Comecei a jogar Xenoblade Chronicles 2 em 2019, quando comprei o jogo de um amigo que estava frustrado com ele e decidiu passá-lo adiante. Este amigo fez críticas severas ao jogo, o que toldou a minha visão sobre a obra e me fez torcer o nariz quando ele o ofereceu para que eu testasse. Porém, algo me impeliu a aceitar a oferta e dar uma chance. Não sei bem o que me levou a isso; talvez tenha sido a curiosidade que a teimosia cria quando alguém diz que algo é ruim e você quer provar um pouquinho com as próprias mãos pra ter certeza.

E nossa, que bom que eu cedi à minha própria teimosia.

Eu já conhecia Rex e Pyra de vista pelos memes e pedidos de entrada deles no Super Smash Bros. Ultimate. Da mesma forma, tudo o que eu conhecia sobre Xenoblade, no geral, era o Shulk, personagem jogável no Super Smash Bros. for Wii U/3DS. Assim, no escuro, comecei minha jornada acompanhando Rex e Gramps enquanto milhares de tutoriais eram jogados sobre mim (sério, pra quê tantos?) e o mundo aberto se abria diante dos meus olhos.

Rex e Pyra, a dupla dinâmica (eu sei que depois eles encontram a outra Blade e tal mas olha pra esses dois! Muita química entre eles.)

Já me era sabido que The Legend of Zelda: Breath of the Wild foi produzido, em parte, pelas mãos da Monolith Soft. A empresa, mesma responsável por Xenoblade Chronicles 2, trabalhou no mundo aberto de BOTW com esmero: planícies, cumes gelados, desertos, florestas, estradas… O sopro de vida que torna BOTW tão único, já que o desbravamento do mundo é grande foco do jogo em si e é um registro da história que abalou Hyrule e apenas vemos através de flashbacks, é mérito desta equipe. Assim, ao desbravar Xenoblade 2, tive a mesmíssima sensação de quando desbravei BOTW: liberdade e curiosidade.

Os longos mapas repletos de pontos de extração eram extremamente divertidos de explorar e buscar. Liberar cada nova localização, elegantemente destacada na tela com seu devido nome, era minha meta; não havia um canto que ficasse intocado por mim. Por fim, observar os animais em seus habitats naturais, bebendo água ou passeando em bandos, dava um ar vivo ao ecossistema do jogo. Tudo isso potencializou minha experiência, junto com o carisma dos personagens, seus diálogos divertidos e os mistérios da narrativa. Assim, criei um vínculo carinhoso com Xenoblade Chronicles 2, e o prazer de explorá-lo acabou com outra consequência: uma pequena terapia.

A qualidade gráfica do jogo cai muito no modo portátil, mas o impacto da vastidão à ser explorada não se perde

Conhecer o gigantesco universo de Xenoblade 2, que tanto me lembrou o mapa de BOTW, se tornou algo acalentador. Eu tenho grande facilidade de me apegar aos jogos que me causam boas sensações, que me tranquilizam ou me cativam com facilidade. E quando isso acontece, há uma sensação terapêutica ao experimentar o conjunto formado pela música ambiente, nos pequenos agrados espalhados pelo mapa na forma de baús do tesouro e nas colinas e através dos caminhos intrincados repletos de atalhos e quando a ansiedade bateu forte de madrugada, eu foquei no som dos passos de Rex enquanto ele corria por Gormott. E, por um momento, parecia que era eu que estava correndo por aquelas planícies folhosas… Fui transportada no clique de um botão, pelo menos até um monstro de nível 85 matar Rex com um golpe.

Então, eu despertava do devaneio com uma risada.

Ainda não cheguei na metade do jogo, e talvez toda essa magia envolvendo a exploração de Xenoblade Chronicles 2 acabe em algum momento. Porém, enquanto isso não acontece, eu aproveito o máximo que posso na jornada para levar Homur… Digo, Pyra, para o tão desejado Elysium. E enquanto isso, termino de pagar o meu amigo, já que depois de testar o jogo por alguns dias, decidi comprá-lo dele em suaves parcelas amigáveis.

“MY FRIENDS ARE MY P…” ops, franquia errada

Bom, começar uma nova jornada que anda me fazendo tão bem e ainda ajudar um amigo pra mim é um combo extremamente útil. É engraçado como isso acontece; às vezes, algo que é desagradável e inútil pra alguém pode ser muito divertido e útil pra outra pessoa. “O lixo de uns é o tesouro de outros”, certo?