Alex Kidd in Miracle World DX – Banho de Nostalgia

Alex Kidd in Miracle World DX é uma versão refeita do clássico homônimo lançado originalmente no Master System, em 1986. O jogo foi desenvolvido pela Jankenteam e distribuído pela Merge Games com a autorização da SEGA, que ainda mantém os direitos sobre a franquia. Ele foi lançado para Playstation 4/5, Nintendo Switch, Xbox One/Series X e S, e Microsoft Windows, no dia 22 de Junho.

O carismático orelhudo degustador de oniguiri voltou a ação depois de 35 anos sem protagonizar um jogo próprio. Nessa versão refeita feita por fãs de longa data da franquia buscaram adaptar o jogo original para os padrões tecnológicos e estéticos da atualidade. Este formato visou atualizar a as aventuras do Alex Kidd para uma nova geração que nunca tiveram contato com a franquia e também agradar aqueles que cresceram com o personagem.

Clássica batalha contra o polvo do estágio inicial.

A história do jogo segue o mesmo preceito do original onde o impiedoso Janken tenta conquistar o reino de Radaxian e Alex Kidd precisa derrotá-lo para restaurar a paz em seu reino. A grande diferença nessa versão que os desenvolvedores buscaram ampliar o escopo adicionando conversas opcionais com NPCs e novos diálogos entre o Alex Kidd e os chefes que contribuíram para situar melhor o contexto onde os eventos da narrativa ocorrem. Esse cuidado na história possibilitou também fazer conexões com as tramas dos outros jogos do orelhudo.

A jogabilidade continua a mesma do original. Inclusive grande parte das fases não tiveram alterações na sua estrutura. As modificações foram mais para alterar a posição dos itens e adicionar colecionáveis como cartazes antigos do jogo e gravuras do Master System. Os equipamentos que o Alex Kidd utiliza durante a aventura como o anelzinho, a bengala voadora e o multiplicador de clones continuam presentes mas com um visual mais arrojado. Os conhecidos veículos como o Peticóptero, a moto e a lancha voltaram e ainda teve a adição de um novo meio de locomoção. Uma grande mudança em relação ao jogo original que agora é indicado os objetos necessários a serem coletados para fazer o final. Anteriormente não havia qualquer menção sobre a necessidade de pegar a cartinha do Castelo Radaxian para fazer o final verdadeiro e agora nesta versão não existe mais a possibilidade de avançar sem coletar este item.

O icônico Peticóptero retorna para mais uma aventura do Alex Kidd.

Além da campanha principal existem dois novos modos de jogo. O primeiro é a Aventura Clássica que permite jogar a aventura original do Master System. A segunda é o Desafio de Chefes onde Alex Kidd precisa derrotar todos os chefes do jogo em um torneio de Jankenpo. Esse modo tem formato parecido com as incursões “arcade” dos jogos de luta onde obrigam o jogador enfrentar uma sequência determinada de oponentes.

A direção de arte do jogo destaque a parte. A remodelação de todos os cenários do jogo ficou deslumbrante. Os novos modelos dos personagens deram um novo toque carismático a eles. A trilho sonora original teve mixagem com diversos ritmos que deram um frescor musical agradável e existe a possibilidade também de alternar entre os ritmos originais e os novos. Um recurso interessante que adicionaram ao jogo é a possibilidade de alternar entre o gráfico moderno e antigo. Essa funcionalidade é bem interessante por proporcionar breves sensações nostálgicas.

O único ponto negativo está nos controles da versão moderna do Alex Kidd. Ele não tem a mesma precisão de pulo e no andar como no antigo. O personagem derrapa com muita facilidade causando situações frustrantes nos momentos mais tensos.

Alex Kidd in Miracle World DX é um jogo bastante divertido que conseguiu manter a substância original e modernizar sua jogabilidade de forma que atraísse diferentes públicos além de seus fãs de longa data. Esse jogo foi um retorno triunfal para este icônico personagem que marcou gerações.

PROS:

  • Novos visuais dos personagens
  • Enredo expandido
  • Novo arranjo da trilha sonora
  • Cenários deslumbrantes

CONS:

  • Movimentação do Alex Kidd moderno

NOTA: ☕☕☕☕

PLATAFORMAS:

  • Microsoft Windows (Plataforma analisada)
  • Nintendo Switch
  • Playstation 4/5
  • Xbox One/Series S/X

Alex Kidd in Miracle World DX é um jogo bastante divertido que conseguiu manter a substância original e modernizar sua jogabilidade de forma que atraísse diferentes públicos além de seus fãs de longa data. Esse jogo foi um retorno triunfal para este icônico personagem que marcou gerações.


Guilty Gear Strive – O melhor álbum (com o melhor minigame)

https://youtu.be/6s13zCCY50U

Guilty Gear tem uma história e tanto na FGC, um jogo de luta com visuais inspirados em estética anime e que serviria de base para um subgênero inteiro nos jogos de luta caracterizados pela rapidez do combate e opções únicas de movimento como air dashes. Apesar de sua influência, o jogo sempre foi considerado um kusoge pela sua fanbase. Em outras palavras, um jogo quebrado e desbalanceado, mas divertido de se jogar. Com o passar do tempo a Arc System Works foi melhorando sua expertise em jogos de luta para obter um polimento e balanceamento melhor, mas antes que pudessem evoluir a série houve problemas com os direitos autorais da série por causa de um acordo legal mal-feito. Após muito tempo eles conseguiram os direitos da franquia de novo e retomaram de onde pararam.

-STRIVE- é um grande passo para a série onde reinventa vários conceitos do gênero e até mesmo da sua própria série, mas continua com as mesmas ambições de seu lançamento: ser um jogo de luta com estética anime que fosse tão cinemático quanto complexo com uma trilha sonora inspirada por metal dos anos 70~80. Dentro da fanbase até se brinca que Guilty Gear é “uma banda de metal que usa um minigame para divulgar seus álbuns”, e tal fama existe pela qualidade soberba de suas trilhas sonoras. De forma resumida, Strive ainda é um Guilty Gear em alma e nome. Combate, trilha sonora, estética e espetáculo, em muitos aspectos é o pico da série até o momento. Nem tudo está perfeito ainda, mas pelo menos estão com um balanço positivo.

Começando pelas falhas, e a maior entre elas: sua interface. Apesar de esteticamente se manter ao tema, ligar o jogo demora dentro de 5 a 7 minutos para se conectar aos servidores. Após isso é mais uma espera de 5 minutos para entrar nos modos online. Depois dessa espera ainda poderá ter problemas com os lobbies que as vezes não conectam os jogadores em uma partida corretamente e é resetado a cada vez que seu rank sobe ou desce. Isso também não pode ser mitigado em partidas casuais ou com amigos, tendo em vista que o jogo não tem um sistema de convite para amigos e encontrar salas especificas requer um tanto de criatividade e coordenação. Até chegar em uma partida, Strive é extremamente frustrante.

Sua segunda grande falha e falta de conteúdo single-player significativo. É difícil recomendá-lo para quem não gosta do aspecto competitivo do gênero. Há um modo história que é basicamente uma temporada de anime com 9 episódios totalizando um pouco mais que 4 horas de duração, não é entregue quaisquer conceitos ou recapitulações para habituar novatos ao mundo de Guilty Gear. O jogo conta com um codex com breve resumos de terminologia e eventos passados, mas o pacote como um todo não é sensacional que valha a experiência toda. O modo história é um adicional legal para quem acompanha a série e até mesmo quem gosta de animes no geral, mas não agrega muito no valor do jogo como um todo. O modo arcade se resume a 7 lutas contra personagens controlados pelo computador, e um chefe que usa um personagem modificado com mais vida, mais dano, invencibilidade em vários golpes e leitura de inputs. Não é exatamente uma experiência amigável para novatos e nem sequer divertida para veteranos, é uma luta que exige um estilo de jogo completamente diferente e que jamais funcionaria em uma partida normal. Por fim temos o modo missão que explica todas as mecânicas do jogo. Seus temas são abrangentes o suficiente para abordar tudo necessário sobre o jogo, porém a explicação talvez não seja a mais amigável para iniciantes. A vantagem é que o tutorial de fato só cobre o básico e depois faz uma calibração automática para te colocar no andar certo, então ele não é intimidador de início. Mas para quem gostaria de se aprofundar e aprender, Strive é enganosamente complicado. Perfeitamente possível de se aprender, mas não tão simples quanto dizem.

Partindo para seus pontos fortes agora, a primeira coisa que precisa ser realçada é seu netcode excelente. Um jogo de luta é extremamente dependente de reações e do competitivo, Strive permite achar partidas estáveis através de continentes com pouco ou quase nenhum lag. Combinando isso com o recente pico na popularidade ele realmente se torna um jogo ótimo para iniciantes pois todo nível de habilidade é garantido encontrar partidas juntas. Independente de quão bom ou ruim cada um se veja, alguém no mundo está na mesma situação, e ao jogarem juntos é uma rota sem fricção e divertida para se melhorar. Guilty Gear Strive é um jogo extremamente acessível sem sacrificar sua complexidade, um balanço raríssimo de se encontrar. O modo treino contém várias opções permitindo testar várias possibilidades e até mesmo gravar seus próprios combos para treinar em repetição caso seja necessário. Há opções para treinar contra-ataques, okizeme, frame traps e muito mais. Tudo de forma intuitiva para que mesmo quem não conheça esses termos irão usar essas funções mesmo sem perceber.

E é claro, Strive não decepciona no espetáculo também. Provavelmente o jogo de luta mais bonito até o momento, com um 3D especializado que trazem a estética anime de uma forma natural e dinâmica. Assistir uma partida de torneio é como assistir uma luta de shounen ao vivo, com incríveis efeitos especiais e animações claras e bem trabalhadas. Tudo isso com uma das trilhas sonoras mais marcantes da série, com novos temas para seus 15 personagens especiais refletindo sua história até o momento. A insanidade de Faust, a dualidade de Milia, a agonia de Zato=1, as claras inspirações em MPB para representar a novata brasileira Giovanna, e até mesmo a contradição de May com uma música de idol em moldes de metal.

Para esclarecer, deixo uma tier list dos temas de personagens do jogo.

Em suma, Guilty Gear -Strive- é uma das melhores experiências que se pode ter competitivamente com um jogo de luta no momento. Para amantes de multiplayer que estão cansados da dinâmica de times de MOBAs e jogos de tiro não há hora melhor para tentar sua chance em um modelo 1 vs 1. Porém seu conteúdo single player ainda deixa a desejar, não há nada que justifique uma compra se não for para aproveitar suas partidas online ou versus local.

PROS:

  • Excelente trilha sonora. Marcante, expressiva e muito bem utilizada;
  • Tão boa que merece dois pontos em “pros” dedicado a ela;
  • Visualmente deslumbrante;
  • Jogabilidade muito bem executada;
  • Tem uma camada inteira de complexidade para entusiastas do gênero;
  • Netcode ótimo permite partidas ao redor do mundo sem lag.

CONS:

  • O sistema de lobbies para ranqueadas ou para amigos é péssimo;
  • Pouco conteúdo single-player;
  • Um dos piores chefes finais que o gênero já viu;
  • Apesar de ser um título “introdutório” para a série ainda não é o melhor para um iniciante;
  • Navegar entre os menus é excessivamente lento.

PLATAFORMAS:

  • PC – Steam (Plataforma analisada);
  • PlayStation 4/5.

NOTA: ☕️☕️☕️☕️

Sou o primeiro a admitir que estava muito cético com GG Strive pelos primeiros anúncios. O gênero estava em areia movediça com a teimosia das desenvolvedoras a aceitarem a importância da infraestrutura online, com a metodologia errada para chamar uma audiência nova, e um foco em eSports por um ângulo errado. O gênero precisava desesperadamente de uma evolução e não era uma tão complicada. Indies como Them Fighting Herds, Power Rangers Battle for the Grid ou Fighting EX Layer todos tomaram esses passos primeiro e começaram a atrair atenção, já passou do tempo que as produtoras AAA tomassem algumas notas. Guilty Gear Strive é de longe o meu favorito da série e provavelmente entra no meu top 5 do gênero, mas ainda não é o melhor que eu joguei nem o meu favorito pessoal. Arc System Works ainda pode melhorar, há sistemas dos primeiros BlazBlue que foram aplicados melhor do que Strive, e eu ainda espero ver um jogo deles que combine a melhor parte de todos seus projetos. E por fim:

Arc System Works sabia que não podia mudar o lobby a tempo, então ao invés de refletir sobre si mesmos, eles escolheram culpar a pandemia.


Ender Lilies – O fardo da purificação

ATUALIZAÇÃO: O jogo teve o seu preço alterado no lançamento, originalmente custava R$ 37,99 e agora foi para R$ 127,00. De acordo com o desenvolvedor houve um erro no processamento de preço regional e será consertado dentro de alguns dias, porém ele provavelmente não voltará para 38 reais pois houve um aumento no preço base do jogo. Segue a análise original sem alterações.

Ender Lilies: Quietus of the Knights é descrito pela desenvolvedora como um ARPG 2D de dark fantasy. Apesar de ter várias similaridades com metroidvanias, um RPG de ação 2D com certeza se encaixa melhor para definir o que esperar do jogo. Apesar de sua aparência típica do gênero, o foco de Ender Lilies é mais em combate e leve exploração do que rapidez, pulos precisos e uso criativos de habilidades para plataforming.

No jogo, vivemos a história de Lily, uma descendente da Sacerdotisa Branca. O poder da Sacerdotisa é purificar a Corrupção que aflige a Terra do Fim. Lily acorda sem memórias do que aconteceu antes, mas é logo posta ao teste e começa a sua jornada como Sacerdotisa salvando a alma de heróis afetados pela Corrupção. Cada chefe purificado se torna a alma de um aliado que Lily pode invocar para usar seu poder, e cada purificação causa um fardo em seu corpo.

E a primeira coisa que precisa ser dito sobre o jogo é sobre sua atmosfera. O que geralmente é apenas um ponto extra positivo ou negativo dito de relance para a maior parte dos jogos é peça central de Ender Lilies. Sua premissa é ser uma dark fantasy, um gênero que visa combinar fantasia comum com temas mais sérios e sombrios, como a famosa obra Berserk. A escolha desse tema modela todo aspecto de Ender Lilies, visual, trilha sonora, história, e em alguns casos até a jogabilidade. Mesmo que boa parte de metroidvanias usem temas góticos, pós-apocalípticos ou extraterrestres, nenhuma experiência é comparável com Ender Lilies que é constantemente melancólico, depressivo e desesperador. Dependendo das preferências de cada jogador isso pode ser um ponto positivo, negativo ou indiferente, mas vale ressaltar por sair drasticamente da curva do gênero, até mesmo de Hollow Knight que foi elogiado por características similares em seu lançamento.

A trilha sonora do jogo é excelente em evocar as emoções que deseja, mas talvez não seja o tipo de música que agrade a todos pelo seu tom solene e melancólico. Seu estilo artístico é excelente, porém há momentos que é extremamente saturado na cor vermelha a ponto de atrapalhar a visibilidade de ataques, itens e segredos. Em particular jogadores daltônicos com dificuldade em discernir a cor vermelha terão aqui uma das piores telas do gênero. Sua jogabilidade é responsiva e polida, porém há poucos usos criativos para mobilidade e poucas formas de se cancelar animações de forma eficiente. A história é interessante apesar de ser contada primariamente através de colecionáveis, mas como de se esperar são quase sempre sobre arrependimentos, decepções e laços rompidos.

Porém, apesar de não ser o foco deste jogo, a jogabilidade não desaponta. O combate de Ender Lilies é extremamente refinado, suas habilidades vão liberando aos poucos até conter um kit completo com parries, esquivas, iFrames, builds diferentes e ataques com boa visibilidade e tempo de reação (na maior parte das vezes). Cada bioma traz novos inimigos e novas ameaças, fazendo com o que o jogador nunca se acomode a um único estilo. Seu design de chefes é ótimo, tanto em apresentação, visual e mecânicas variadas.

Ender Lilies também tinha tudo para ser um dos jogos mais difíceis dentro do gênero, porém há duas coisas que o impedem de alcançar esse título. Em primeiro, e mais importante, não há quaisquer punições por morrer. Se Lily cair em combate você renasce no último save point com todos os itens e experiência adquiridas até então. Nunca há uma pressão para ser cuidadoso ou voltar caso não esteja confiante em enfrentar novos inimigos ou uma área desconhecida, o que tira qualquer tensão que a jogabilidade poderia oferecer. Em segundo lugar, o sistema de cura é extremamente inconsistente em sua inclusão. O sistema de curas limitadas por checkpoint costuma ser uma forma simples de se balancear o dano e sustentabilidade do combate, mas as únicas formas de aumentar os seus usos são com equipamentos limitados que quase nunca são a melhor escolha, seja para exploração ou chefes. Durante o jogo todo você tem acesso a três Rezas, as únicas melhorias são a quantidade que cada uso cura (para escalar com os bônus de vida). Para remediar trechos longos entre dois checkpoints, há algumas flores espalhadas pela tela que reabastecem um uso, ou curam a vida caso esteja cheia. O problema aqui é que a distribuição dessas flores é extremamente inconsistente. As vezes são abundantes em biomas fáceis e com vários checkpoints por perto enquanto os raros momentos que se tem um pico de dificuldade raramente têm uma única durante todo o trecho. O que alivia um pouco esse problema é que diferente de outros metroidvanias, Ender Lilies só reseta os inimigos ao acessar um checkpoint. Se mover entre telas não renasce inimigos como de costume.

De resto suas mecânicas são padrões, o mapa é minimalista e apenas oferece uma noção de como os estágios se conectam entre si e se já foi vasculhado por completo. Trocar de builds só pode ser feito pelo menu do checkpoint. Há vários finais dependendo de certas ações, mas não é necessário vários saves para cada. Há segredos espalhados que exigem atenção e outros backtracking. Seus controles são bem implementados e responsivos, há apenas que levar em consideração que ataques não podem ser cancelados e que defesa precisa ser preemptivo por causa disso. Seu fator de rejogabilidade é baixo, não há NG+ e é perfeitamente possível completar tudo que o jogo tem a oferecer com apenas um playthrough, não há modos especiais nem seletor de dificuldade que possam oferecer um desafio diferente. Fora speedrunning e a satisfação de cada jogador, é um jogo que só oferecerá um playthrough de 15 a 30 horas.

PROS:

  • Excelente combate;
  • Controles responsivos e fluidos;
  • Um bom balanço entre suas mecânicas entrega uma jogabilidade satisfatória;
  • Bom design de chefes
  • Ótimo design artístico/gráficos;
  • Uma trilha sonora que combina perfeitamente com o jogo e acentua seus momentos;
  • Uma boa tradução para português brasileiro.

CONS:

  • Um pouco desbalanceado em seu tema de dark fantasy;
  • A falta de uma punição para derrota faz o jogo ser bem fácil;
  • Ao mesmo tempo que alguns momentos há um pico de dificuldade desmedido;
  • Alguns biomas têm suas cores saturadas, que podem dificultar a vida de jogadores daltônicos;
  • Sistema de cura é inconsistente e extremamente limitado.

PLATAFORMAS:

  • PC – Steam – 22 de Junho (Plataforma analisada, chave gentilmente cedida por Binary Haze Interactive);
  • Nintendo Switch – 22 de Junho;
  • PlayStation 4/5 (por retrocompatibilidade) – 6 de Julho;
  • Xbox One /Series (por retrocompatibilidade) – Segundo semestre de 2021.

NOTA: ☕️☕️☕️☕️

Ender Lilies é um jogo com uma personalidade e tanto, porém apesar de ser extremamente marcante em alguns pontos, não se tem nada realmente inovador ou perfeito dentro do gênero. Apesar disso, é um projeto muito bem realizado e coerente no que entrega. Talvez não esteja entre os meus top 5 no gênero, mas com certeza é uma ótima experiência que eu recomendaria facilmente, especialmente com o ótimo preço regional na Steam. Live Wire é um estúdio fundado em 2018 e seu primeiro projeto demonstra uma quantidade impressionante de competência em desenvolvimento. O que eles vão fazer a partir daqui é incerto, mas pelo menos é uma ótima primeira impressão.

EDIÇÃO: A 40 reais o jogo era realmente fácil de se recomendar, com as mudanças agora eu não acho que 127 seja um preço justo. Fique de olho, eu acredito que até 60~70 reais seja um preço justo pelo conteúdo que entrega.


A Nintendo GANHOU a E3 (mais uma vez) – confiram nossos destaques!

A E3 2021 chega ao seu fim e junto dele, pra fechar com chave de ouro, tivemos a esperada Direct da Nintendo. Mostrando inúmeros títulos e sendo de longe a melhor conferência da semana, vamos aos nossos destaques:

A Direct começou com o novo personagem de Smash – Kazuya, de Tekken. O personagem contará com uma Direct especial no final do mês para sua demonstração detalhada.

Dragon Ball Z: Kakarot chegará em setembro para o Nintendo Switch com suas duas DLCs!

Super Monkey Ball Banana Mania chegará recriando estágios dos 3 primeiros títulos da franquia em outubro!

WarioWare chega em setembro com novos minigames, incluindo modo multijogador!

A data de lançamento de Shin Megami Tensei V, previamente vazada por sites oficiais, é oficialmente revelada com novo trailer demonstrativo. 12 de novembro!

10 anos de Danganronpa! Os três principais títulos da franquia chegam esse ano no console, além de novo spin-off!

Além de trazer boas notícias do desenvolvimento de Metroid Prime 4, a Nintendo anunciou Metroid 5 – Dread, novo título da série principal, agendado para outubro!

Advance Wars 1+2 Re-Boot Camp será um relançamento dos jogos de estratégia famigerados, chegando em dezembro desse ano!

Mario Party Superstars é o novo Mario Party, trazendo 5 tabuleiros do Nintendo 64 e 100 minigames clássicos da série! O jogo tem lançamento marcado para outubro.

Fatal Frame: Maiden of Black Water foi anunciado para todas as plataformas modernas! O título chega ainda esse ano.

Hyrule Warriors: Age of Calamity teve sua primeira onda de DLCs revelada e chega ainda este mês!

A sequência de Breath of the Wild (ainda sem nome) teve janela de lançamento e gameplay revelados em novo trailer inacreditável. O futuro GOTY chega em 2022.

Para conferir a conferência na íntegra:


E3 Xbox, Bethesda e Square – Destaques

Nessa temporada de anúncios e atualizações, tivemos hoje a conferência da Xbox mesclada com a Bethesda e logo na sequência a conferência da Square Enix. Separamos aqui alguns destaques dos anúncios de hoje.

Primeiramente, tivemos uma atualização de jogos que irão entrar no Xbox Game Pass e a surpresa de que Yakuza 7: Like a Dragon entrará no catálogo. Tivemos notícias de uma atualização de Among Us que permitirá salas de 15 jogadores com 3 impostores e que o update chegará para consoles até o final do ano. Microsoft Flight Simulator chegará para os consoles Xbox Series e terá uma colaboração com Top Gun Maverick gratuita. Com isso, vamos aos jogos e atualizações. E finalmente tivemos a confirmação e data de Hades para consoles.

Starfield

Depois de um ciclo de desenvolvimento silecioso e vários vazamentos, Starfield tem o seu teaser oficialmente anúnciado. O jogo saíra em 11 de Novembro de 2022, como uma referência a Skyrim e seu lançamento de 11/11/11.

S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chernobyl

Ah noo cheeki breeki i v damké! Após um hiato de uma década, STALKER volta aos holofotes com uma continuação em 28 de Abril de 2022 com um trailer demonstrando seu gunplay.

Halo Infinite

Após um adiamento de última hora, Halo tem seu trailer de história e multiplayer revelado. O modo multiplayer será free-to-play e provavelmente lançará dia 9 de Novembro de acordo com vazamentos pela conta da Xbox brasileira, porém não é uma data oficial ainda.

Slime Rancher 2

Atomic Heart

Replaced

Eiyuden Chronicles

Os criadores de Suikoden anunciaram um sucessor espiritual do aclamado JRPG, junto com um tie-in plataforma. Os títulos, porém, não estão nada pertos de compleção com o plataforma para 2022 e o RPG para 2023.

Age of Empires 4

The Outer Worlds 2

Tivemos aqui o que é provavelmente o trailer de jogo mais honesto que já foi feito. Não há datas, e de acordo com o próprio trailer o jogo está apenas em pré-produção, mas é uma descontração bem vinda.

Forza Horizon 5

Redfall

E para encerrar a conferência da Microsoft, tivemos o anúncio do mais novo projeto do estúdio Arkane, um immersive shooter open world com co-op e poderes vampíricos… Porém não com o trailer mais forte que a Arkane já produziu.

https://youtu.be/lxX-4U5uJqk

Marvel’s Guardians of the Galaxy

No lado da Square tivemos bem menos surpresas com uma apresentação curta e sem muitas novidades, mas para fãs da Marvel e da série Mass Effect teve um anúncio que pode chamar a atenção.

Final Fantasy: Pixel Remaster

Stranger of Paradise – Final Fantasy Origins

Produzido pela Team Ninja, tivemos o anúncio de um spin-off hack’n slash de Final Fantasy para 2022. A jogabilidade parece interessante e a trilha sonora continua característica da série, porém o diálogo… Digamos que a Team Ninja não se especializa em narrativa, mas pelo menos sabemos que ele está lá para matar o Chaos.


Summer Game Fest – Destaques do dia de abertura

A partir de hoje a Summer Game Fest abriu a temporada de anúncios e trailers para novos jogos ou atualizações de projetos conhecidos. Nesse mês de Junho teremos várias novidades de desenvolvedoras grandes e indies. Separamos alguns destaques para uma visualização rápida, ou confira a conferência na íntegra aqui:

Metal Slug Tactics

Voltando de um hiato enorme, Metal Slug deu as caras novamente como um jogo de estratégia estilo Xcom/SRPG. O projeto é feito pelo mesmo estúdio responsável por Streets of Rage 4 em colaboração com a SNK.

https://twitter.com/Dotemu/status/1403051123729125377?s=20

Sable

Sable, uma obra extremamente única que vem sido revelada aos poucos nos últimos anos, ganhou belíssima apresentação musical incluindo sua data de lançamento – 22 de setembro deste ano.

https://www.youtube.com/watch?v=WmkrpS-Cw14

Among Us Roadmap

Among Us terá numerosas atualizações no futuro próximo! Confiram no trailer:

The Wandering Village

Baseado em Frostpunk e outros jogos do gênero de construção de cidade, buscando uma estética similar aos filmes do estúdio Ghibli, The Wandering Village é um jogo extremamente único.

Sky: Children of Light e o Pequeno Príncipe

A Thatgamecompany anunciou no evento que além de chegar para o Nintendo Switch, o jogo terá uma temporada focada no Pequeno Príncipe!

Death Stranding: Director’s Cut

Uma versão expandida e remasterizada do jogo de Hideo Kojima ganhará uma edição de corte do diretor… Hideo Kojima? Mais informações sobre o conteúdo adicional serão reveladas em breve.

Salt & Sacrifice

A continuação do plataforma Salt & Sanctuary chegará exclusivamente para plataformas PlayStation com a adição de co-op.;

Solar Ash

O próximo projeto dos desenvolvedores de Hyper Light Drifter chegará para PlayStation 4/5 e na Epic Games

Tales of Arise

A próxima iteração do conceituado JRPG da série Tales chegará 10 de Setembro desse ano ainda.

Planet of Lana: Off-Earth Odyssey

Um plataformer arthouse com visuais de pinturas a óleo chegará como exclusivo de Xbox para 2022

Tunic

O indie da raposinha inspirada por Zelda deu as caras novamente, e contará com um demo exclusivo para Xbox de 15 a 21 de Junho.

Elden Ring

E após um longo hiato desde seu anúncio, não só tivemos um novo trailer para o próximo jogo da From Software, como temos uma data para 21 de Janeiro de 2022.

Days of the Devs

E para encerrar, uma rápida showcase mostrando vários indies que estão por vir.

Phantom Abyss

https://twitter.com/ThePhantomAbyss/status/1395462862508802053?s=20

Unbeatable

Behind the Frame

Walk

Moonglow Bay

Lootriver


Ninja Gaiden Master Collection – O Retorno do Mestre Ninja

Ninja Gaiden Master Collection é uma coletânea da série moderna do Ryu Hayabusa desenvolvido por Team Ninja e distribuído pela Koei Tecmo. O jogo teve seu lançamento no dia 10 de junho para as plataformas Playstation 4, Xbox One, Nintendo Switch e Microsoft Windows.

A coletânea traz as versões melhoradas da última trilogia de aventuras do Ryu Hayabusa. Os destaques dessa coleção são os gráficos, todo conteúdo de expansão lançado na época agora está disponível e um livro digital contendo a trilha sonora completa e artes conceituais dos três jogos. Os títulos inclusos são: Ninja Gaiden Sigma, Ninja Gaiden Sigma 2 e Ninja Gaiden 3: Razor´s Edge.

Ninja Gaiden Sigma foi lançado em 2007, exclusivamente para Playstation 3. Ele é a versão aprimorada do Ninja Gaiden de 2004, que tinha sido lançado apenas para o Xbox Original. O enredo do jogo conta a história de vingança de Ryu Hayabusa contra o Lorde Doku que incendiou sua vila e roubou a sagrada Espada do Dragão Negro que era mantida a gerações pela sua família. As adições da versão Sigma foram as melhorias na resolução, três novas missões no modo história onde é possível jogar com a Rachel, novas roupas para Ryu e cortes de cabelo para Rachel, novas armas, novos chefes e o modo sobrevivência onde o jogador precisa em diferentes situações derrotar o maior número possível de inimigos. A classificação de maestria em rede continua disponível na versão remasterizada podendo competir mundialmente a pontuação obtida nos modos disponíveis no jogo.

Batalhas frenéticos no Monásterio.

Ninja Gaiden Sigma 2 foi lançado em 2009, e como seu antecessor teve seu lançamento exclusivo para o Playstation 3. Ele também é uma versão melhorada do Ninja Gaiden 2 que tinha sido lançado exclusivamente para o Xbox 360 no ano anterior. O enredo se passa um ano depois dos eventos do jogo anterior, a premissa gira em torno dos planos do Clã das Aranhas Negras em pegar o artefato demoníaco que é protegido pela família Hayabusa e Ryu junto com sua nova colega, Sonya, precisam desbaratar as más intenções desta organização. As adições desta versão Sigma foram melhorias na resolução, possibilidade de jogar com as personagens Ayane, Rachel e Momiji, missões “Tag” com cooperatividade em rede, Cinema Ninja onde é possível rever as animações cinemáticas do jogo e suporte aos troféus da PSN. Apesar das várias adições alguns elementos foram retirados como o grande número de inimigos na tela, o desmembramento de membros e sangue que foi substituído por um líquido azul. Infelizmente nesta versão remasterizada as funcionalidades de rede estão disabilitadas, portanto não será possivel jogar missões “Tag” cooperativamente apenas localmente. Mesmo com essa condição, a tabela de classificação mundial de maestria continua habilitado.

Uma das várias batalhas desafiadoras desta trilogia.

Ninja Gaiden 3: Razor´s Edge foi lançado no final de 2012, poucos meses depois de sua versão original. Essa versão melhorada teve sua concepção com objetivo de aperfeiçoar os pontos negativos do original e lançar um título de peso exclusivo para o Wii U que teve sua estreia naquele período. No ano seguinte a exclusividade foi quebrada e o jogo teve seu lançamento no Playstation 3 e Xbox 360. A história do jogo é bem mais simples que os anteriores, os antagonistas da vez são um grupo secreto de feiticeiros que pretendem dominar o mundo e instaurar uma nova ordem mundial e agentes da Força de Autodefesa do Japão pedem ajuda ao Ryu Hayabusa para derrotar essa ameaça global. As melhorias nesta vesão foram a adição de mais sangue, melhor inteligência artificial dos inimigos, maior variação de inimigos, retorno de desemembramento dos inimigos, novas armas, redução de Tarefas de Tempo Curto, possibilidade de jogar Missões Ninja cooperativamente na rede e a opção de jogar com a Ayane, Momiiji e Kasumi. Também nesta remasterização não será possível jogar na rede as Missões Ninja cooperativamente e o modo mata-mata ninja, onde oito jogadores disputam batalhas ninjas frenéticas.

Ryu Hayabusa possui um leque de habilidades ninja.

Ninja Gaiden Master Collection traz a trilogia moderna da série para uma nova geração de jogadores que ainda não conhecem as aventuras do lendário Ryu Hayabusa. Mesmo não tendo a possibilidade de jogar os modos de rede originais é possível se deleitar com jogos bem desafiadores e personagens marcantes do mundo dos videojogos. A expectativa sobre um novo título da série, depois de muitos anos de ausência, aos poucos vai deixando de ser apenas um sonho.

PROS:

  • Três jogos “hack and slash” de qualidade
  • Reviver uma séria clássica do mundo dos videojogos
  • Livro digital de colecionador.

CONS:

  • Ausência da possibilidade de jogar os modos de rede como nos jogos originais.

PLATAFORMAS:

  • Microsoft Windows
  • Nintendo Switch (Plataforma analisada; chave concedida pela Koei Tecmo)
  • Playstation 4
  • Xbox One

NOTA: ☕☕☕☕

Ninja Gaiden Master Collection traz a trilogia moderna da série para a nova geração de jogadores que ainda não conhecem as aventuras do lendário Ryu Hayabusa. Mesmo não tendo a possibilidade de jogar os modos de rede originais é possível se deleitar com jogos bem desafiadores e personagens marcantes do mundo dos videojogos. A expectativa sobre um novo título da série depois de muitos anos de ausência aos poucos vai deixando de ser apenas um sonho.


Backbone – Ironicamente invertebrado

Backbone se apresenta como uma aventura de investigação post-noir se passando em uma Vancouver distópica habitada por animais antropomórficos. Seu estilo artístico imediatamente chama a atenção, durante gameplay temos um ótimo trabalho em pixel art, e em cutscenes temos artworks tradicionais do gênero noir. Aqui vivemos a história de Howard Lotor, um guaxinim que trabalha como detetive particular. Porém, ao invés de crimes e tramas seu trabalho geralmente se resume a achar provas de infidelidade ou alguns segredos pessoais sem importância.

O jogo conta com uma demo na Steam por 2 anos onde capturou o interesse de vários jogadores com o seu prólogo muito bem escrito e perfeitamente ambientado. Pegamos um caso simples de infidelidade que logo se torna algo muito maior do que um investigador como Howard jamais trabalhou. Temos uma breve demonstração das mecânicas stealth, alguma idéia de puzzles e empecilhos para conseguirmos o objetivo e o sistema de diálogo. A primeira grande falha é não só não evoluir em cima disso, ele literalmente regride. O jogo inteiro não conta com mais nenhum puzzle a partir desse momento, há apenas mais dois usos para stealth no decorrer do jogo, e logo percebemos que o sistema de diálogo é completamente desprovido de profundidade. Não só por escolhas mudarem apenas as próximas linhas de diálogo, as vezes nem isso elas fazem, a ponto de causar confusão no jogador se escolheu a resposta desejada mesmo. Não há subquests, pistas, dedução, absolutamente nada é exigido do jogador a não ser andar para o próximo ponto e ler o diálogo predeterminado.

É claro, inicialmente isso pode parecer como uma Visual Novel, mas nem mesmo a profundidade de caminhos alternativos, vários finais e funções de uma visual novel ele tem. Pior que isso, o jogo é descrito como uma aventura de investigação, onde não temos nenhum sistema de jogos de aventura (puzzles, combinações de itens, sistema de inventário, não-linearidade) nem de investigação. Todas as pistas são apresentadas para você automaticamente ao progredir a história, é impossível falhar qualquer interrogatório ou perder alguma pista importante, tudo é entregue de forma linear pela história.

Por si só isso já seria uma coisa péssima para Backbone, afinal de contas ele é um jogo quando poderia muito bem ser uma animação ou filme sem perder nada. Porém o jogo vai além em sabotar seu próprio sucesso e descarrilha abruptamente da metade para a frente. O que começa como uma “aventura noir” muda drasticamente para outro gênero com uma quebra de ritmo áspera, e antes que sequer possamos se acostumar com essa nova direção, o jogo acaba. O que temos é uma ótima experiência até a metade que leva a lugar nenhum e não se dá ao trabalho de amarras as várias pontas que deixou solta.

Backbone irônicamente não possui vértebra nenhuma, não usa a interatividade de jogos a seu favor, não se atém a própria premissa, nem sequer termina a história que começou a contar. Uma continuação já está planejada, mas sem uma coluna de sustentação fica difícil imaginar como qualquer coisa pode ser construída em cima disso.

PROS:

  • Ótimo design artístico;
  • Trilha sonora realça momentos tensos;
  • Provavelmente um dos melhores começos em jogos do gênero.

CONS:

  • Extremamente curto;
  • História incompleta;
  • Inconsistência com seu próprio gênero;
  • Raramente exige interatividade do jogador;
  • Completamente linear, escolhas jamais afetam a história nem em pequnas doses.

PLATAFORMAS:

  • PC – Steam, GOG, MS Store (Incluído no GamePass no momento de escrita dessa análise) (Plataforma analisada).

NOTA: ☕️☕️

Backbone tinha um potencial enorme para ser a maior surpresa do ano. Com um demo disponível a alguns anos, a expectativa para aqueles que o jogaram era alta, mas é possível que sua completa falta de direção e final inacabado irá decepcionar até quem nunca ouviu falar do jogo antes e resolveu jogar para ver como é.

De forma simples, minha decepção é imensurável e meu dia está arruinado. Quem tem Gamepass pode até jogar para ver com os próprios olhos, mas não é um jogo que eu recomendaria até ver a obra completa, e não sei quanta vontade de ver ela completa eu realmente tenho agora.


Sludge Life – Mundo sem alma

Sludge Life é um jogo de mundo aberto desenvolvido por Doseone e distribuído pela Devolver. Inicialmente o jogo foi lançado exclusivamente para a Epic Games Store em maio de 2020. Em 2 de junho deste ano teve seu lançamento na Steam e no Nintendo Switch.

Este jogo foi concebido pela mente excêntrica do brasileiro, Terri Villeman. O grafiteiro mineiro ficou conhecido na Rede pelos seus gifs psicodélicos estilosos. Sua obra acabou chamando a atenção da Devolver que investiu novos projetos encabeçados pelo Terri Villeman na empresa. Essa cooperação gerou jogos com visuais únicos e cheios de personalidade, como Disc Room e Heavy Bullets.

Olhos sempre atentos a tudo que o cerca.

O seu mais novo projeto, Sludge Life, teve como proposta entrar na perspectiva de um grafiteiro chamado Zero. O jogo é um mundo aberto em primeira pessoa onde o objetivo preencher edifícios com sua marca registrada urbana. Pode parecer simples a proposta, mas onde reside o forte apelo do jogo é a interação com os elementos do mundo onde o protagonista está situado. Durante a jornada, Zero encontra uma gama variedade de personalidades e situações inusitadas. Dentro desses encontros, destaque para os diálogos com o grafiteiros famosos que são ricas com gírias próprias e assuntos voltados ao existencialismo humano.

Para se locomover no mapa existem quatro tripos de item que podem ser usados pelo Zero. O primeiro é uma câmera que serve apenas para registrar os encontros e cenários encontrados pelo jogador, segundo e essencial item é o asa delta que ajuda alcançar locais de difícil acesso, terceiro item é um aparelho que faz o personagem teletransportar de forma ágil no mapa evitando a necessidade de ir aos teletransportadores manuais espalhados pelo mapa, e o último item é o mais inusitado por se o par de olhos de uma grande lenda grafiteira, mas seu funcionalidade terá que ser descoberta por conta própria.

Um dos 100 pontos de grafite disponíveis no mapa do jogo.

Os visuais do jogo são muito atrativos e transmitem vastas sensações a respeito como tratamos a vida e as diferentes formas de se tratar a realidade coletiva. O tema geral apresentado na trama é a ausência de sentimentos e idealizações onde as grandes corporações controlam todos aspectos da vida humana desde o trabalho precarizado até o ambiente particular reprimido. Diante desse cenário onde o horizonte cinzento industrial é dominante, a comunidade grafiteira se estabelece como uma forma de expressão artística capaz de renovar o espírito.

Personagens únicos e memoráveis rodeiam o protagonista.

Sludge Life é uma experiência única que traz uma jogabilidade vasta e momentos memoráveis. A direção de arte tem como ponto forte elaborar visuais únicos que dão muita personalidade ao jogo possibilitando provocar muitas reflexões. Por meio dessas contemplações, a trilha sonora destaca esses momentos ao complementar diferentes estilos musicais urbanos para compor percussões bem arrojadas. Este título se torna uma ótima pedida para um público que busca nos últimos anos novas formas de expressão visual.

PROS:

  • Direção de arte
  • Conceito da trama
  • Personagens
  • Trilha sonora
  • Jogabilidade ampla

CONS:

  • Não possui

PLATAFORMAS:

  • Nintendo Switch (Plataforma jogada)
  • PC

NOTA: ☕☕☕☕☕

Sludge Life é uma experiência única que traz uma jogabilidade vasta e momentos memoráveis. A direção de arte tem como ponto forte elaborar visuais únicos que dão muita personalidade ao jogo possibilitando provocar muitas reflexões. Por meio dessas contemplações, a trilha sonora destaca esses momentos ao complementar diferentes estilos musicais urbanos para compor percussões bem arrojadas. Este título se torna uma ótima pedida para um público que busca nos últimos anos novas formas de expressão visual.


NieR Replicant ver.1.22474487139… e o conceito de obra de arte jogável

NieR Replicant ver.122474487139… foi um esperado relançamento do NieR original. O jogo foi anunciado ano passado como uma nova versão de NieR, focando no protagonista da versão japonesa (o irmão), remasterizando o título e incluindo novos conteúdos. Lançado em Abril, aguardamos concluir todos os finais para analisar o título.

O jogo conta a história de dois jovens irmãos num futuro medieval, milhares de anos após uma calamidade que quase acabou com a humanidade. O mundo é cheio de sombras violentas que matam e consomem os ainda humanos, e uma doença grave e incurável toma vidas diariamente. Um dos dois jovens, Yonah, a irmã mais nova do protagonista, Nier, tem essa doença e desde jovem o irmão busca uma cura para irmã. Sozinhos em uma pequena vila, ele é um faz-tudo que trabalha para sustentar sua casa e cuidar de sua irmã. Ao ser sequestrada logo no começo do jogo, Nier resgata sua irmã junto de um grimório mágico chamado Weiss e logo faz mais amigos, como a amaldiçoada Kainé e o distorcido Emil. Juntos, eles descobrem uma forma de curar Yonah e assim começa a jornada de personagens traumatizados e quebrados atrás de uma cura que nem se sabe se existe.

O jogo é um JRPG de ação com combate hack and slash, muito próximo do de NieR Automata. O protagonista pode utilizar inúmeras armas que encontra ao longo do jogo, além de fazer upgrades nas mesmas e acoplar a elas palavras mágicas que dão buffs específicos. Existem três categorias de armas. Além dessas armas, o grimório possui uma mecânica de “shoot ‘em up”, com diferentes magias que podem ser utilizadas pelo protagonista, tanto para combater os inimigos quanto as magias dos mesmos que também funcionam como “shoot ‘em up”.

A exploração de mundo é seccionada, contendo alguns espaços em “top-down” e outros em 2D. O jogo raramente limita o jogador de ir e vir e permite que missões possam ser feitas fora de ordem. A narrativa aqui varia de formato constantemente, seja por “timeskip”, puro texto, “cutscenes” e mais. Isso traz um frescor para todos os momentos do jogo. O jogo também conta com diversas missões secundárias que justificam o protagonista ser um “faz-tudo”. Diversos aldeões tem pedidos que costumam ser quests de procurar por itens ou levar objetos de um lugar para o outro, o que consegue ser extremamente repetitivo, principalmente para cumprir um dos objetivos para finais importantes do jogo que é conseguir todas as armas (e para pegar todas as armas você precisa tanto de armas exclusivas de missões quanto armas compradas, e você só consegue dinheiro fazendo essas missões).

Felizmente ao finalizar uma rota o jogador mantém as armas e itens das rotas anteriores, o que evita rejogabilidade de caçadas ao tesouro. Cada rota conta a história de uma perspectiva diferente, e algumas rotas incluem momentos a mais no final do jogo. Assim como as side-quests, as primeiras rotas são extremamente repetitivas pois exigem que o jogador refaça todo o jogo apenas para contemplar algumas falas a mais, o que foi muito melhor executado em NieR Automata, que muda o conteúdo de cada rota, mesmo contemplando o mesmo espaço-tempo da história. Felizmente a história de NieR Replicant tem personagens muito mais cativantes que Automata, além de uma história extremamente emocionante que prende o jogador de começo ao fim.

Nier Replicant - Emil Sacrifices Himself "Goodbye My Friends Thank You For  Everything" Cutscene PS5 - YouTube

As discussões filosóficas de NieR Replicant são múltiplas assim como a de seu jogo sequência. O trabalho de Yoko Taro é poderoso, sensível e abrangente. A polêmica de identidade de Kainé, que é profundamente explorada aqui e traz grandes reflexões sobre o tema, da grande destaque pra personagem. Nada aqui é forçado ou exposto como algo deslocado como muitas obras ocidentais tentam fazer, mas sim apresentadas sutilmente e de forma extremamente natural. Emil também tem problemas de identidade, diferente de Kainé, mas também é apresentado da melhor forma possível. O arco de todos os personagens, até os menos aparentemente relevantes NPCs são cautelosamente trabalhados para que o jogador se sinta inserido no papel de Nier e sinta carinho por todos, criando um universo acreditável e memorável. Isso tudo sem falar sobre Grimoire Weiss, um dos melhores personagens de todos os tempos da história dos video games, que é um mísero livro flutuante.

A trilha sonora de NieR Replicant faz jus ao nome da franquia. Pra quem jogou só o Automata, já da pra sentir diversos tons similares, mas possui identidade própria e traz grande emoção a todos os momentos que toca. Grande destaque a “Song of Ancients”.

PROS:

  • Jogabilidade frenética;
  • História poderosa;
  • Personagens humanos e cativantes;
  • Exploração aberta e generosa;
  • Variedade de jogabilidade.

CONS:

  • Repetitividade de side-quests e finais iniciais.

PLATAFORMAS:

  • PS4;
  • PC;
  • Xbox.

NOTA: ☕☕☕☕☕

Apesar da repetitividade de alguns elementos do jogo, NieR Replicant é um dos melhores RPGs modernos, superando até sua famigerada sequência NieR Automata. Seu universo, história e personagens são humildes mas únicos, poderosos e cativantes e prendem o jogador do começo ao fim. Título obrigatório para fãs do gênero.