Backbone se apresenta como uma aventura de investigação post-noir se passando em uma Vancouver distópica habitada por animais antropomórficos. Seu estilo artístico imediatamente chama a atenção, durante gameplay temos um ótimo trabalho em pixel art, e em cutscenes temos artworks tradicionais do gênero noir. Aqui vivemos a história de Howard Lotor, um guaxinim que trabalha como detetive particular. Porém, ao invés de crimes e tramas seu trabalho geralmente se resume a achar provas de infidelidade ou alguns segredos pessoais sem importância.

O jogo conta com uma demo na Steam por 2 anos onde capturou o interesse de vários jogadores com o seu prólogo muito bem escrito e perfeitamente ambientado. Pegamos um caso simples de infidelidade que logo se torna algo muito maior do que um investigador como Howard jamais trabalhou. Temos uma breve demonstração das mecânicas stealth, alguma idéia de puzzles e empecilhos para conseguirmos o objetivo e o sistema de diálogo. A primeira grande falha é não só não evoluir em cima disso, ele literalmente regride. O jogo inteiro não conta com mais nenhum puzzle a partir desse momento, há apenas mais dois usos para stealth no decorrer do jogo, e logo percebemos que o sistema de diálogo é completamente desprovido de profundidade. Não só por escolhas mudarem apenas as próximas linhas de diálogo, as vezes nem isso elas fazem, a ponto de causar confusão no jogador se escolheu a resposta desejada mesmo. Não há subquests, pistas, dedução, absolutamente nada é exigido do jogador a não ser andar para o próximo ponto e ler o diálogo predeterminado.

É claro, inicialmente isso pode parecer como uma Visual Novel, mas nem mesmo a profundidade de caminhos alternativos, vários finais e funções de uma visual novel ele tem. Pior que isso, o jogo é descrito como uma aventura de investigação, onde não temos nenhum sistema de jogos de aventura (puzzles, combinações de itens, sistema de inventário, não-linearidade) nem de investigação. Todas as pistas são apresentadas para você automaticamente ao progredir a história, é impossível falhar qualquer interrogatório ou perder alguma pista importante, tudo é entregue de forma linear pela história.

Por si só isso já seria uma coisa péssima para Backbone, afinal de contas ele é um jogo quando poderia muito bem ser uma animação ou filme sem perder nada. Porém o jogo vai além em sabotar seu próprio sucesso e descarrilha abruptamente da metade para a frente. O que começa como uma “aventura noir” muda drasticamente para outro gênero com uma quebra de ritmo áspera, e antes que sequer possamos se acostumar com essa nova direção, o jogo acaba. O que temos é uma ótima experiência até a metade que leva a lugar nenhum e não se dá ao trabalho de amarras as várias pontas que deixou solta.

Backbone irônicamente não possui vértebra nenhuma, não usa a interatividade de jogos a seu favor, não se atém a própria premissa, nem sequer termina a história que começou a contar. Uma continuação já está planejada, mas sem uma coluna de sustentação fica difícil imaginar como qualquer coisa pode ser construída em cima disso.

PROS:

  • Ótimo design artístico;
  • Trilha sonora realça momentos tensos;
  • Provavelmente um dos melhores começos em jogos do gênero.

CONS:

  • Extremamente curto;
  • História incompleta;
  • Inconsistência com seu próprio gênero;
  • Raramente exige interatividade do jogador;
  • Completamente linear, escolhas jamais afetam a história nem em pequnas doses.

PLATAFORMAS:

  • PC – Steam, GOG, MS Store (Incluído no GamePass no momento de escrita dessa análise) (Plataforma analisada).

NOTA: ☕️☕️

Backbone tinha um potencial enorme para ser a maior surpresa do ano. Com um demo disponível a alguns anos, a expectativa para aqueles que o jogaram era alta, mas é possível que sua completa falta de direção e final inacabado irá decepcionar até quem nunca ouviu falar do jogo antes e resolveu jogar para ver como é.

De forma simples, minha decepção é imensurável e meu dia está arruinado. Quem tem Gamepass pode até jogar para ver com os próprios olhos, mas não é um jogo que eu recomendaria até ver a obra completa, e não sei quanta vontade de ver ela completa eu realmente tenho agora.