O ano de 2020, lento e assustador, está chegando ao seu fim. Fechando este com sua maior glória e com a maior atenção do Café com Geeks, após um infeliz cancelamento da edição de animes do ano passado devido à pandemia (que ocorreria no começo deste ano), decidimos oficializar nossa premiação de Melhores Animes de 2020.
Nosso evento oficial deve ocorrer após o Barão de Jogos, então não se preocupem!
Para ver as categorias e fazer suas escolhas, completem este formulário ilustre feito na plataforma Google.
Quando se anunciou mais informações sobre a então nova trilogia de Star Wars feita pela Disney, muitos se animaram com escolhas verdadeiramente promissoras, como à de J. J. Abrams como director do filme de estreia da nova safra de Guerra nas Estrelas. Aos poucos descobrimos mais sobre quem da saga clássica estaria presente, mas também dos novos protagonistas. Tudo com muito entusiasmo por parte dos fãs, muita expectativa.
E bem, “O Despertar da Força” foi consideravelmente bem recebido. As semelhanças com “Uma Nova Esperança” de 1977 eram bastante óbvias, mas isso não torna o filme pior. A volta de Harrison Ford como Han Solo saudou a nostalgia presente nos pequenos padawans que cruzaram com Star Wars em algum momento da infância/adolescência. A trama apresentava Rey, uma personagem com potencial de desenvolvimento semelhante à de Luke Skywalker, pelo menos no primeiro filme. Conheçemos Kylo Ren, o jovem filho de Han Solo que se rebela com os ensinamentos jedis e segue o manto de seu avô Darth Vader. Apesar de promissora, o primeiro erro da história começa em sua própria existência. Por quê? Qual o sentido de prosseguir com algo já finalizado, como é o caso do que se começa em “Ameaça Fantasma” e termina em “O Retorno de Jedi”?
Uma nova história Star Wars não necessitava existir, o ciclo de evolução dos jedi, dos sith para o império, tudo havia acabado, a luta do bem contra o mal, tudo havia acabado. Por que prosseguir com algo tão bem finalizado e desenvolvido? Bem, nem a própria trilogia sustenta ou justifica isso, ele apenas existe. Mas falando de forma leviana dos filmes individualmente, começamos com “O Despertar da Força”.
Começamos de maneira conturbada, entre a guerra da Resistência e a Primeira Ordem. Stormtroopers, guerreiros da resistência, o caos instaurado (retratado de maneira bem mais repentina na trilogia, inclusive). E levianamente somos introduzidos ao contexto da jovem Rey, até então sem nenhum contexto familiar, apenas notando o contexto miserável onde a jovem protagonista se encontra.
Num cenário pobre e caótico, ela vê eventos da saga clássica de forma divina, Luke Skywalker é como um ser mitológico naquele universo. Em meio à esse contexto, temos o outro lado da moeda. Kylo Ren comanda estavelmente a Primeira Ordem, tudo sob a saia de Snoke, uma espécie de novo Palpatine da Sequel. Han Solo aparece muito como “Ben” Kenobi, como um conselheiro sobre tudo ao redor de Rey (inclusive a morte dele nesse filme lembra muito a morte de Obi-Wan em “Uma Nova Esperança”). Também conhecemos Poe e Fin, ambos servem como protagonistas de segundo plano, tais como Leia e Han Solo. Enfim, eu posso apontar semelhanças entre o episódio IV e o episódio VII de Star Wars o dia inteiro, mas o importante à ser destacado é quem esse filme nos introduz.
Mas ele deixa algumas lacunas. Quem é Rey e qual a importância dela nessa história? Quais as motivações de Kylo Ren? A missão principal de encontrar Luke Skywalker não foi atingida. Onde ele está? Por que ele se afastou da força? Todas essas lacunas não foram preenchidas. A direção muda de J. J. Abrams para Rian Johnson para o episódio VIII, que eventualmente é intitulado “Os Últimos Jedi”. Bem, todas as lacunas foram preenchidas, como anteriormente citado. Porém, para alguns fãs, da melhor forma possível. Para outros, da pior forma possível. E esse “8 ou 80” faz de “Os Últimos Jedi” o filme mais controverso da saga, junto com seu sucessor “Ascenção Skywalker”.
Arte promocional de “Star Wars: Os Últimos Jedi” (2017).
“Os Últimos Jedi” tem como foco o retorno do mestre jedi Luke Skywalker, encontrado em uma ilha deserta. Também temos a conexão entre Rey e Kylo Ren, assim como Darth Vader e Luke Skywalker em “Império Contra-Ataca”. O líder Snoke ordena a Kylo Ren a morte de Rey, assim como temos uma pequena trama no cassino. E ao decorrer de possíveis incongruências físicas, como gastar combustível na velocidade da luz, nos questionamos onde o filme quer chegar. O passado nebuloso de Ben Solo (então Kylo Ren) e a desistência por parte de Luke Skywalker é explicado em flashback, as incertezas de Rey se equiparam as de Luke no episódio V, já o arrependimento de Kylo Ren com a morte de seu pai Han Solo é perceptível. Rey vê luz em Kylo, que um dia foi Ben Solo, principalmente com fatos como a morte de Snoke por Kylo Ren em sacrifício de Rey. À Resistência, Finn e Poe servem como protagonistas em segundo plano, junto com a General Leia. A batalha final é traçada entre Kylo Ren e Luke Skywalker, com a morte do mestre jedi. Rey é resumida por Kylo como uma miserável, sem pais, sem qualquer origem precisa, mas com uma força inexplicável dentro de si. E “Os Últimos Jedi” transita entre pior ou melhor Star Wars na lista de entusiastas.
Por fim, temos “Ascenção Skywalker”. Para alguns, decente, para outros, aberração. Ele traz das cinzas o imperador Palpatine, que estava comandando toda a Primeira Ordem e também o imperador Snoke, jogando todo o trabalho de desenvolvimento de 6 filmes, a morte de Anakin Skywalker e Darth Vader por água baixo.
Arte promocional de “Star Wars: A Ascenção Skywalker” (2019).
A volta de Palpatine é insensata, joga todo o legado da história clássica pelo esgoto, tudo para sacrificar o idealismo de J. J. Abrams, quebrado pelas repostas de Johnson em “Os Últimos Jedi”. Mas dado às condições, o filme se sai consideravelmente bem. Jamais se poderia desenvolver um novo imperador em apenas um filme, trazer Palpatine ou Snoke seria inevitável, muito da identidade de Star Wars se perderia com a ausência de um imperador no desfecho de uma trilogia. O papo sobre a ascenção da força dentro de nós morre quando descobrimos o parentesco de Rey, sendo neta de Palpatine.
Com CGIs, Carrie Fisher volta à General Leia e tem sua morte simbólica dentro da história por tudo que a atriz representou para a saga. O filme todo gira em como chegar a Palpatine, que possui a chamada “Ordem Final” para a queda da força e a volta dos Sith. Rey questiona a si mesmo após descobrir seu parentesco com o imperador, mas essa crise de identidade não dura o muito. Kylo Ren se mostra objetivo desde o começo da trama, porém assim como seu avô Darth Vader, troca a casaca no seu quase fim. Chega a lutar como alguém da força, no final auxilia Rey no que podia, porém vem a falecer com a General Leia.
Na batalha final, Palpatine proclama a força de todos os Sith, Rey de todos os Jedi. Palpatine volta ao estado de morte já conhecido pelos fãs de Star Wars, o triunfo de Imperador é impedido pela força Jedi da forma mais clichê possível. E assim como Retorno de Jedi, a força salva a galáxia mais uma vez. As partes toscas e incongruências desse filme podem ser grandes, mas assim como Homem-Aranha 3, o filme traz uma boa mensagem. E não me leve a mal, mas muita coisa naquele filme é aproveitável ao lore de Star Wars sim.
Por fim, o que concluímos? Essa trilogia tentou de todas as formas simular a clássica em acontecimentos e fracassou nisso. Serão filmes que as próximas gerações que maratonarem Star Wars poderão pular os acontecimentos de pelo menos um dos 3 filmes da nova saga. Rey e Kylo Ren tinham muito potencial de se tornarem os protagonistas mais desenvolvidos de toda a saga, mas não passam de uma mera sombra de seus mestres, Finn e Poe se desenvolveram da forma certa. Por fim, diria que o mais aproveitável da saga foi “O Despertar da Força”, mesmo considerado cópia (com razão) de “Uma Nova Esperança”, é o filme que melhor desenvolveu tudo na trilogia Sequel.
AVISO: Esse texto contém vários spoilers de Undertale. Ter jogado não é necessário para sua compreensão, mas é recomendado.
Eu não lembro exatamente quando eu comprei Undertale, provavelmente na primeira ou segunda promoção desde seu lançamento. Na época, jogos Indies estavam começando a surpreender com a sua qualidade, e esse estava entre vários outros no meu radar. Com a reação positiva que ele recebeu, eu não tardei em adicionar ele para minha biblioteca, mas é claro só iria começar a jogar depois que terminasse todas as pendências. No meio tempo eu acabei esbarrando com a parte mais, erm… Irritante da fanbase. Não é algo exclusivo desse jogo, absolutamente tudo tem a sua dose de fãs obnóxios, e eu acredito que todo mundo já teve uma experiência ruim com algo só por causa de sua fanbase e não pela qualidade do produto em si.
Então é claro, eu não queria me forçar a jogar ele só para ficar procurando defeitos, mas ao mesmo tempo fui perdendo a vontade de jogá-lo. Era impossível participar de qualquer fórum ou rede social sem algum meme ou discussão de Undertale, e eventualmente eu já sabia metade do jogo sem nunca sequer ter rodado ele pela primeira vez. Já conhecia todos os personagens, sabia da existência das rotas pacifista e genocida, sabia que a rota genocida “manchava” o seu save para sempre, e é claro, provavelmente ouvi toda e qualquer trilha sonora icônica do jogo. Foi apenas recentemente que um amigo me impulsionou a jogar finalmente, e sem nada melhor para fazer eu decidi dar uma chance, mesmo que de contragosto. Eu já tinha perdido a experiência de descobrir as várias mecânicas e personagens, o que mais poderia me surpreender?
Nomeie o “humano que caiu” (não disse qual).
Muito mais do que eu esperava aparentemente, logo nas Ruínas eu já estava investido em sua história. Undertale anda uma linha tênue entre subverter sistemas de jogo e usar eles a seu favor. “Ludonarrativa” é um termo bastante utilizado hoje em dia para jogos que tentam entregar um pouco mais na história do que simplesmente um contexto para a jogabilidade, e eu acredito que Undertale seja um dos melhores exemplos de como isso pode ser usado de forma inovadora, tanto que somos bombardeados por isso logo no início. Os sistemas de tutorial são simplificados ainda mais por Toriel, o que serve para desenvolver ainda mais o personagem dela como uma criatura extremamente protetora e pacífica. Logo somos introduzidos a um sistema de RPG onde você deve EVITAR combate, mesmo ele jamais tirando sua opção de lutar. Nas primeiras horas já tivemos todos os sistemas de jogo explicado para nós enquanto somos introduzidos aos personagens e ambientação contidos em Undertale simultaneamente. Nós temos as regras do jogo (que são extremamente incomuns para um RPG de turno), uma introdução a uma das personagens mais carismáticas já feitas, uma boa amostra do que esperar das suas trilhas e, logo ao sair, uma chance de ser sua primeira quebra da quarta parede ao julgar o JOGADOR por ter matado e depois carregado para poupar Toriel.
Acho seguro dizer que a esmagadora maior parte dos jogadores não vai querer matar Toriel, mas nós somos levados a acreditar que precisamos pelo menos enfraquecê-la até podermos poupá-la, até eventualmente um ataque causar MUITO mais dano do que esperado. Isso é intencional, e eu provavelmente teria caído nessa armadilha se tivesse jogado no lançamento. Que o Flowey reconhece e menciona a sua habilidade de salvar não é só um dos principais momentos de Undertale usando a mencionada ludo narrativa de uma forma completamente bizarra a seu favor, também é um momento feito para deixar os jogadores pensando “Posso ter os mesmos poderes do Flowey, mas não significa que sou igual”. E isso é crucial mais para frente.
Voltando a minha própria experiência, ao explorar Snowdin eu percebi que boa parte das músicas de ambientação não foram tão utilizadas quanto as de chefes pela sua fanbase, e eu não acho que estou exagerando quando eu digo que a trilha sonora é um dos pilares do jogo. Um amigo meu que perseguiu carreira de música é completamente fascinado por OSTs de videogame e usou elas em vários trabalhos de pós-graduação. Segundo ele, as melhores no gênero são uma categoria completamente diferente de música por não serem obras feitas com intuito de vender discos, capitalizar em popularidade, ou até mesmo como uma expressão do próprio artista. São músicas feitas para serem acompanhadas de certos cenários, personagens e/ou sentimentos, e as vezes precisam até reagir a ações dos jogadores. São emoções em áudio.
Apesar do tom dramático e talvez pretensioso, não é difícil entender o ponto de vista dele. Persona 5 consegue canalizar o desejo por mudanças com Life Will Change e Wake Up, Get Up, Get Out There. Uma melancolia de luto com The Days When My Mother Was There. Ou talvez invocar um desgosto enorme por tarefas repetidas como se fosse a mesma batida de novo e de novo e… Imagino que vocês saibam qual música eu estou me referindo.
Vários outros exemplos existem para corroborar a idéia, Klonoa, Einhander, Legend of Zelda, Demon’s Souls, Shadow of the Colossus, Final Fantasy… Até mesmo usar trilhas existentes podem tomar um novo significado no contexto de um jogo, como o famoso momento onde Asylum for the Feelings toca no contexto de Death Stranding. Músicas em videogames podem ser partes importantes da experiência.
E Undertale não é exceção. Como um simples exemplo, logo no começo temos uma trilha de 20 segundos que só é usada em toda a duração do jogo nesses 20 segundos, para te fazer questionar se você está sendo traído ou abandonado.
Infelizmente essa parte falhou comigo pois eu já sabia que Toriel era de confiança quando eu comecei a jogar, mas isso não me impediu de notar e apreciar o esforço feito para uma única música te induzir a questionar coisas sem que nenhum diálogo seja necessário. O tema reflexivo das Cataratas quando começamos a entender o mundo dos monstros, o tema de Mad Dummy repetindo três notas assim como o personagem repetindo três palavras, o tom heróico de Spear of Justice e vingativo de Battle Against a True Hero, absolutamente toda música serve como um realçador para os personagens, história e ambientação. Fora a dinamicidade das trilhas da rota genocida tomarem tons completamente diferentes e sombrios como um exemplo dela reagindo a suas ações. De fato, eu poderia passar por quase toda música e falar do quão genial ela é em contexto ou em mérito próprio, mas eu acho que simplesmente tocar His Theme para alguém que já zerou e ver as lágrimas já prova o ponto da importância de sua OST.
E então eu senti que realmente começava minha jornada, qualquer receio que eu tinha já havia desaparecido e Undertale já estava começando a deixar sua marca em mim. Tanto que já estava até me jogando fora de minha zona de conforto.
O que eu quero dizer com isso, é que quando dada a opção eu geralmente faço meus personagens serem moralmente corretos com uma boa dose de “anti-herói”. Não é o arquétipo mais original ou interessante, mas é o que eu mais me sinto confortável. Fallout, Outer Worlds, Divinity, quando eu estou em controle da história esse sempre é o molde do meu personagem, porém em Undertale eu estava DETERMINADO (impossível falar desse jogo sem fazer essa piada pelo menos uma vez) a ser o estereótipo do mocinho que jamais faz mal, e não somente porquê isso é o pré-requisito para o verdadeiro final, mas pelo simples voto de confiança que Toriel nos dá ao sair das ruínas. Qualquer morte causada por mim também seria culpa dela por nos salvar e posteriormente nos deixar ir (mesmo que relutante). Quantas vezes você se sentiu tão apegado a um personagem que isso te fez mudar a percepção do que você deveria fazer em um jogo? Talvez eu seja apático, mas isso não acontece com muita frequência. Sim eu escolho um personagem moralmente correto, mas não por afeição a qualquer personagem e sim pelo que eu mesmo gosto de fazer, e mesmo assim eu resisti lutar de volta em várias ocasiões que se fosse qualquer outro jogo eu retaliaria.
EU VOU TE MOSTRAR QUEM É O PIRR… Não. Paciência. Tem que ter uma outra alternativa!
Mas essa é uma das mensagens do jogo, o primeiro grande momento de compreensão sobre “o que é Undertale?”. Papyrus tem como objetivo ser capitão da Guarda Real, o objetivo que ele vocaliza para todos é ser admirado como um herói, e não é até o confronto conosco que ele realmente coloca em questão se isso é o que ele realmente sente. Sendo um dos personagens de melhor índole, esse conflito não parece tão grande, mas ainda é algo perceptível desde a primeira introdução onde ele se demonstra animado com a idéia de capturar um humano até mesmo desativar uma armadilha que ele julgava ser perigoso demais.
Todos os personagens passam pelo mesmo processo de auto-avaliação, Undyne em perceber que nem todo humano seria um vilão cruel, Mettatton ao ter um objetivo tão focado que perdeu visão do resto que é igualmente importante, Alphys em confrontar seus erros e aceitar quem ela é ao invés de quem ela gostaria de ser, até mesmo Toriel e Asgore ao perceber o quato o julgamento de cada mudou por causa do luto.
Tal processo nunca é unilateral também, nós temos que mostrar compreensão e até mesmo um certo nível de sacrifício para ajudar todos chegarem nessa conclusão. Retaliar ao primeiro sinal de conflito pode não parecer moralmente errado de início, mas depois de conhecer a história de cada um e perceber que ninguém aqui é uma realmente uma ameaça, isso ainda é verdade?
Como Sans mesmo diz em seu julgamento na rota pacifista. “Você nunca ganhou nenhum nível. É claro, isso não siginifica que você é completamente inocente ou ingênuo, só que você manteve um pouco de sensibilidade em seu coração. Independente dos desafios a sua frente, você se esforçava para fazer a coisa certa. Você se recusou a machucar qualquer um que fosse, mesmo quando teve que fugir, você o fez com um sorriso.”
Undertale é excelente quando jogado nos termos dele, cada personagem tem uma personalidade distinta e um carisma enorme que os colocam em primeiro plano. Assim como boa parte dos RPGs que incentivam interação entre seus party members (como Persona, Tales of, Legend of Heroes, Record of Agarest War, Valkyria Chronicles) eles se tornam o jogo. São como se fossem amigos na vida real, e presenciar o crescimento deles é algo que fica gravado em você, como o momento que você percebe que o Sans não era tão pacífico assim e passou por um momento de reflexão igual ao esbarrar caminhos com Toriel.
Com tudo isso, posso dizer que já são qualidades o suficiente para considerar um jogo perfeito dentro de seu objetivo. Mesmo com o seu começo parado, visuais horrendos, e um sistema de batalha talvez um pouco mais rígido do que realmente deveria ser, nenhuma falha é grande o suficiente para realmente derrubar a qualidade do jogo com um todo. Mas Undertale não se contentou com isso, ele ainda tem uma última lição nada sutil para todo mundo que chegou até o seu final, e fez o que todo jogador faz quando termina um jogo que significou tanto para gente. Iniciamos um new game plus.
É nesse momento que voltamos para o início do jogo (e do texto). Sua total falta de sutileza ao mencionar que é um jogo enquanto faz com que você sinta que é mais do que simplesmente isso.
Em outras palavras, toda essa jornada, toda essa experiência, ela significou algo para você? Se sim, suma daqui, Undertale serviu seu propósito. Caso contrário, essa obsessão por acaso vai te trazer alguma coisa? E você ainda pode dizer que é diferente de Flowey que viveu a mesma história tantas vezes até pegar apatia por ela e todos contidos nela? Como Asriel diz: Você não tem nada melhor pra fazer?
Foi nesse momento que Undertale se tornou uma verdadeira experiência e não somente um jogo para mim. Eu jamais teria a coragem de fazer uma jogatina genocida após conhecer e gostar tanto de cada um desses personagens, mas mesmo revivendo a mesma história, eu poderia dizer que ela significou algo para mim além desse mundo contido? Depois de ajudar todos os monstros a conseguir sua esperança de volta e um futuro novo, Asriel retribui o favor ao pedir que você faça o mesmo com aquele triste sorriso de um adeus.
Depois disso eu fiquei alguns dias sem vontade de começar nenhum outro jogo enquanto ponderava o que é que eu acabei de zerar. Conforme esses pensamentos tomaram forma eu os pus aqui, deletei o jogo e todos os arquivos, preferencialmente para sempre. Em rumo ao próximo jogo, a próxima análise, a próxima grande aventura, seja simulada ou real.
Sim… Undertale é uma experiência incomum que nos coloca em tipo diferente de protagonismo.
Black Clover, quando me apresentaram a primeira vez simplesmente achei que seria mais um daqueles Shounen padrão, onde o protagonista sempre consegue tirar poder do nada pra derrotar aquele inimigo, mas meu amigo me “vendeu” o mangá quando disse que usavam magias e que tinham grimórios com essas magias, e era um mangá onde existe um protagonista porém nem sempre ele é a peça principal, é um Shounen realmente diferente, que valoriza muito o trabalho individual de cada personagem, e também valoriza ainda mais o trabalho em equipe e os laços de amizade entre esses personagens, e faz fluir como se fosse algo natural, e não meio que forçado como já vimos em outros mangás/animes (é você mesmo Fairy Tail).
Porém uma coisa me chamou muita atenção nesse mangá, e foi a quantidade incrível de mulheres absurdamente poderosas, e algumas com poderes até absurdos por assim dizer, que tornam elas únicas em todo o mundo dos mangás. Em outros mangás/animes já vimos muitas mulheres poderosas, como a Tsunade de Naruto, Erza e Mirajane de Fairy Tail, Yoruichi de Bleach, porém elas em si não tiveram suas histórias muito desenvolvidas durante o decorrer do anime/mangá, talvez não tenham recebido por falta de necessidade, ou por falta de tempo para ser desenvolvido, porém o que vemos em Black Clover é algo diferente, tem várias mulheres absurdamente poderosas, e todas bem desenvolvidas, aqui vai uma pequena lista das mulheres incrivelmente poderosas de Black Clover.
Lembrando que o Anime de Black Clover está diponível em simulcast pela Crunchyroll, com episódios novos toda terça feira.
!!! ATENÇÃO, SPOILERS DO ANIME/MANGÁ !!!
Noelle Silva
Origem de família Nobre, uma das 3 grandes famílias do Reino Clover, irmã mais nova de 3 outros prodígios da magia, todos da família abençoados com uma mana gigantesca, porém Noelle foi tratada sempre como uma ovelha negra da família, pois sua mãe morreu logo depois de dar a luz a ela, e ela nasceu com problemas para controlar a sua mana, desde pequena sempre foi alvo de piadas dentre seus irmãos, e sempre menosprezada dentro da família, pois como uma nobre como ela, abençoada pela mana, não tinha controle sobre a mesma? Ela cresceu sofrendo todo tipo de rejeição de sua família, que inclusive no dia mais importante, que seria a decisão de qual esquadrão ela iria se juntar, o esquadrão comandado por seu irmão, a ignorou completamente, assim como todos os outros esquadrões, exceto um, o pior esquadrão de todos, os Touros negros, e tudo isso aconteceu meio que na surdina, pois ela apareceu depois do Asta no QG dos touros negros.
Durante os arcos podemos ver o quanto ela se dedicou ao treinamento, com a ajuda da Vanessa que levou ela para comprar uma varinha, que servirá de catalisador para ajudar a controlar a mana, mas mesmo assim não foi de muita serventia no início, pois mesmo com essa ferramenta que era pra ajudar muito o seu controle, ela ainda tinha muitos problemas, mas conforme o passar dos arcos da história vamos vendo ela melhorando cada vez mais, e sempre aparecia ela escondida durante a noite treinando incessantemente, treinando escondida, pois mesmo sem nenhum dos irmãos por perto ela temia que alguém dos touros negros fossem julgar ela por ser do jeito que ela é.
Todo esse treino deu frutos, pois no arco do templo subaquático, na luta contra o Vetto, ela aprendeu uma magia extremamente poderosa, que foi decisiva na batalha, o Rugido do Dragão do Mar uma magia que cria um dragão de água absurdamente poderoso, que arrancou o braço de Vetto, e destruiu a parede do templo que até então nenhuma magia tinha conseguido penetrar, também usou essa magia mais na frente contra seu irmão durante uma batalha, sendo esse o golpe final, e encerrando a batalha deixando seu irmão sem saber o que aconteceu, e se perguntando de onde ela conseguiu um feitiço tão poderoso.
Rugido do Dragão do Mar
Porém mal sabia ele que aquela magia ainda não era nada perto do que ainda estaria por vir, durante os eventos mais recentes, no arco dos elfos, ela se viu desesperada, quase perdendo a batalha ao lado do seu irmão, capitão das Águias Prateadas, tentando proteger seu irmão Solid, e sua irmã que estavam feridos, de um elfo que havia tomado controle do corpo de uma maga do Alvorecer Dourado, e após ver que seu irmão Nozel, tinha sofrido um ataque, seu desespero e sua vontade de proteger, e mostrar aos seus irmãos de uma vez por todas que ela é realmente uma maga poderosa, seu grimório brilhou e lhe presenteou com a magia mais poderosa da família Silva, uma magia que apenas a mãe deles possuía, o Vestido da Valquíria uma armadura de água, que melhora incrivelmente todos os seus atributos, e permite que ela voe livremente, com uma agilidade absurda, e logo após ela encerra a luta, saindo vitoriosa e salvando seus irmãos e finalmente sendo reconhecida por eles como uma Silva poderosa assim como sua mãe era, bem como sua força indiscutivelmente absurda.
Noelle usando Valkyrie Dress pela primeira vez no mangá
Na Proxima Semana irei falar sobre a incrível e gigantescamente poderosa Charmy Pappitson.
Nos últimos dias, inúmeros vídeos de Pokémon Sword and Shield circulam pela internet devido ao vazamento do game por hackers para Nintendo Switch modificados.
Mas, aparentemente, nem todo reporte negativo de bugs ou algo semelhante é verdadeiro, pelo menos é o que diz o site Nintenderos. De acordo com o site, um número considerável de streamers do game foram pegos modificando o jogo com a ideia de fazer parecê-lo pior. Essa modificação influencia em muitos aspectos do game, como animações, gráficos e alguns aspectos visuais.
Pelo visto, se você quiser realmente ver a gameplay real com seus problemas, terá de esperar até o dia 15 de novembro para ver Pokémon Sword and Shield rodando no Nintendo Switch com seus próprios olhos.
Aqui está um exemplo do game sendo modificado (alerta de spoiler à frente):
Foi anunciado no perfil de Toby Fox no Twitter, criador de Undertale e compositor de Little Town Hero, que este também compôs uma música não anunciada para Pokémon Sword e Shield.
Hey, I'm finally allowed to announce this: I was asked to compose a track for Pokémon Sword & Shield! It's a huge honor to be asked to be part of something like this. I hope you enjoy hearing it when the game comes out! pic.twitter.com/VmroEgJWqI
Lançado em 3 de Agosto de 2013, o jogo Brothers é uma aventura baseada em Puzzles que faz com que o jogador controle dois personagens, cada um com habilidades especificas, para conseguir avançar no cenário.
No início pode ser um pouquinho complicado mas é adaptável, e caso você queira burlar a regra, pode chamar o irmãozinho ou o amiguinho para te acompanhar nesse mundo belíssimo, cheio de criaturas bizarras e aranhas traiçoeiras. Dessa forma acaba ficando até mais divertido.
A trilha sonora e a direção de arte é impecável, os cenários do jogo são visualmente esplêndidos e conseguem remeter com sucesso a tempos mais antigos. Sem falar que o jogo é feito com muita originalidade e criatividade, a game play é curtinha, durando no máximo 6 horas e vale muito a pena explorar cada detalhe do mapa.
A História de Brothers: A Tale of two Sons – ALERTA DE SPOILERS
O início do jogo mostra a mãe dos dois meninos morrendo em um naufrágio. O irmão menor que estava no barco com ela, acaba não conseguindo salvá-la, e não bastando isso, o pai também se encontra em um sério estado, correndo o risco de morte. Tendo que lidar com a dor da morte da mãe, as duas crianças vão em busca de uma suposta água que corre pela fonte da árvore da vida, capaz de curar o pai. Mas essa aventura, guarda mais para frente surpresas dolorosas.
Partindo em busca da água, os dois irmãos enfrentam gigantes, lobos e uma seita bem estranha. Eles ajudam muitas pessoas ao decorrer também. E tem um ogrinho muito gente boa que guiam os dois em boa parte da aventura. Está tudo indo bem, até quando eles encontram uma moça (que conseguia pular qualquer coisa com muita facilidade) algo muito estranho.
Ela então, os ajuda de modo muito suspeito e dá o bote (nem era uma cobra, era uma mulher aranha). E não era uma heroína, como o Peter Parker, era uma maldita traiçoeira.
Os dois irmãos já tinham chegado longe na jornada, e o irmão mais velho é picado morrendo aos pés da árvore da vida e na frente do mais novo. Algo muito triste, porque eles já tinham perdido a mãe e o pai estava quase morrendo. Como pode uma criança suportar tanto sofrimento assim?
Em meio a tanta dor, é admirável o fato do menos velho ter seguido em frente e conseguir salvar o pai. Sendo que agora ambos devem lidar com a perda de dois entes queridos.
Afinal, mesmo se as pessoas que amamos partirem, ainda temos que seguir em frente, não é? Mesmo que seja doloroso e achemos que não iremos conseguir sobreviver; a vida continua e cada um de nós temos nossas próprias jornadas para viver.
E você? Até onde você iria pelas pessoas que você ama?
Prós:
Cenário bem construído;
Jogabilidade divertida;
Originalidade;
História cativante;
Carneirinhos e ovelhinhas;
Trilha sonora excelente.
Cons:
Bugs da jogabilidade em seções de plataforma.
NOTA FINAL: ☕☕☕☕☕/ 5
A mensagem mais bonita da obra é a de que podemos ir longe por amor, mesmo que nesse caminho tortuoso haja perdas e seja difícil suportar.
O motivo que tornou tão popular a série foi justamente os temas discutidos entre os personagens. Os assuntos envolviam questões filosóficas e psicológicas. A forma que os criadores abordaram esses tópicos foi em torno da relação dos “Anjos”, espécie não-humana que ataca a terra, e os humanos, que pilotam mechas denominados de EVA para derrotar os Anjos. Dentro deste conflito é destacado a percepção do protagonista, Shinji, diante deste embate.
Da esquerda pra direita: Gendo Ikari, EVA001, Shinji Ikari, Misato Katsuragi e Ritsuko Akagi.
O jovem Shinji Ikari é um dos personagens mais bem construídos do anime. Ao decorrer dos eventos retratados na série, suas emoções e conflitos internos são explorados com exaustão. Durante as situações de perigo que vivencia, ele reflete sobre a experiência de vida que teve até aquele momento. Nessas ocasiões, ele passa a superar os fantasmas de seu passado. Shinji, durante sua trajetória foi marcado por vários traumas. Sua mãe desapareceu quando era criança e logo depois deste episódio seu pai o abandonou. Deste este episódio, Shinji passou a perder interesse nas pessoas a seu arredor. Esses traumas durante a infância passaram a marcar o personagem. Quando em um momento oportuno seu pai o convoca para pilotar a unidade EVA, ele pensa que esse seria o momento ideal de reconciliação, mas seu pai tinha outros interesses. Seu pai, Gendo Ikari, tinha como propósito colocar em prática seu projeto de instrumentalização humana.
Gendo Ikari, pai de Shinji, em sua famosa pose.
O pai de Shinji tinha o comando do centro de operações da NERV, organização criada para derrotar os “Anjos”. Seu objetivo era abater 17 anjos para ativar o projeto de instrumentalização humana. Essa iniciativa tinha como propósito juntar toda a essência humana em um único corpo. Dessa maneira a humanidade estaria mais resistente para enfrentar um novo horizonte sem sofrimento ou perdas. A necessidade de juntar a essência humana em um único corpo estaria na eliminação da individualidade de cada ser humano. Eliminado as barreiras que separam cada indivíduo, “AT Field”, os atritos causados pelas diferenças de cada ser seriam eliminadas. Tornar a raça humana uma só seria a única forma de garantir a sobrevivência humana para o futuro, segundo a visão de Gendo. Diante dessa situação, o anime busca questionar a maneira que é lidado lessa essência que faz cada ser humano ser único. Através dos olhos de Shinji torna possível enxergar essa questão. Depois de todos esses traumas no passado, ele passa questionar sua presença no mundo. Os abandonos que sofreu na infância o faz refletir sua relevância dentro da sociedade. Seu sofrimento o faz isolar de todos como forma de evitar a criação de futuras mágoas. Essa angústia do personagem é levado até o momento derradeiro do anime onde deve decidir o futuro da humanidade.
No momento em que Gendo consegue colocar em prática a instrumentalização da humanidade, Shinji acaba sendo envolvido e recebe a oportunidade de decidir não só seu destino mas como da sociedade como um todo. O jovem Shinji tinha em suas missões a árdua tarefa de escolher o prosseguimento da instrumentalização ou salvar a humanidade impedindo-a de continuar nesse projeto. Neste momento do anime, o protagonista passou a refletir sobre os relacionamentos que construiu até aquele instante. Quando percebeu que os sentimentos desenvolvidos com sua equipe de pilotos da EVA, ele viu que tinha construído um laço social bem sólido. Suas discussões com a Asuka Langley, a familiaridade do rosto de Rei Anayami e a forma que Misato Katsutagi lhe acolheu durante sua jornada foram fortes fatores que Shinji pudesse superar aquele passado de mágoas e impedir a consolidação da instrumentalização humana. Para Shinji, o que fazia a espécie humana ser única era a forma que a diferença entra cada indivíduo era um fator crucial para formar laços emocionais.
Os pais de Shinji.
A forma que o anime aborda a questão de individualidade leva a refletir sobre muitas questões. Pela abordagem feita na série, possibilita que essa questão é colocado a tona para discutir sobre depressão. Os conflitos emocionais de Shinji e sua busca de se colocar dentro da sociedade são situações vivenciadas por muitas pessoas. Pelo fato dessas questões serem abordadas no anime contribui para sua receptividade com o público. A discussão desse problema e as formas apresentadas para contorna-la durante a série fez com que tornasse relevante até os dias de hoje.