagulha dos eventos.

Porém, um ano depois de MMZ, a Capcom lançou Mega Man X7, efetivamente criando duas linhas do tempo distintas. No mesmo ano foi lançado uma continuação para Mega Man Zero, o que já diz tudo sobre o quão importante é a história desses jogos. O foco da Capcom geralmente é em jogabilidade responsiva e personagens carismáticos enquanto sacrificam a narrativa, a série Zero não é exceção à regra. Jogá-los pela história é contra produtivo, mas não são individualmente ruins de forma que estraguem a experiência. Não há muito mais o que falar sobre esse aspecto dos jogos.

Em ZX, a saga toma um rumo completamente diferente em jogabilidade, mas no geral parece mais familiar com a série X do que Zero, já que é possível jogar tanto com o modelo X ou Zero, estes podendo ser trocados dinamicamente durante as missões.

Para quem já conhece os jogos, não há muito o que ser dito sobre cada um que irá drasticamente mudar como eles são vistos, será comentado sobre a coletânea e o port de PC posteriormente, mas para os que não conhecem a série, uma breve descrição de cada jogo incluso:

Mega Man Zero

Como dito anteriormente, o jogo pega a história a partir do final de Zero em Mega Man X6 e se passa um século no futuro. Apesar de servir como continuação para a série X, a jogabilidade é muito mais similar com a série Mega Man base. Todos os golpes extras, incluindo o pulo duplo, estão ausentes em Mega Man Zero. Sua jogabilidade realmente remete mais aos clássicos pela dependência de golpes carregados para derrotar os chefes de forma eficiente.

A maior novidade a série veio na forma que as telas eram dispostas, a série Zero tem o costume de entregar as telas no estilo de Mega Man 8, entregando quatro estágios inicialmente e os quatro restantes apenas depois. Como uma novidade na série, os estágios não eram acessados por teletransporte, mas sim em um hub central que saia para as várias telas disponíveis, muito como Dark Souls faz com Firelink Shrine.

Esse conceito é mais interessante na teoria do que na prática porém. As telas ainda funcionam exatamente como qualquer outro jogo da série, o que é impressionante por si só. De resto, os primeiros quatro estágios te premiam com três chips elementais (para explorar fraquezas em chefes específicos) e uma arma extra além do Z-Saber e Z-Buster inicial. As armas contam com um sistema de experiência cujas habilidades são desbloqueadas com o uso, o que faz com que manter suas duas armas favoritas equipadas seja mais recompensado do que variá-las dependendo da situação. No geral, Mega Man Zero é um jogo interessante de se conhecer, mas um que não envelheceu bem por conta de vários problemas de design.

Outra grande novidade são os Cyber-Elves, mecânica central tanto na jogabilidade quanto na história. Porém a falta de tutoriais explicando seu funcionamento e sua pesada penalidade caso sejam usados faz com que seja uma função amplamente ignorada pela maior parte dos jogadores.

Mega Man Zero 2

MMZ2 teve uma grande evolução sobre seu predecessor que foi as EX-Skills, habilidades extras que adicionavam certa variedade em como se jogar. O problema é na forma como foi implementado, fazendo com que essas habilidades só pudessem ser obtidas através de derrotar o chefe enquanto mantém um rank de A ou S. A mecânica de ranks já existia no jogo anterior, mas fora por motivos de compleição e satisfação própria, não havia nenhum motivo para tentar obtê-los.

Travar certos recursos atrás de uma avaliação das habilidades dos jogadores é um recurso comum em vários jogos, mas a avaliação de Zero 2 é restrita demais para entregar uma variedade que o jogo desesperadamente precisa. Um rank A exige:

  • Um bom tempo (o que significa nada de exploração nas telas por colecionáveis)
  • Uma certa quantia de inimigos derrotados (possível geralmente matando todos os inimigos no caminho principal)
  • Não usar nenhum retry (trivial caso use Save Assist)
  • Não receber dano (extensivo conhecimento do jogo e telas)
  • Não usar nenhum cyber-elf (nenhuma melhoria)

Ou seja, conseguir um rank A exige extensivo conhecimento da tela, das mecânicas do jogo, posicionamento de inimigos, e as armas evoluídas ao máximo. Isso faz com que seja quase impossível manter rank A ou S durante as telas durante a primeira vez que se joga.

Mega Man Zero 2 também é considerado por muitos como um dos jogos mais difíceis de toda a série Mega Man, muitos o consideram o mais difícil. Não só por causa da exigência de ranks para liberar funções importantes, mas também pelo design das telas e chefes. A última tela em particular conta com trechos enormes, recheados de pregos e outras armadilhas letais, com vários chefes espalhados pelo caminho. Completar tudo isso com (no máximo) 9 vidas era uma tarefa titânica, e mesmo com o Save Assist ligado e permitindo quantas tentativas for necessário, ainda é uma tela extraordinariamente difícil.

Em particular, o maior diferencial do jogo é a corrente que oferece algumas formas novas de se navegar pela tela. Infelizmente a mecânica não foi bem implementada, o que resulta em várias mortes causadas pela não-responsividade dela.

Em suma, MMZ1 e MMZ2 são jogos interessantes de se conhecer, mas não envelheceram muito bem, especialmente para quem irá jogá-los pela primeira vez.

Mega Man Zero 3

Facilmente o tipo de jogo que justifica a existência da coletânea toda, consertando todas as falhas de design dos anteriores e adicionando várias coisas novas, esse título resiste ao teste do tempo. Abandonando as mecânicas de experiência para armas e colocando uma nova forma de se utilizar os Cyber-Elves sem que isso derrube os ranks providencia uma experiência muito mais agradável a divertida. As EX-Skills ainda existem, porém com todas as atualizações em design é perfeitamente possível manter um bom rank para desbloqueá-las sem que seja algo muito fácil. As armas tendo todas as habilidades desbloqueadas desde início faz com que a variedade seja mais incentivada, junto com o novo modelo de Cyber-Elf Satellite que permite equipar até dois Elves para ter seus efeitos sem sacrificá-los faz com que a experiência toda seja bem mais maleável para os vários tipos de jogadores.

Além de várias melhorias gráficas e na jogabilidade, uma função simples que faz com que os jogos sejam muito mais agradáveis de se jogar é pular os diálogos de chefes, fazendo com que a repetição até aprender seus padrões não exija minutos de diálogo entre cada tentativa.

MMZ3 é um jogo fácil de começar a jogar, e difícil de se aprender completamente, atingindo um perfeito balanço entre seu desafio e diversão. Acima de tudo é um Mega Man exemplar em tudo o que faz.

Mega Man Zero 4

O jogo final da série trouxe várias mudanças, dentre elas ranks não mais importam, obtenção de EX-Skills e dificuldade dos chefes agora depende de um sistema de clima que pode ser alterado a cada missão. Os cyber-elves também foram revisados e agora há apenas um cyber-elf que lhe é entregue no começo do jogo, e se aloca pontos dinamicamente durante as missões. Ainda há uma penalidade por alocar pontos demais, mas agora é bem mais branda (o que não significa muito já que ranks não importam mais).

A maior novidade veio na forma de se obter partes extras e novas habilidades para Zero, cada inimigo tem um drop rate de partes, entre missões é possível combinar essas partes para formar equipamentos de cabeça, torso e pé. A única de forma de fazer tais receitas é na tentativa e erro, com algumas dicas extremamente sutis sobre como combiná-las. Mesmo usando um guia que já lhe diz quais partes combinar, ainda há a necessidade de repetir telas e ficar farmando esses componentes para conseguir todos os segredos do jogo (e facilitar sua vida com a dificuldade impiedosa padrão da série). Tal design chega a ser um pouco conflitante com o estilo de jogo que se é esperado de um título Mega Man, mas é inegável que adiciona um bom tanto de rejogabilidade.

Mega Man ZX

Sendo um jogo um tanto quanto polarizado entre a fanbase do Blue Bomber, o maior problema com a série ZX é a expectativa. Inicialmente sendo desenvolvido como Mega Man Zer 5, foi decidido não alterar mais a história da série Zero que já havia sido concluída e ao invés disso foi feito uma outra continuação que se passa anos depois de seu predecessor. E problema vem de que não há quase nada em ZX que realmente remeta a série Zero. Aliás, há pouco o que remeta com toda a série Mega Man, visto que sua estrutura foi alterada de seleção de estágios para um estilo metroidvania onde o mapa é todo interconectado. Mega Man Zero 1 fez algo parecido, mas a estrutura principal ainda permanecia intacta onde eram selecionadas as missões e então executadas linearmente. Em ZX o mapa sempre está aberto para todas as direções e não há nenhum direcionamento claro entre eles. Apesar dessa mudança drástica, o jogo ainda é facilmente reconhecido como Mega Man em seu level design. O mapa não é tão aberto e complexo como aqueles conhecidos em Castlevania, por exemplo.

Fora isso, é uma decente adição a série. Sabendo o que esperar do jogo ele se torna uma agradável experiência, apesar de ainda ter suas falhas.

Mega Man ZX Advent

Nessa continuação foi reduzido consideravelmente o modelo “metroidvania” de disposição das telas, voltando para um modelo mais clássico com mais linearidade. Com isso porém, veio um terrível defeito de design que era suas colocações de save points, coisa que a função Save Assist da coletânea corrige.

De resto não há muito que possa ser dito sobre esse jogo que também não se aplique a ZX, os jogos são muito parecidos no que fazem, até a história parece duas recontagens diferentes dos mesmos eventos. São bons jogos com consideráveis horas de conteúdo.

Sobre a coletânea

Os títulos em si são amplamente inalterados. As versões da série Zero são portadas da remasterização de DS ao invés da versão original de GBA. Não há alterações nas histórias (inclusive o diálogo meio estranho ainda permanece), a jogabilidade é exatamente a mesma com a exceção de duas opções de acessibilidade; um modo Casual Scenario que reduz drasticamente o dano e previne alguns insta-kills do jogo, e um Save Assist que traz saves adicionais durante as missões.

O jogo descreve o modo casual como um modo para se aproveitar a história, mas como dito no corpo principal da análise, não acredito que seja um bom proveito da coletânea. Sua história não é exatamente ruim, mas com certeza não é o foco do jogo. Além do mais a série ZX nunca foi terminada. Contudo, ainda creio ser uma boa inclusão para novatos a série. Como uma roda de treinamento para bicicletas, ele serve para te habituar no jogo sem te jogar aos leões. Apesar da série Zero ser conhecido por sua acentuada dificuldade, esse modo com certeza tem seu lugar.

Seu Save Assist serve para balancear as limitações da época, sem auto saves nem uma forma de se parar o jogo durante a tela, eles servem como uma pequena mudança de conveniência, apesar de realmente facilitar alguns aspectos do jogo como conseguir Rank A sem precisar de várias repetições até decorar a tela. A função adiciona checkpoints fixos colocados pelo jogo, sua dificuldade não é muito atenuada por essa função, especialmente os chefes que ainda exigem execução acima da média. Em Zero 1 e Zero 2 porém, não é possível oular diálogos antes dos chefes, o que faz a repetição extremamente frustrante.

De resto foi adicionado uma jukebox que permite escutar as várias músicas da série, porém somente no music player do próprio jogo. Há várias artes conceituais e promocionais dos jogos, o que é extremamente apreciado por colecionadores e fãs da série. Foi criado também um modo Z-Chaser que disponibiliza algumas telas populares de speedrun com um pódio online gravando os melhores tempos.

Os jogos não rodam por emulação, e sim como uma conversão completa, o que traz uma certa estabilidade para a experiência, porém não é possível configurar nenhuma ação para gatilhos dos controles, apenas R1/L1/RB/LB.

Em suma, o trabalho nessa parte é suficiente.

Sobre o port de PC

Como costume para os jogos da plataforma PC, há alguns problemas exclusivos dessa versão em particular.

Como principal preocupação é incompatibilidade com resoluções, alguns monitores não são suportados corretamente e isso causa problemas com o save do jogo. A melhor recomendação nesse caso é fazer uso da política de reembolso automático da Steam, enquanto a compra não tiver mais que 14 dias e o tempo jogado não exceda 2 horas. Dessa forma é possível testar se o jogo funciona corretamente na sua máquina.

Também há casos de queda de frames se a tela estiver cheia de inimigos ou quando vários ataques conectam ao mesmo tempo (geralmente acontece contra chefes gigantes que tem várias partes que podem ser danificadas ao mesmo tempo e/ou possuem vários ataques de projéteis).

Um outro problema significativo é a completa falta de opções de configuração de controles para teclado. Independente da preferência pessoal de cada um sobre como jogar, um controle é absolutamente necessário para jogar Megaman Zero/ZX Collection e não somente uma opção.

No geral, o trabalho na versão de PC foi decepcionante, apesar de ser relativamente estável para os casos que ela funciona corretamente.

PROS:

  • Ótimo plataforming que a série Mega Man é conhecida por;
  • Excelente trilha sonora (também padrão da série);
  • Bom valor pelo conteúdo incluso;
  • Duas opções de acessibilidade faz com que o jogo seja agradável para iniciantes tanto quanto veteranos;
  • Conteúdo extra satisfatório para fãs.

CONS:

  • Port para PC instável;
  • Trabalho na coletânea poderia ter sido melhor;
  • Alguns jogos da coletânea não envelheceram tão bem.

PLATAFORMAS:

  • PC [Steam] (plataforma analisada, chave concedida por CAPCOM);
  • Nintendo Switch;
  • PlayStation 4;
  • Xbox One.

NOTA: ☕️☕️☕️☕️

“Mega Man é um série que já dispensa introduções. Para fãs da série, e em particular de seu deuteragonista Zero, a coletânia e perfeita. Contanto que funcione corretamente em sua plataforma pelo menos…”


Amnesia Rebirth – Terceiro jogo da série anunciado

Frictional Games é uma desenvolvedora conhecida pela sua expertise em jogos de terror. Dia 6 de Março foi anunciado que o estúdio está trabalhando no terceiro jogo da franquia Amnesia, chamado de Rebirth.

Promentendo um novo patamar em seus jogos, a página da Steam do jogo já está disponibilizada (nos Estados Unidos apenas até o momento desse anúncio) para adicionar a lista de desejos e receber atualizações do projeto.

O jogo está previsto ser entregue para o outono americano de 2020 para PS4 e PC, em outras palavras, o final do ano.


Ghost of Tsushima – Data revelada e novo trailer de história

Ghost of Tsushima

Hoje finalmente tivemos uma data definitiva para o lançamento do antecipado Ghost of Tsushima, dia 26 de Junho de 2020. Junto com o anúncio acompanha um trailer detalhando a história do jogo e de seu protagonista, Jin Sakai. Temos uma amostra da dublagem em português também.

O jogo contará a história de um samurai que abandona seus ensinamentos de honra e respeito para se tornar um fantasma que caça os Mongóis invasores.

Ghost of Tsushima

Quanto as versões disponíveis; Todas as edições contam com um avatar do protagonista, uma mini trilha sonora com faixas específicas do jogo, e um tema dinâmico.

A edição digital conta com um conjunto de skins para Jin e seu cavalo, dois itens de jogo, e um tema dinâmico extra. A edição conta também com uma cópia digital de arte da Dark Horse com comentários do diretor, comparando os eventos reais com o que foi usado no jogo.

Ghost of Tsushima

Terá a edição física especial que conta com uma caixa Steelbook e um voucher para skin de máscara e espada. Além da cópia digital da Dark Horse como na edição deluxe digital.

Ghost of Tsushima

Melhores dos 10s – Dark Souls

É impossível relembrar a década de 2010 e não pensar em Dark Souls. Em certa medida, ele pode ser considerado o jogo mais influente desse período, bem como um dos mais importantes. Além disso, é o responsável por elevar a popularidade da From Software e do criador da série Souls, Hidetaka Miyazaki.

A From Software é um estúdio japonês fundado em meados dos anos 80 e que viria a ser conhecido na década seguinte pelas franquias King’s Field e Armored Core. No entanto, foi apenas no fim dos anos 2000 que um de seus títulos mais importantes viu a luz do dia: Demon’s Souls (2009), terceiro game dirigido por Miyazaki. 

Demon’s já trazia a essência e a alma (perdão pelo trocadilho) que definiriam os próximos cinco jogos do estúdio: uma narrativa esparsa, aberta a interpretações dos próprios jogadores; alto nível de dificuldade no combate; boss fights inspiradas e que são grandes destaques; lore riquíssima e revelada através da descrição de itens encontrados pelo jogador e do cenário, entre outros detalhes. Eram características boas o bastante para garantir que o game ganhasse um status de clássico cult e angariasse um certo número de fãs, mesmo não sendo exatamente um grande sucesso de vendas. E então veio Dark Souls, seu sucessor espiritual.

Dark Souls foi lançado para PS3 e Xbox 360 no Japão em 22 de setembro de 2011, chegando ao ocidente no mês seguinte e ao PC em 2012. O jogo foi bem recebido pela crítica e logo começou a conquistar um crescente número de fãs e entusiastas através do boca a boca. Boa parte da atenção inicial que ele recebeu girava em torno da sua famigerada dificuldade e nível de desafio. É inclusive comum ouvir muitos jogadores dizerem que Dark Souls pode ser difícil, mas também extremamente justo e que mortes nunca são culpa do game e sim de deslizes cometidos por quem segura o controle (embora eu não concorde 100% com essa afirmação). De qualquer maneira, DS não deve ser resumido apenas como um “jogo difícil”. Há muito mais que isso.

Como dito acima, Dark Souls tem o mesmo esqueleto estrutural de Demon’s Souls, mas dessa vez trata-se de um jogo lacônico que te coloca num mundo caído que um dia fora dominado por dragões, até surgir o fogo e, com ele, criaturas que encontraram as Almas dos Lordes nas tais chamas e, munidos do poder delas, desafiaram os dragões, derrotando-os e iniciando a Era do Fogo.

Você assume o papel de um undead (morto-vivo) tempos depois do início dessa era. O mundo já não é mais próspero e tampouco sustentado pelas chamas, que agora são meras brasas. Há pouca esperança, exceto pela lenda que diz que um dia um undead seria escolhido para chegar a Lordran (a terra dos Antigos Lordes) e definir o futuro da humanidade. E isso é basicamente o que podemos depreender da abertura de Dark Souls. Eu sei que é confuso.

Há uma certa beleza nessa ideia de não dar tudo de mão beijada ao jogador, entretanto. Nas palavras de Vaatividya (que tem um canal no YouTube totalmente dedicado a destrinchar a lore dos jogos da From): “Eu acho que uma das razões pelas quais Dark Souls é considerado difícil não é por sua dificuldade, mas pela dificuldade de assimilar o mesmo” e ele está totalmente correto ao afirmar isso. Dark Souls é um jogo difícil de começar a assimilar porque ele te força a aprender a dançar conforme sua música, seja para entender o que diabos a história tenta dizer, seja para aprender o moveset de um chefe que chutou o seu traseiro por horas a fio. E é justamente através disso que ele captura o que realmente faz um jogo ser uma experiência única e recompensadora. É a forma como você interage com esse mundo (dentro e fora dele).

A exigência de interpretação da parte dos jogadores também é algo feito deliberadamente. Durante sua infância, Hidetaka Miyazaki adorava ler livros de fantasia. O detalhe é que ele encontrava a grande maioria deles apenas em inglês, uma língua que não dominava completamente, o que o obrigava a imaginar as partes que não conseguia compreender. Isso molda a forma como a história em seus jogos é contada e, consequentemente, cria uma numerosa comunidade de pessoas que se dedicam a decifrar, discutir, interpretar e preencher as lacunas desses jogos.

E comunidade é outro aspecto forte e impressionante de Dark Souls. Foi essa comunidade que, através do boca a boca, ajudou a divulgar a franquia. É possível até traçar paralelos com o que ocorreu com o primeiro The Legend of Zelda (1986), outro título que trazia pouquíssimas informações a respeito de seu mundo e vinha recheado de segredos misteriosos. Quem viveu aquela época frequentemente relata como era divertido passar a tarde toda jogando TLoZ e desvendando suas surpresas para no dia seguinte compartilhar as experiências com os colegas de escola. Algo similar ocorre com Dark Souls, basta ver como a internet é recheada de vídeos sobre o jogo, como há inúmeros fóruns dedicados a ele e até mesmo como sua Wiki traz informações cruciais e que são compartilhadas por um sem-número de pessoas.

Claro, existe também um lado negativo dessa comunidade. É comum ouvir relatos de algumas pessoas que tentam se aventurar pelos jogos e são criticadas por veteranos ao jogarem mal. É o famoso “git gud” que desencoraja muitas pessoas a prosseguirem com a jornada. Mas, pelo menos da minha experiência, isso compõe uma parcela pífia de fãs da franquia Soulsborne. O que posso dizer é que algumas das melhores conversas que tive foi com amigos que conheci a partir do jogo. 

Além do mais, é difícil dizer o quanto fico feliz quando indico Dark Souls (ou Bloodborne ou Sekiro) para alguém e a pessoa acaba gostando e me agradecendo depois por eu tê-la incentivado a continuar jogando, sem desistir. O lado positivo completamente se sobrepõe ao negativo.

E aí entra um ponto que eu gostaria de elaborar. Um aspecto brilhante em Dark Souls é como o jogo testa o jogador logo de cara e continua fazendo isso conforme progredimos (embora para muita gente ele fique mais fácil próximo do fim). É outra filosofia de design cara a Miyazaki. Para ele, o desafio, o grande número de mortes e esse esquema meio “tentativa e erro” servem para nos ensinar a dominar o game. A cada morte, aprendemos um pouco, ganhamos experiência. E insistimos e falhamos e aí insistimos novamente, até superarmos cada área, cada chefe, cada mistério de Dark Souls. 

É quase como o papel desempenhado pelo próprio undead criado por nós. As mortes são inúmeras, mas jamais desistimos, jamais nos tornamos “hollow” (estado de vazio dos personagens que perderam toda a sua humanidade). E com isso vem grande satisfação. Qualquer um que tenha derrotado Orstein & Smough após horas preso nesses chefes entende bem a sensação de conquista que Dark Souls proporciona. É difícil descrever em palavras, mas é uma sensação ótima e ímpar.

E nem falei ainda sobre como o level design desse jogo é genial. Lordran é palco de um dos mundos mais interessantes já feitos. No momento em que chegamos a Firelink Shrine já somos confrontados com algumas escolhas de lugares para onde podemos prosseguir (dica: se você foi para Undead Burg, você está no caminho “certo”) e o mais legal é perceber, depois de horas, que praticamente todas as áreas estão conectadas entre si. A minha cara de “EITA!” na primeira vez que desci pelo elevador em Undead Church e voltei para Firelink Shrine é uma que eu gostaria que muito mais pessoas tivessem a oportunidade de fazer, porque só jogando mesmo para entender como essa interconectividade é legal.

Não só isso, como também é bacana observar todos os detalhes cuidadosamente colocados pela From nos cenários. Cada pequeno pedaço contando uma história ou deixando algum detalhe intrigante no ar. Fora o combate… É verdade que ele é mais lento do que o dos jogos seguintes no catálogo da From, mas nem por isso menos interessante ou divertido. O sistema de bonfires (que funcionam como “checkpoints”, restaurando os pontos de vida do jogador, recarregando seu Estus Flask – a “poção” de cura – e revivendo os inimigos) também se tornou icônico e vários jogos passaram a usá-lo também (um exemplo recente é Star Wars Jedi: Fallen Order).

Falando em jogos, a quantidade de games que se inspiram em Dark Souls não para de crescer, seja no espaço AAA ou no cenário indie. Alguns nomes famosos são Nioh, Ashen, The Surge, Remnant From the Ashes, Code Vein, Lords of the Fallen, Hollow Knight, Dead Cells… se for pensar, até mesmo Shovel Knight tem alguma mecânica que pode ser comparada a Dark Souls (ao morrer, você tem a oportunidade de recuperar parte do seu dinheiro, assim como em DS você tem a chance de recuperar as suas almas acumuladas se retornar ao ponto em que morreu anteriormente).

A maior conquista de Dark Souls para mim, no nível pessoal, vai além da soma de suas partes. Para mim, DS é praticamente o Ocarina of Time de seu tempo. Ele é, em certa medida, uma obra-prima falha. Digo isso porque o game obviamente tem defeitos. Lost Izalith é o mais gritante (e incompleto) deles. Alguns pontos mais próximos ao final da campanha são infinitamente inferiores à sua primeira metade, que para muitos é perfeita. É possível usar alguns exploits que completamente quebram a dificuldade do jogo se você souber o que está fazendo. Mas… no fim das contas, essas coisas não importam tanto. O resultado final é um dos maiores e melhores jogos de todos os tempos, não só dos anos 2010.

Dark Souls é um dos raros jogos que me dão a mesma sensação que eu sentia com Ocarina quando eu era criança. Algo difícil de explicar, mas que talvez possa ser sintetizado usando a palavra “magia”. Dark Souls (bem como todo o catálogo recente da From, em especial Bloodborne, o meu favorito) tem algo diferenciado, algo que o torna verdadeiramente especial e inesquecível. E é justamente essa magia que me faz querer retornar para esse mundo dos mortos-vivos de novo e de novo. É um daqueles jogos que vão ser falados e estudados por décadas e décadas de uma maneira que apenas os games verdadeiramente marcantes são.

Dark Souls Nintendo GIF - Find & Share on GIPHY



Project G.G. é o mais novo título autoral da Platinum + data de Wonderful 101 marcada!

Esta manhã, anunciado através da Famitsu, Project G.G. será o próximo grande jogo da Platinum. O título autoral terá desenvolvimento e publicação completamente feito pela empresa, sendo o primeiro a realizar tal ato.

Neste jogo de nome ainda temporário, o herói terá a habilidade de se transformar num herói gigante (vide Ultraman, Gridman, etc) e irá combater com kaijus (monstros gigantes vide Godzilla, etc).

A Platinum recentemente anunciou que quatro grandes projetos seriam apresentados no primeiro trimestre. O primeiro, remaster de Wonderful 101 publicado pela Platinum, já alcançou números astronômicos no Kickstarter.

Um pequeno teaser foi apresentado.

Platinum também afirma que o quarto título será um grande segredo. As especulações para os dois próximos títulos são muitas, entre remasters de outros títulos desenvolvidos pela mesma, à continuações esperadas, trailers de jogos já anunciados, entre outros.

Wonderful 101 também recebeu data de lançamento no Twitter para PlayStation 4, Switch e PC. O jogo chega dia 19 de maio nas Americas, 22 de maio na Europa e 11 de junho no Japão.


Othercide é anunciado e estará na PAX East 2020

A Focus Home Interactive anunciou junto com a desenvolvedora Lightbulb Crew o Tactical RPG Othercide, o mesmo chama a atenção por conter uma temática horror e estará disponível para Playstation 4, Xbox One e PC via Steam com previsão de lançamento para o Verão norte americano.

FUNCIONALIDADES E CARACTERÍSTICAS

Experimente um combate dinâmico por turnos e uma nova maneira de antecipar os movimentos inimigos para executar um plano tático impecável. Usando o sistema de linha de tempo dinâmico e um conjunto exclusivo de habilidades , você sera capaz de:

  • Liderar, evoluir e sacrificar seu exército de Filhas.
  • Superar criaturas pesadelos em um RPG tático espetacular.
  • Infinitas possibilidades de combate com o sistema Dynamic Timeline.
  • Uma narrativa profunda e complexa

Vale lembrar também que semana que vem começara a PAX East 2020, evento esse que acontecera entre os dias 27 de Fevereiro a 1 de Março, e o jogo estará disponível para ser jogado no stand da Focus Home Interactive.


Melhores dos 10s – NieR Automata: Interpretações e Questionamentos da Identidade Humana

Nier Automata é um dos melhores jogos já feitos. Pode parecer exagero mas ele não se comporta apenas como uma mídia de entretenimento. Poucos títulos no mercado tem a capacidade de despertar fortes emoções  ao jogador como Nier. Esse apelo se deve a estrutura de narrativa e jogabilidade encabeçada pelo seu diretor, Yoko Taro. Sua criatividade para produzir mecanismos diferenciados para instigar o envolvimento do jogador na trama dos personagens contribuíram para tornar esse título singular no mundo dos jogos.

A narrativa foi arquitetada de forma não linear com intuito de atravessar nas perspectivas de seus três protagonistas. Yoko Taro possui uma técnica de escrita onde o desfecho da trama é desenvolvido primeiro para servir de referência para os rumos que serão tomados desde o início do jogo. A implementação desse estilo permite focar na construção de cada personagem e os temas que serão esmiuçados.

Imagem dos três protagonistas: 9S, 2B e A2.

Os temas centrais da campanha são amor, guerra e identidade. Esses assuntos estão ligados diretamente com situações vivenciadas em nosso cotidiano. Por aparentar ser sensações simples muitas vezes são difíceis de perceber ou refletir a respeito. A forma usada por Yoko Taro para expressar esses sentimentos foi bem inteligente. 

O jogo conta a história de andróides construídos por humanos em um mundo pós-apocalíptico que são designados a derrotar os robôs alienígenas que invadiram a Terra. Esses andróides possuem estrutura física e agem de forma semelhante aos humanos, mas sua única obrigação é servi-los. A situação se inverte quando um dos personagens começa despertar sentimentos humanos quando seu suposto inimigo passa a também semelhar seu comportamento nos terráqueos que ali habitavam.

Esse é o ponto de virada do enredo onde ao decorrer da jogatina os desenvolvedores apresentaram de forma sutil os temas centrais da trama para que os jogadores possam refletir a respeito do contexto social no qual estão situados. O jogo promove uma quebra da quarta parede que afeta diretamente a jogabilidade. Ao observar o quadro e notar os aspectos centrais que movem os protagonistas que passamos horas dedicados acompanhando suas jornadas cria uma laço emocional sólido entre o jogador e esses personagens. O apego emocional proporciona uma série de questionamentos filosóficos.

Arte conceitual que demonstra a interação de 2B com o robô invasor.

O que move a humanidade? quais são os elementos que compõem a identidade dos indivíduos? Amor é uma qualidade exclusivamente humana? Essas questões permeiam na narrativa e promovem experiências únicas dentro do jogo. A forma que essas discussões apresentadas entrelaçam com os eixos motivadores dos personagens levaram a uma conclusão que deixa muitas aberturas das possibilidades existentes de se pensar como um jogo eletrônico pode suscitar diferentes emoções no jogador.

Outro aspecto que merece destaque é a trilha sonora que possui arranjos orquestrais belíssimos bastante variados que captam o contexto e as sensações presentes em cada cena do jogo. As composições transportam o jogador diretamente para os pontos críticos do enredo que o deixa imerso nesse universo colocando-o como parte integrante do espaço interativo criado por Yoko Taro.

Cartaz de promoção da orquestra sinfônica do jogo.

As visões apresentadas até aqui representam um ponto de vista sobre os aspectos que tornam NieR Automata como jogo da década. A beleza de poder estar aqui compartilhando esse tipo de informação está na diversidade opinativa de cada indivíduo. As diferentes possibilidades de interpretativas são os elementos fundamentais para a existência de uma obra de arte. Ao adentrar pelo arco do jogo deixou mais nítido que a natureza dos pilares de nossa sociedade está nos laços criados por cada individualidade. Nada surge por acaso, o destino ocupa-se da integridade da espécie humana.

GLóRiA A HuMaNiDaDe!


Final Fantasy 7 Remake – Vídeo de abertura revelado

Hoje foi postado, através do canal de YouTube da PlayStation, o vídeo de abertura de Final Fantasy VII Remake e sua distopia industrial/magitech.

Como de costume, a Square Enix visa impressionar com uma qualidade de CG absurda e uma boa dose de nostalgia. Em comparação com o trailer original de 97, podemos apreciar o quanto a indústria evoluiu e o trabalho feito no Remake para atualizar a experiência sem perder sua essência.

Final Fantasy VII Remake lançará dia 10 de Abril exclusivamente na plataforma PS4, vindo para outras plataformas depois de um ano.


Melhores dos 10s – Gravity Rush

Ao chegar neste 2020, concluímos mais uma fase no imenso milênio a nossa frente. Para comemorar e relembrar, decidimos fazer textos sobre nossos jogos favoritos da década de 2010. Estes serão estritamente pessoais, mas tentarão acima de tudo exaltar as melhores qualidades dos nossos queridinhos.
N. ☕️

A triste história do PlayStation Vita não é mais novidade para ninguém; o portátil, lançado em 2012 como um sucessor do PlayStation Portable (PSP), amargou uma série de falhas durante sua vida útil até ser abandonado pela própria Sony. Com isso, as constantes piadas de “o Vita não tem jogos”, “Vita é um peso de porta”, “3DS > Vita” acabaram apagando seus títulos exclusivos e deixando-os à margem da indústria de videogames. Porém, foi deste console esquecido que nasceu um dos títulos mais interessantes e corajosos dos últimos tempos e se consolida como o melhor jogo da década para esta que vos fala: Gravity Rush.

Chamado de “Gravity Daze” no Japão, Gravity Rush é um título exclusivo de PlayStation Vita dirigido por Keiichiro Toyama (Silent Hill) e desenvolvido pelo “Project Siren”, uma equipe do Japan Studio. Este, por sua vez, é conhecido por títulos como Shadow of the Colossus, Patapon e The Last Guardian. Com trilha sonora por Kohei Tanaka, o jogo foi remasterizado para o PlayStation 4 em 2015, e uma sequência foi lançada para o mesmo console. Inspirado em histórias em quadrinhos (tanto ocidentais quanto orientais) e nos trabalhos de Jean Giraud (A.K.A. Moebius), o jogo se tornou representação do console ao usar a abusar das mecânicas de movimento do Vita com a gameplay gravitacional que se tornou sua marca registrada, algo único e excepcional entre videogames.

KAT, A GAROTA QUE CAIU DO CÉU

A cena de abertura do jogo acompanha uma maçã caindo e cruzando a cidade sem ser notada. Gravity Rush acompanha a jornada de Kat, uma “mutante” com poderes gravitacionais e amnésia que despenca do céu tal qual a maçã numa cidade flutuante chamada Hekseville, dividida em quatro distritos. Acompanhada por seu parceiro gato “espacial” chamado Dusty, nossa protagonista tenta tirar o melhor da situação em que se encontra enquanto defende a população da ameaça dos Navis e busca recuperar suas memórias perdidas. Durante essa jornada de auto-descobrimento e coragem, Kat faz amigos, inimigos, desafia vilões e se torna uma “heroína” para o povo de Hekseville.

Hekseville e seus tons de sépia – Reprodução/PlayStation

A história de Gravity Rush é um tanto confusa (principalmente quando pensamos na sequência, mas esse não é o ponto aqui), mas o carisma da protagonista, suas relações com os outros personagens e o charme dos ambientes do jogo já encantam o jogador. Gravity Rush, em muitos aspectos visuais, se parece com as obras do Studio Ghibli e o jeito com que Miyazaki retrata o cotidiano, os ambientes comuns das cidades e aquele tom fantástico que parece se esgueirar a cada esquina. Como já mencionado, Hekseville é dividida em quatro distritos: Auldnoir (distrito inicial), Pleajaune (distrito de entretenimento), Endestria (distrito industrial) e Vendecentre (distrito principal). Hekseville tem um estilo steampunk no qual tons de sépia são dominantes, mas cada distrito tem sua própria música e aparência distintas que as tornam singulares e prazerosas de explorar. Há outras áreas disponíveis no jogo, mas mencioná-las seria spoiler, então será poupada a possível surpresa caso você decida se aventurar pelo jogo.

A trilha sonora é absolutamente primorosa, repleta de melodias empolgantes, envolventes, delicadas e emocionantes. Com certeza mais de uma trilha ficará presa na sua cabeça, e você se encontrará assobiando ou murmurando o ritmo em algum momento do seu dia. Acompanhando a alta qualidade musical há ainda a decisão de criar uma língua específica para o jogo, que é falada por todos os personagens e é pesadamente influenciada pelo francês, extremamente prazerosa de ouvir e divertida de imitar. Com todos estes elementos citados, é possível sentir como Gravity Rush se estabeleceu como uma franquia extremamente original e singular, corajosa e “fora da caixa”, o que é maximizado pelo seu console original (algo meio hipster, sabe, um jogo muito legal, diferente e interessante num console que a maioria ignora e zomba sem nem saber do potencial que ele guarda). Assim sendo, é possível entender o próximo ponto alto da experiência de Gravity Rush: sua gameplay gravitacional.

GRAVIDADE SEM LIMITES

A mecânica central é a manipulação da gravidade à seu bel-prazer, algo que é melhorado durante o jogo com a compra de skills e aperfeiçoamentos. Com isso, ela pode dar longos saltos, voar, levar objetos consigo, desferir poderosos golpes e chutes, além de abrir buracos negros e performar belíssimas lutas no ar e no chão. É claro que, muitas vezes, o hardware do Vita parece não suportar bem toda a exigência de movimentação e espaçamento que o jogo faz, o que torna jogar no portátil um tanto “sufocante” (para isso eu recomendo fortemente a versão remasterizada do PS4, é muito mais confortável de jogar!), mas apesar disso o console faz seu melhor e o jogo ainda é jogável, obviamente. O sensor de movimentação do Vita torna a manipulação gravitacional e os voos de Kat mais orgânicos e divertidos, permitindo sentir melhor as mudanças de posição e impactos em batalha. Aqueles que sofrem de labirintite ou outro distúrbio de equilíbrio semelhante podem se sentir meio enjoados jogando Gravity Rush por conta da movimentação súbita e constante, porém isso não é regra; eu mesma tenho labirintite e nunca passei mal jogando, tanto no Vita quanto no PS4.

Sobrevoar Hekseville usando a gravidade é a forma mais divertida de explorar – Reprodução/NeoFighters

Voar pelas cidades com Kat, trocando de distrito enquanto ouve a trilha sonora magnífica do jogo é quase terapêutico. Gravity Rush é um daqueles jogos que pouca gente fala sobre, mas quem fala sempre elogia e guarda com carinho no peito. Uma pérola perdida no mar de fracassos do PlayStation Vita e uma das franquias que mais revolucionou o uso de hardware da Sony, Gravity Rush é um deleite estético e sonoro, além de um divertimento absurdo com suas mecânicas singulares. É como jogar um título do Studio Ghibli, e é uma daquelas obras que você evita finalizar porque sabe que vai sentir saudade assim que terminar.

Após dois títulos principais e uma animação, a história da Rainha da Gravidade Kat ainda guarda muitos mistérios. O que a Sony terá planejado para a manipuladora de gravidade na próxima geração da PlayStation? Só o futuro poderá dizer…