Deedlit in Wonder Labyrinth – A guerra interminável

Record of Lodoss War é uma franquia de livros de fantasia criada por Ryo Mizuno, fazendo uso de um plano de fundo de RPG de mesa em uma história fixa e regras customizadas. Criado originalmente como uma série de “Replay”, a novelização de sessões reais de RPGs de mesa, Lodoss War eventualmente ganhou uma identidade própria gerando mangás, animes, jogos e até mesmo uma série de rádio no Japão.

Deedlit in Wonder Labyrinth é um dos vários subprodutos dessa série, e um dos poucos a ser oficialmente lançado no ocidente. Seus eventos ocorrem um pouco antes da última série de livros: Record of Lodoss War – Diadem of the Covenant. No jogo controlamos Deedlit, a famosa elfa que moldou a forma como elfos são representados em fantasias medievais japonesas, que acorda em um lugar misterioso e hostil.

Em jogabilidade, podemos ver claras inspirações de Castlevania SotN em estilo artístico e gameplay (com direito até algumas referências sutis), mas não demora muito para que o jogo demonstre sua própria personalidade e deixe claro que é muito longe de ser uma cópia sem originalidade. A diferença mais notável e importante para a jogabilidade são os sistemas de dano elemental e os dois espíritos de Deedlit.

Deja vú, I’ve been in this place before.

Cada inimigo (incluindo chefes) tem uma variedade de franquezas e resistências diferentes que são informadas através de seu HUD, Deedlit também possui dois espíritos elementais de Vento e Fogo que são adquiridos nos primeiros minutos de jogo, e desde sua aquisição seus ataques físicos são embutidos com o elemento em questão. Não há inimigos resistentes a ambos fogo e vento, mas existem vários com imunidade a pelo menos um dos dois o que faz a troca entre eles ser algo constantemente exigido. São dadas habilidades especiais para cada espírito onde Vento tem a possibilidade de flutuar indefinidamente e Fogo tem uma rasteira invencível, mas é um lado que não foi explorado a fundo pelo jogo. Os outros elementos são: Luz, Escuridão, Pedra, Natureza e Água. Porém esses elementos só são acessíveis através de magias que tem que ser adquiridas em segredos e custam pontos de magia.

De resto a jogabilidade não oferece muito além de um sistema de controle extremamente preciso e agradável de se jogar. Não há magias de comandos, o que diminui a variedade de armas e habilidades necessárias, mas o sistema de nível dos espíritos serve como sistema substituto para que haja algum nível de complexidade e decisões rápidas para manter o seu foco. Há um bom balanço entre plataforming, combate, segredos e save points. Seu level design é competente e sua trilha sonora diferencia bastante os biomas sem que cheguem a ser irritantes. Todas as peças se encaixam para oferecer uma experiência polida.

A história também é surpreendentemente boa, apesar de simples. Record of Lodoss War é uma franquia extensa com o seu próprio worldbuilding e eventos importantes, mas Deedlit in Wonder Labyrinth acerta um balanço perfeito entre ter uma ligação com a série (servindo de prequel para a mais nova série de livros) e ainda ser simples o suficiente para ser compreendida por completos novatos a série (o que é mais provável tendo em vista que sua popularidade raramente saiu do Japão).

Porém nem tudo é do melhor que podia ser, Wonder Labyrinth tem pouquíssima variação de armas onde existem efetivamente 3 tipos diferentes de armas melee. Arcos também sofrem do mesmo problema, até existem alguns arcos que o seu funcionamento mude como atirar 3 ou 5 flechas ao mesmo tempo, ou até mesmo ter flechas teleguiadas, mas esses arcos geralmente são tão mais fracos que as alternativas disponíveis que você seria praticamente punido por tentar usá-los. O mesmo pode ser dito das armas, apesar de cada arquétipo ter a sua velocidade e distância própria, é muito fácil achar uma definitiva melhor entre elas, tirando quaisquer individualidades que cada jogador possa ter em seu tipo de jogo. Esse é um problema crônico em seu design onde até mesmo seus espíritos têm a mesma falha. Logo no começo somos barrados por barris explosivos que só poderiam ser destruídos com o espírito de fogo, depois desse tutorial os elementos nunca mais são usados dessa forma, nem sequer mais barris aparecem. A impressão que o jogo deixa é que, apesar de ser extremamente polido e competente no que faz, ainda tem muito o que melhorar e expandir. Diferente de boa parte de metroidvanias que tem seu charme pela rejogabilidade, Wonder Labyrinth te mostra tudo em uma única vez, o que leva ao problema mais sério do jogo, sua duração.

Com apenas 6 horas é possível terminar o jogo enquanto explora tudo. Mesmo para jogadores mais metódicos e lentos em checar paredes por segredos, é extremamente difícil demorar mais que 10 horas para completá-lo 100%, e como dito anteriormente, há poucas razões para se jogar de novo após sua conclusão. O jogo não conta com nenhuma forma de NG+, não há seleção de dificuldades nem segredos tão elusivos que merecem ser descobertos em várias jogatinas diferentes. O maior potencial de conteúdo dele pode vir para entusiastas de speedrunning, mas seu polimento talvez funcione contra tal objetivo pois há pouco espaço para otimização e glitches que possa salvar tempo ao jogador.

Fora isso a única outra falha notável do jogo fora sua falta crônica de variedade é o excesso de efeitos visuais em alguns ataques nos chefes, o que podem prejudicar a visibilidade e capacidade de reação a certos ataques. Porém seu design de chefes é tão robusto e variado que é apenas uma pequena reclamação em vista de seus acertos.

Em suma, Record of Lodoss War – Deedlit in Wonder Labyrinth – faz valer seu tempo e valor, especialmente para fãs do gênero procurando experiências emulando o sentimento de se jogar algo como SotN pela primeira vez, porém mesmo dentro dessa categoria sua duração e conteúdo podem deixar a desejar, nem que seja apenas por ver o potencial de como um jogo bom poderia ser ainda melhor.

PROS:

  • Ótimos controles;
  • Trilha sonora agradável;
  • Uma história simples, porém marcante;
  • Level design decente;
  • Visuais retro muito bem-feitos;
  • Bom design de chefes.

CONS:

  • Extremamente curto;
  • Falta variedade em tipos de armas;
  • Muitas das mecânicas não foram utilizadas em todo seu potencial;
  • Não oferece desafio fora alguns chefes;
  • Alguns efeitos visuais em ataques podem dificultar sua visualização.

PLATAFORMAS:

  • PC – Steam.

NOTA: ☕️☕️☕️☕️

Como um fã inveterado de metroidvanias e plataformas, Wonder Labyrinth já estava no meu radar assim que vi sua página de acesso antecipado na Steam. Apesar de seus alicerces serem sólidos, ainda tem muito o que melhorar para jogos futuros. Esse é o segundo jogo desse time, e pelo jeito metroidvanias serão o foco deles. Seja mais um trabalho de adaptação como Touhou ou Lodoss War, ou talvez algo inédito, eu acredito que no futuro poderemos ver uma verdadeira obra prima vindo de Team Ladybug e Why So Serious, mesclando ótimas práticas de jogos retrô com a constante evolução e melhorias da indústria.  


Pacer, o Digno sucessor de Wipeout

O ano é 1999, tenho 7 anos de idade, acabei de ganhar de presente de aniversário um Super Nintendo da minha mãe e um Playstation 1 do meu pai, entre jogatinas de Super Mario World, e algumas demos de jogos de PS1 do clássico CD de Demonstrações do Playstation, recebo um jogo que viria a mudar a minha vida um dos jogos que eu mais amava jogar quando era pequeno, Wipeout XL o jogo de Corridas anti-gravidade com tiros e velocidades absurdas do qual eu não entendia nada naquele tempo mas mesmo assim amava jogar, porém o tempo foi passando e os videogames ficando cada vez mais tecnológicos e os jogos cada vez mais realistas, e eu apenas esperava por um novo Wipeout com gráficos espetaculares dos novos consoles, de certo modo acabamos recebendo novos jogos da franquia, mas algo inesperado aconteceu, um novo jogo de corrida anti-grav nasceu, seu nome é Pacer.

Pacer on Steam

Pacer, originalmente chamado de Formula Fusion (ótimo nome também) desenvolvido pela R8 Games para PC e para os consoles PS4 e Xbox One nos deu o ar da graça em outubro de 2020 trazendo tudo aquilo que nós amantes de corridas anti-grav mais queríamos, um verdadeiro sucessor ao legado do saudoso Wipeout e não fomos decepcionados, muito pelo contrário fomos agraciados com um jogo incrivelmente bem feito, desafiador, divertido e que trouxe novidades no gênero que até então apenas sonhávamos em ter.

O jogo trouxe um modo carreira simples porém altamente desafiador que faz com que o jogador tente se superar a cada vez que aperta o reiniciar da corrida, sim você vai refazer a mesma corrida algumas vezes para tentar conseguir vencer ou tentar bater aquele recorde da Leaderboard que você viu antes da corrida.

Pacer: conheça o novo game de corrida e combate sucessor de WipeOut | Jogos  de corrida | TechTudo

Ganhando corridas você vai ganhar não só um pouco de descanso por causa das corridas absurdamente frenéticas, mas também vai ganhar créditos para dar aquela ajeitada na sua nave, sim isso mesmo, é possível realizar melhorias na nave tanto no quesito performance quanto no quesito cosmético, o jogo possui vários e vários itens para ser adicionado na nave, bem como modelos de naves diferentes também.

A jogabilidade lembra muito o saudoso Wipeout, mas não se deixe enganar pela complexidade e difícil curva de aprendizado, o jogo possui suas próprias armas e esquemas de armamentos que são utilizados nas corridas diferente do Wipeout onde tudo dependia da arma que recebíamos durante a corrida, foi implementado na jogabilidade também o sistema de KERS que é como se fosse um turbo que você pode utilizar durante a corrida e que vai recarregando conforme a nave converte energia cinética num boost de velocidade que você pode utilizar quando quiser.

Pacer: jogo de corrida aposta em gráficos 4K e jogabilidade apurada | Jogos  de corrida | TechTudo

Você pode criar várias configurações de desempenho pras suas naves ou utilizar as que já vem pré-configuradas, essas configurações alteram as estatísticas da nave para melhorar velocidade ou melhorar sua mobilidade por exemplo, bem como modificar ou criar novas configurações de armas para usar nas corridas, como armas de longo alcance ou armas defensivas.

E por fim, um dos únicos pontos negativos que presenciei que foi um dos pontos que mais me deixou triste, porém é completamente independente do jogo, é o Online que infelizmente é basicamente morto, por ser um gênero muito nichado é completamente compreensível de imaginar que o online seria algo difícil de usufruir, mas como disse anteriormente não é algo que vá afetar o jogo em si visto que ele possui todo o modo carreira, e o Jogo Livre para que você possa se divertir (e passar raiva as vezes) por horas e horas.

PLATAFORMAS:

  • Playstation 4 (plataforma analisada, jogo concedido pela empresa);
  • Xbox One;
  • PC.

NOTA: ☕☕☕


Loop Hero – Aventura Infinita

Loop Hero é um “RPG” com ferramentas “Roguelike” desenvolvido pela Four Quarters e distribuído pela Devolver Digital. No momento foi lançado apenas para as plataformas de computador: Linux, Microsoft Windows e Mac Os. Está previsto até o final do ano o lançamento para os consoles de nova geração e o Nintendo Switch.

Loop Hero é resultado da mistura de “RPG” e o estilo “Rogue” com jogo de cartas. Esta combinação resultou em um estilo de jogo diferenciado e único que atraiu de imediato a comunidade de vídeo jogos. Uma das razões para esta atração pode ser encontrado no título do jogo que remete à uma aventura que é difícil de se desprender. Apesar de ser cíclica as ações no jogo sempre consegue apresentar diferentes situações para prender a situação do jogador.

A história começa com uma criatura misteriosa chamada de Lich que lançou uma névoa que apagou todos os elementos representativos do planeta terra. Um dos poucos sobreviventes, conhecido apenas como Herói, acorda intacto e descobre que tudo aquilo que conhecia desapareceu. Quando ele percebe que parte da memória da terra está armazenada em fragmentos espalhados pela escuridão, ele decide usá-las para restaurar parte do que existia antes. Com essa iniciativa conseguiu recuperar paisagens e pessoas. Agradecidas pela iniciativa do Herói decidem ajudá-lo e juntos montam um acampamento para unir forças. Lich percebe o êxito do protagonista e lança uma série de criaturas para atacar o grupo. Todo planeta depende das expedições do Herói para derrotar Lich e restaurar a Terra ao seu estado natural.

Mapa da expedição com o barulho do jogador e a seleção de itens para o personagem.

A premissa é simples mas ela vai ganhando profundidade a medida com o progresso na aventura. Novos personagens aparecem no acampamento que além de ampliar as funções do acampamento apresentam diálogos bem interessantes com o protagonista. Temas como memória e existencialismo estão presentes e adicionam uma camada reflexiva que contribui para o jogador pensar sobre diferentes aspectos relacionados ao que está sendo apresentado no jogo.

A jogabilidade, como já foi mencionado anteriormente, é um “RPG” de carta com traços Rogue. Cada expedição do Herói possui programação procedural, ou seja, cada aventura é diferente da anterior. O mapa é cíclico, o que dá a impressão de “Loop” apresentado no título. O objetivo do jogo é preencher o mapa com as cartas presentes na mão do jogo. Existem cartas de ambiente que dão auxílio ao jogador, como mais pontos de vida e itens, e cartas de inimigo para o protagonista poder saqueá-los quando os derrotar. Cada expedição vai gerar uma quantia de itens que pode ser usado para melhorar o acampamento como a construção de novas estruturas para destravar novas cartas e classes para o personagem. A medida que for sendo colocada as cartas na mapa, uma barrinha que representa o chefe do capítulo é preenchida e quando completada torna possível confrontá-lo em uma batalha.

Árvore de ampliações do acampamento.

Não tem muito o que se falar da ambientação porque é a mesma durante o jogo com leves alterações por quanto das cartas de ambiente que podem ser destravadas pelo jogador. Portanto, o desenho dos personagens e a trilha sonora são de ótima qualidade. O estilo artístico do jogo acaba lembrando outro indie conhecido como Undertale e em certas ocasiões faz referências diretas a este jogo.

O único aspecto negativo do jogo gira em torno de um aspecto comum em títulos com ferramentas “Rogue” que é a necessidade de juntar uma quantidade enormes de itens para avançar na trama. Esse formato acaba desgastando o investimento depositado à longo prazo no título, o que pode cansar alguns jogadores não habituados com este estilo. Apesar desta característica sua mecânica de jogo pode suavemente abafar essa sensação por conta da necessidade criada no consciente para

Loop Hero se tornou uma surpresa agradável com sua jogabilidade peculiar e narrativa envolvente que instiga o jogador a continuar investindo nesta aventura procedural cíclica. O futuro do jogo se torna promissor com a previsão de lançamento para os consoles de mesa e novas expansões podem ajudar a solidificar seu nome no cenário de video jogos.

PROS:

  • Jogabilidade instigante;
  • Enredo;
  • Trilha sonora.

CONS:

  • Necessidade de acumular muitos itens para avançar torna cansativa a empreitada.

NOTA:☕☕☕☕

PLATAFORMAS:

  • Microsoft Windows (Plataforma jogada e chave cedida pela Devolver Digital);
  • Mac OS;
  • Linux.

In Rays of the Light – A calmaria antes da tempestade

In Rays of the Light é remake de um jogo de 2012 chamado apenas The Light. The Light foi um dos primeiros jogos criados tentando fazer o máximo do poder gráfico da Unity 3D, uma engine que começou a pegar força desde então na cena indie. A nova versão adiciona mais um final e atualiza os gráficos para as novas técnicas mais foto-realistas, mas não altera muito mais além disso.

In Rays of the Light é um “walking simulator” com aspectos de room escape, acordamos em um cômodo destruído sem qualquer contexto ou explicação fora a abertura que mostra a passagem do tempo em uma rua, ao sairmos do quarto deparamos com uma lanterna e uma mensagem, a partir da qual temos que descobrir o próximo evento para avançar na história.

Inicialmente é um jogo extremamente parado onde apenas perto de sua conclusão há algumas cenas em que a atmosfera intensifica e realmente exige sua atenção, o mistério e o minimalismo são parte central da experiência o que dificulta discutir tais momentos em detalhes, mas há algumas cenas muito bem conduzidas em visuais, trilha sonora, design de áudio e narrativa.

Porém sua duração é curtíssima ao ponto de poder ser zerado em um dia com 2 a 3 horas livres, não é um jogo difícil apesar da solução de alguns puzzles serem extremamente abstratas. Sua mensagem até é interessante, porém há momentos em que a total falta de sutileza dá uma impressão de prepotência que pode estragar completamente qualquer valor pessoal que o jogador possa ter durante o jogo, fora alguns problemas técnicos que não parecem ser consistentes em como e onde ocorrem. No geral é um jogo polido, porém seu minimalismo faz qualquer problema pequeno ser muito mais visível do que geralmente são.

Em suma, In Rays of the Light é uma experiência interessante pra quem gosta do nicho de jogos mais focados em narrativa e sem uma jogabilidade muito exigente, porém mesmo dentro desse nicho sua duração é curta até demais e alguns aspectos da sua história podem não agradar a todos.

PROS:

  • Ótima trilha sonora que acentua a atmosfera;
  • Alguns momentos de história são conduzidos muito bem;
  • Design visual muito bonito.

CONS:

  • Extremamente curto;
  • Problemas na tradução para inglês (também não dispõe opções para português);
  • Algumas morais da história podem parecer muito pretenciosas na sua execução;
  • Alguns problemas de performance e bugs.

PLATAFORMAS:

  • PC – Steam;
  • Nintendo Switch;
  • PlayStation 4 (Plataforma analisada, chave gentilmente cedida por Sometimes You);
  • PlayStation 5;
  • Xbox One;
  • Xbox Series X/S.

NOTA: ☕️☕️

In Rays of the Light não é um jogo ruim, mas é de um nicho extremamente limitado e mesmo dentro de tal nicho não se sobressai. A mensagem que tenta passar é admirável, mas faltou um certo balanço entre sutileza e coesão de narrativa. A não ser que você queria uma platina rápida, acho difícil recomendar a compra desse jogo por qualquer coisa acima de 20 Reais, e mesmo assim requer um certo entusiasmo pelo gênero de Walking Sims.


Cyber Shadow – NES, Ninjas e Robôs

Publicado pela Yacht Club Games (estúdio responsável por Shovel Knight) e desenvolvido pelo estúdio finlandês Mechanical Head Studios, Cyber Shadow é um platformer retro inspirado por títulos como Ninja Gaiden, Mega Man, Metroid, entre outros.

Sua apresentação é extremamente fiel ao que o jogo é de fato, o jogo lembra muito The Messenger por puxar inspirações do mesmo arquétipo, mas com algumas visíveis de decisivas diferenças. Cyber Shadow é mais comprometido com a idéia de um jogo retro, tanto em jogabilidade quanto narrativa. Sua jogabilidade é minimalista, fazendo pouco uso de tutoriais para explicar suas mecânicas e tendo uma curva de dificuldade alta comparada à média, enquanto sua narrativa faz uso de alguns cinemáticos de pixels bem característicos da época que videogames começaram a se importar com história em seus jogos.

Sua história e trilha sonora são bem reminiscentes dessa época, são dois aspectos bons do jogo, mas não memoráveis a ponto de elevar a experiência. Onde ele realmente brilha é em sua jogabilidade e level design, apesar de começar bem devagar com apenas a movimentação básica e um ataque simples, ao pegar novos poderes o jogo muda drasticamente de ritmo para um plataforma frenético e estiloso.

Sua curva de progressão é bem feita e o level design acompanha sua evolução, te dando mais e mais oportunidades de tentar rotas mais rápidas e ousadas, além de incorporar os inimigos de forma intrínseca ao platforming, apesar de que só da metade para a frente do jogo. Sua dificuldade com certeza lembra de clássicos que o inspiraram como Ninja Gaiden, mas com um sistema mais moderno de checkpoints e algumas mecânicas de atenuação como a possibilidade de comprar alguns upgrades nos checkpoints que permitem reencher completamente sua vida, barra de especial, ou gerar um power-up a cada tentativa. Fora isso, power-ups podem ser encontrados pela tela, escondidos atrás de paredes quebráveis ou similares; eles duram até 3 pontos de dano que o jogador recebe, criando um sistema de recompensa conforme o quão bem sua performance é. Apesar de ser um jogo um pouco mais difícil que de costume, Cyber Shadow jamais chega a ser frustrante com exceção de alguns de seus inimigos que tem padrões de ataques extremamente simples como “andar em linha reta até o jogador” que pode causar problemas já que nosso arco de ataque é fixo e não há como agachar.

Sua duração total é de 5 a 8 horas dependendo de quantas tentativas forem necessárias para passar suas fases e quanto backtracking cada jogar julgar necessário. O jogo é dividido por capítulos e é possível voltar aos anteriores a qualquer momento para pegar upgrades que até então estavam inacessíveis. Apesar de tudo, essa mecânica quebra muito o ritmo do jogo. Cyber Shadow não é um Metroidvania, e seu level-design deixa isso claro, apesar de jogar telas passadas com novos poderes passarem uma impressão de que você está mais forte, essa segunda passada pelas telas não é interessante nem conseguem prender sua atenção por muito tempo.

Fora isso, sua maior falha cai em controles ambíguos e diminutos. Cyber Shadow faz questão de usar apenas os 4 direcionais e 2 botões, dos quais um é para ataque e um para pulo. Essa decisão é mais uma referência aos jogos de NES onde o controle contia apenas dois botões, mas as evoluções de controles se deram justamente para expandir as opções e permitir menos ambiguidade nos comandos do jogador. O maior exemplo disso vem com o powerup de dash. Ao usar o comando de duplo-toque na direção cria-se um problema ao ajustar seu espaçamento no combate, ou na ativação intencional em um momento de urgência. Tal problema poderia ser facilmente evitado ao usar um dos 6 botões disponíveis em todos os controles atuais.

Em suma, Cyber Shadow é exatamente o que propõe ser. Apesar de não ser perfeito, suas falhas não são significativas o suficiente para estragar a experiência de um plataforma retrô, mas ao mesmo não faz nada que já não tenhamos visto ou alcança um nível de polimento e qualidade acima do esperado.

PROS:

  • Ótima estética retro;
  • Bom level design;
  • Combate satisfatório;
  • Dificuldade bem executada entre desafiadora sem ser frustrante;
  • Movimentação extremamente fluída.

CONS:

  • O comprometimento com a idéia de um jogo retro as vezes atrapalha seu design;
  • Design de inimigos requer mais decoreba do que reflexo;
  • Backtracking desnecessário para um jogo do gênero;
  • Um pouco curto.

PLATAFORMAS:

  • PC – Steam, GOG, MS Store (Disponível no Gamepass);
  • Nintendo Switch;
  • PlayStation 4;
  • Xbox One (Disponível no Gamepass).

NOTA: ☕️☕️☕️☕️

Pra ser bem honesto, estou feliz com o ressurgimento que platformers vem tendo na indústria. A sétima geração sumiu com boa parte deles e eu me perguntava se realmente se tornaram obsoletos e só existiriam nas antiguidades, mas graças a alguns remakes e os desenvolvedores indies, eles demonstraram ainda ter um mercado e lugar na nossa cena atual

Para mim, Cyber Shadow é 70% do que é um The Messeger. Ambos jogos tomaram inspirações das mesmas fontes, mas Messeger evoluiu e ampliou enquanto Cyber Shadow apenas reviveu e deu uma leve polida. É claro, The Messeger foi feito por um pequeno estúdio de 20 pessoas enquanto Cyber Shadow foi produto de uma única pessoa, então creio que tenha muito mérito no que é.


Super Meat Boy Forever – Retorno desafiador

Super Meat Boy Forever é jogo de plataforma desenvolvido e distribuído pela Team Meat. Inicialmente foi lançado com exclusividade para Nintendo Switch e Epic Games Store, em 23 de dezembro de 2020. As versões de Playstation 4, Xbox One, Steam, Ios e Android tem previsão de lançamento para o primeiro semestre de 2021.

Depois de uma década, o bolo de carne mais querido do mundo dos jogos eletrônicos retorna para mais uma aventura. O Super Meat Boy original causou impacto na época em que foi lançado por conta de sua extrema dificuldade e personagens carismáticos. O retorno da franquia teve várias alterações significativas que mexeram nos conceitos básicos do título anterior.

O enredo manteve a premissa do anterior. Meat Boy e Bandage Girl agora possuiem uma adorável filha chamada de Nugget. Enquanto a família estava desfrutando o tão aguardado momento de lazer, o Doutor Fetus reapareça para atormentar a vida casal e rapta a filha para utiliza-la como cobaia para seu novo experimento. Meat Boy e Bandage Girl vão precisar juntar forças para derrotar o Doutor Fetus mais uma vez com objetivo de resgatar a filha.

Neste título teve um equilíbrio de momentos dramáticos e cômicos.

A trama teve um aprofundamento maior ao adotar cinemáticas com animações de alta qualidade que possibilitaram explorar as motivações dos personagens e reviravoltas. Outro enfoque que as animações apresentaram foi o uso de humor ácido que lembra bastante aqueles desenhos animados do “Adult Swim”. Por conta do envolvimento de muitos personagens no jogo agora possui um leque de personagens que podem ser desbloqueados para serem utilizados nas fases. O enfoque dado a história contribuiu para dar brechas para futuras empreitadas dentro da franquia.

A jogabilidade segue o mesmo ritmo plataforma do original com a diferença que virou um corredor infinito. Agora Meat Boy corre infinitamente de forma linear podendo trocar de direção somente pulando de parede em parede ou acionando botões de mudança de sentido. Essa mudança de postura na jogabilidade deixou ele mais difícil que o antecessor exigindo mais precisão nos pulos. Além disso foram adicionados novas habilidades para os protagonistas em cada fase contribuindo para deixar a experiência fresca em cada jogatina. Os colecionáveis voltaram mas com outro formato. Os curativos foram trocados por chupetas que são usadas para liberar novos personagens. Para acessar as famosas fases invertidas é necessário indetificar situações onde a tela do jogo ficar tremida. Nestes casos vai aparecer um relógio flutuante onde o jogador precisa acertá-la para liberar a fase.

No novo formato de jogo uma das novas habilidades de Meat Boy é o soco no ar.

Nesta nova interação de Meat Boy, as fases passaram a ser geradas aleatoriamente. A cada novo arquivo de jogo gerado acontece um rearranjo de cada desafio do jogo mudando sua ordem. Na prática essa mudança foi positiva por dar variedade nas novas jogatinas, o que possbilita experiências diferenciadas para cada jogador.

A trilha sonora está ótima com melodias bem diversificadas que caracterizam os temas de cada fase. As referências a outros jogos eletrônicos e filmes voltaram trazendo mixagens bem nostálgicas.

Fases extras continuam com uma dificuldade mais elevada que as fases principais.

Os cenários foram bem trabalhados adicionando variedade que é transmitida durante a transição das fases. Os inimigos de cada estágio são diferenciados e contribuiem em fornecer desafios a todo instante ao protagonista.

Em relação a parte técnica não teve problemas significativos que pudessem comprometer a jogatina. O ponto que causou transtornos foi a demora de carregamento das fases. Outro aspecto que incomodou está ligado ao tempo de resposta ao acionar os botões e em certos momentos não transmitia com precisão o que ocasionou atrasos durante a execução dos comandos.

Super Meat Boy Forever é uma sequência que conseguiu modificar positivamente sua fórmula de jogo e ao mesmo tempo não perder suas carcterísticas fundamentais. É um jogo bastante difícil que vai render horas de frustação mas possui aquele carisma dos personagens para suavizar nos momentos mais desafiadores. Este título concretizou o nome do Meat Boy no imaginário dos jogos eletrônicos e fica a expectativa sobre quais outras novidades serão adicionadas nos futuros títulos.

Prós:

  • Jogabilidade nova;
  • Dificuldade elevada;
  • Cenários variados;
  • Trilha sonora marcante;
  • Personagens carismáticos;
  • Conteúdo para novas jogatinas.

Contras:

  • Demora para carregar uma nova fase;
  • Atraso nos comandos do controle.

Nota final:☕☕☕☕☕

Plataformas disponivéis:

  • Nintendo Switch (Plataforma analisada);
  • Microsoft Windows (Epic Games Store);
  • Microsoft Windows (Steam) – Em breve;
  • Playstation 4 – Em breve;
  • Xbox One – Em breve;
  • Ios – Em breve;
  • Android – Em breve.


Olija – Uma aventura retro

Olija - Coming Soon to Nintendo Switch and PC - YouTube

Olija é um jogo de plataforma/aventura 2D inspirado em clássicos como Prince of Persia e Another World. No jogo vivemos a história de Faraday, lorde de uma cidade pesqueira cujos produtos ficam mais escassos a cada ano. Ao chegar num ponto de desespero, Faraday junta alguns homens e parte numa expedição procurando alguma fortuna para salvar sua vila, mas sua tripulação é naufragada e despejada em uma terra desconhecida.

Começando pelas partes mais fracas do jogo, em termos de história ela evolui muito pouco em cima disso, nosso objetivo é recolher as chaves que abrirão o Portão das Sombras e nos retornará ao nosso mundo. Há um punhado de personagens recorrentes e alguns diálogos oferecendo mais exposição dessa terra desconhecida, mas de forma geral a história nunca chega a um nível de ser o ponto alto do jogo, apesar de também não ser ruim ou mal escrita.

Além do mais, visualmente o jogo não é muito impressionante. Mesmo dentro da categoria de pixel art, sua execução não é das melhores com um modelo de 8-bits que é muito escasso em detalhes e um pouco ambíguo em movimento. Algumas cenas tentam demonstrar panos deformando com o vento, mas a impressão é mais de uma distorção de imagem do que uma interação física. Olija não é o único indie a fazer uso de visuais de 8-bits para uma aparência ainda mais retro do que a pixelart de relativa alta resolução usada regularmente hoje em dia, mas sua falta de designs memoráveis e uma paleta de cores restrita faz com que visualmente não seja um dos jogos mais agradáveis de se jogar.

Em seus acertos: Seu design de áudio é muito bem feito e robusto o suficiente para compensar nas eventuais falhas visuais. Uma trilha sonora atmosférica, barulhos distintos de combate e harmonias especificas para certos eventos carregar uma boa parte da informação necessária para aproveitar seu ambiente. Seu áudio contém uma qualidade impressionante.

Por fim, sua jogabilidade é polida e fluída. Combate começa de forma simplista e vai progressivamente adicionando novos elementos para mantê-lo interessante. A movimentação se torna bem satisfatória e tudo simplesmente se encaixa perfeitamente. A falta de uma seleção de dificuldade talvez seja o único problema dessa parte do jogo já que depois que se aprende suas nuances, não há muito desafio nem em sua plataforma nem no combate.

As fases são extremamente lineares apesar de parecer dar um grau de liberdade, seu caminho está trancado numa hierarquia de pegar chaves para enfrentar um chefe e depois pegar uma das chaves do Portão, há um sistema de crafting bem simplificado que providencia alguns chapéus que te dão alguns poderes especiais e alguns segredos que, apesar de interessante de se procurar, não adicionam muito ao jogo em si.

De forma resumida, Olija é exatamente o que promete ser sem se sobressair, é um plataforma retrô usando temas e lendas japonesas e com um combate afiado. Sua linearidade pode ser um ponto positivo ou negativo dependendo das preferências de cada um, mas sua duração é um pouco curta demais.

PROS:

  • Controles responsivos e fluídos;
  • Ótimo design auditivo;
  • Combate satisfatório;
  • Ótima localização para português brasileiro.

CONS:

  • Gráficos simplistas demais, até mesmo para padrões de pixelart;
  • História extremamente vaga;
  • Extremamente linear;
  • Rápido de se zerar e pouca rejogabilidade.

PLATAFORMAS:

  • PC – Steam (Plataforma analisada, chave gentilmente cedida por Devolver);
  • Nintendo Switch;
  • PlayStation 4;
  • Xbox One.

NOTA: ☕️☕️☕️

Olija é extremamente honesto no que se propõe e no que entrega. Se os vídeos e screenshots despertam o seu interesse, então provavelmente é um jogo que vale a pena. Fora a isso não há muitas surpresas, sejam elas positivas ou negativas.


Roundguard – passatempo divertoso

“Roundguard” é um jogo de fliperama com características “roguelike” desenvolvido pela Wonderbelly Games e distribuído pela The Quantum Astrophysicists Guild. O presente título foi lançado em março de 2020, para IOS, Android, Microsoft Windows, MacOS, tvOS, Nintendo Switch, Xbox One e Playstation 4.

A história é simples e serve somente para contextualizar os acontecimentos da trama. O enredo tem início quando o imponente castelo Springbottom é atacado por uma variedade expressiva de criaturas monstruosas. O jogador precisa controlar os fieis guardiões da Coroa para expulsar os invasores e salvar o rei que foi aprisionado pelo líder da ocupação no castelo. A campanha possui três atos e dependendo do nível e fortitude do personagem pode ser terminado em uma hora. No final de cada campanha, a pontuação é enviada para um ranking global incentivando novas jogatinas.

Batalha entre um dos chefes do jogo.

A jogabilidade mistura mecânicas de jogos clássicos como “Brick Breaker” e “Pinball” com o estilo “Rogue Like”. Cada jornada é única e caso o personagem morra será preciso recomeçar todo o progresso. Apesar desse fator dificultante, as conquistas adquiridas na jornada anterior como relíquias que melhoram status físicos e de mana do personagem são carregados para uma nova expedição. Existem três classes disponíveis: Guerreiro, Vampira e Maga. Cada classe possui uma habilidade especial. O guerreiro pode fazer um golpe giratório contudente, a vampira pode parar o tempo possibilitando mirar manualmente seu alvo e a maga pode fazer ataques à distância. As fases possuem determinado número de inimigos a serem derrotados e para fazer isso é necessário lançar o personagem neles. Derrotando todos abre a possibilidade de escolher a recompensa podendo ser arma, armadura e golpes especiais que completam a habilidade de classe de cada personagem. A missão não será simples por conta da física de pinball que permite o personagem ricochetear para vários lados e a base da fase que é recheada de espetos sendo a única maneira de escapar aterrisando em uma almofada móvel. O grande diferencial desse “rogue like” e poder escolher o trajeto até a batalha final. Existem salas de recompensa, chefes secundários e inimigos específicos. Ao completar cada sala, o jogador é recompensado com dinheiro e seu acúmulo possibilita aumentar as chances de receber boas recompensas no mini jogo de roleta mágica que ocorre no intervalo de cada ato.

Além da campanha possui dois modos de jogo adicionais. Quebra-cabeça diário onde uma fase é montada diariamente para desafiar o jogador com um nível desenhado de forma a utilizar um escasso número de itens. O Desafio semanal gera uma missão semanalmente desenhada em uma dificuldade extrema exigindo muita paciência por parte do jogador.

Cenário das primeiras fases do jogo.

A arte do jogo é bem simples e não possui muito destaque. Mesmo cada ato passando em locais diferentes não tem muita variedade parecendo em certos momentos estar sempre no mesmo lugar. Mesmo os cenários não serem atrativos, os personagens são carismáticos. O visual adotado procurou caracterizá-los com uma estrutura baixa com a cabeça maior que o corpo. Além disso o diálogo entre eles tem momentos divertidos.

“Roundguard” é um jogo divertido que mistura com qualidade mecânicas de jogos filperama com progressão “roguelike” garatindo horas de diversão. Mesmo sendo rápida sua conclusão é estimulante tentar novas estratégias com diferentes personagens para alcançar novos recordes de pontuação. Uma ótima pedida para os fãs do gênero Fliperama.

PROS:

  • Jogabilidade divertida;
  • personagens carismáticos;
  • Sistema de progressão;
  • Variedade entre as classes.

CONS:

  • Cenários pouco inspirados.

NOTA: ☕☕☕

PLATAFORMAS:

  • IOS
  • Android
  • tvOS
  • Microsoft Windows
  • MacOS
  • Nintendo Switch (plataforma analisada, chave concedida pela The Quantum Astrophysicists Guild)
  • Xbox One
  • Microsoft Windows
  • Playstation 4

“Roundguard” é um jogo divertido que mistura com qualidade mecânicas de jogos filperama com progressão “roguelike” garatindo horas de diversão. Mesmo sendo rápida sua conclusão é estimulante tentar novas estratégias com diferentes personagens para alcançar novos recordes de pontuação. Uma ótima pedida para os fãs do gênero Fliperama.


Haven – amor, puro e jogável

Há alguns anos a The Game Bakers havia anunciado seu novo título, título este que viria depois de Furi, um hack and slash híbrido com shooter que foi extremamente bem recebido por todos que jogaram. Depois de alguns atrasos completamente justificáveis, Haven saiu este começo de dezembro pra PC, PS5 e Xbox, com lançamentos para PS4 e Nintendo Switch marcados para o ano que vem.

Haven conta a história de dois amantes que fogem pelo espaço com um único objetivo: serem felizes juntos, sem influência de um sistema governamental extremamente calculista e poderoso. Eles fogem deste governo por este possuir um sistema de otimizar as relações das pessoas, forçando desconhecidos a casarem e viverem juntos por serem estatisticamente perfeitos um para o outro e, consequentemente, para a humanidade.

A aventura se inicia extremamente despretenciosa, parecendo história de “escapadinha juvenil” com uma pegada sci-fi. Porém, com o tempo de relação dos dois protagonistas, auxiliado aos acontecimentos no misterioso planeta onde se passa o jogo, há aqui uma história genuína de amor, um amor completamente apaixonado, puro e verdadeiro, em meio a uma sociedade cinza, vítima de um governo totalitário rico e tecnológico o suficiente para controlar cada micro-decisão de cada cidadão nela registrada.

É em torno desta temática que Haven brilha. O jogo é um RPG extremamente único com foco em dois protagonistas que se complementam perfeitamente. Apesar de possuir uma história linear, o(s) jogador(es) possui(em) pequenas decisões nos diálogos entre Yu e Kay, que ajudam a fortalecer certos stats ou mudar alguns detalhes ao longo do caminho. E sim, como colocado no plural acima, o jogo é completamente jogável de modo cooperativo, permitindo que a relação seja explorada tanto virtualmente quando cooperativamente, seja nas micro-decisões de diálogo, exploração do mapa, atividades de crafting ou até mesmo no combate. É importante notar que são dois personagens separados, mas as decisões feitas no modo cooperativo deve ser em concordância entre os jogadores – seja qualquer resposta que o personagem for dar, até ângulo de câmera ao explorar o mapa.

O jogo possui um sistema de crafting bastante simples mas bem robusto. Desde o começo do jogo, os jogadores são desafiados a explorar o mapa de Source (o planeta) para recuperar pedaços da nave e a consertar para seu estado operacional. Este é o ponto principal do crafting, pois além de recuperar as peças, os jogadores deverão acumular recursos para fazer o reparo. Há uma variedade de recursos aqui que podem ser utilizados para melhoria de equipamentos, a nave, consumíveis que podem fortalecer ou usar ataques especiais em combate, além de comida, fermentar bebida alcóolica para comemorações de momentos especiais e até fazer remédios de uso rápido.

A exploração do mapa é relativamente direta ao ponto, porém possui algumas variáveis valiosas. Em cada ilheta os jogadores devem fazer um limpa de ferrugem tanto no ambiente quanto nos animais e escombros de civilização. Isto faz com que tanto os ambientes voltem a sua forma original, como juntar recursos para os jogadores, assim ajudando em sua progressão. Os escombros da civilização são extremamente misteriosos e contam um pouco da história de quem morou ali, seja por itens ou máquinas ainda funcionando parcialmente.

Em alguns pontos do mapa totens permitem com que o jogador faça acampamentos, caso estejam longes demais da nave e precisem descansar, comer e se curar. Nestes acampamentos, assim como em Final Fantasy XV, a relação dos dois também pode ser explorada, assim como é no ambiente aconchegante da nave.

The Game Bakers on Twitter: "Are you going to @ParisGamesWeek? Haven will  be playable in France for the first time! Come and play the demo in Hall 1,  we are invited to

O combate de Haven é único e direto ao ponto. Os inimigos, entre animais infectados e spoilers, devem ser combatidos a distância ou no corpo a corpo. Com o tempo, o jogador pode usar consumíveis para atacar múltiplas unidades inimigas ao mesmo tempo, além de poder combar habilidades de Yu e Kay de maneiras diferentes para derrubar os inimigos e por fim, finalizá-los. O combate não é em tempo real, mas funciona como em Xenoblade, onde cada ataque e habilidade deve ser carregado tanto pelos jogadores quanto pelos inimigos, assim como escudos bem posicionados. Em geral é um sistema simples mas que cumpre sua proposta e aumenta o desafio com a progressão do título e funciona muito bem no coop.

A narrativa em si foca nos dois protagonistas, como havia sido dito. Momentos únicos e variados podem ser vividos mesmo a história sendo linear – como há poucos personagens, ambos puderam ser muito bem desenvolvidos e cada interação traz parte de um todo que é a experiência vivida aqui. O jogo não segue um trilho, permite o jogador experimentar diferentes atividades e assim trazer frutos ainda mais diversificados a relação dos protagonistas. Enquanto os personagens se conhecem, o(s) jogador(es) podem conhecer mais do universo de Haven, da relação dos personagens com este universo e uma lore muito bem trabalhada, mesmo que contida em sua experiência. Nem todas as perguntas tem resposta, mas nenhum buraco fica destapado ou informação fica incoerente.

A arte de Haven é uma das coisas mais atraentes sobre o título. Aqui temos a perfeita mistura entre estilo de arte e gráficos. Sem muita complexidade e com um estilo minimalista, Haven é um dos jogos mais belos da atualidade. A abertura do jogo não perde oportunidade em ser uma das mais impactantes dos últimos tempos, sem falam que o design de áudio e trilha sonora se embrulham nesta arte de maneira literalmente perfeita. O jogo não possui engasgos visuais ou sonoros em momento algum, com animações simples e leves que não deixam de impressionar. A trilha sonora, por Danger, traz uma mistura de gêneros, entre synthwave e chillwave que não pecam em momento algum e deixam a experiência ainda mais rica em detalhe.

A versão de PC do jogo é bem completa e bonita, rodando em alta resolução a 60 quadros por segundo, porém não conta com uma resolução 21:9. Isso faz com que monitores ultrawide contem com barras pretas ao redor da tela, o que tira um pouco da imersão do jogo. A versão de Nintendo Switch é generalizadamente igual a de computador, também contando com modo cooperativo, mas não roda em resolução nativa e apesar de buscar os 60fps, costuma cair em alguns momentos de U-Turn ou combate e tempo de carregamento é muito superior a versão de computador.

PROS:

  • Refrescante RPG independente de uma desenvolvedora incrível;
  • Personagens extremamente bem desenvolvidos e cativantes;
  • Universo rico em detalhe;
  • Arte, tanto visual quanto sonora, em sintonia absurda com a proposta;
  • Combate de tempo ativo;
  • Jogo acessível em jogabilidade e história;
  • Bom sistema de progressão, além de crafting, moradia e cozinha;
  • Tradução para português;
  • Modo cooperativo muito bem colocado.

CONS:

  • Falta de resolução 21:9;
  • Queda de performance no Nintendo Switch;
  • U-turn sensível.

PLATAFORMAS:

  • Nintendo Switch (plataforma analisada, chave concedida pela Game Bakers);
  • PlayStation 4;
  • PlayStation 5;
  • PC (plataforma analisada, chave concedida pela Game Bakers);
  • Xbox (incluindo Game Pass).

NOTA: ☕☕☕☕☕

Haven é não apenas meu jogo favorito do ano como também umas das melhores experiências narrativas dos últimos tempos, sem descontar o storytelling na jogabilidade, que é igualmente incrível. O jogo não é ambicioso e entrega o que promete com louvor, acompanhado de uma arte belíssima e trilha sonora incomparável. A The Game Bakers definitivamente merece atenção em seu último trabalho (e estou aguardando a versão do Switch para jogar tudo de novo!).


Barão do Café — Premiação dos Melhores Jogos de 2020!

O ano de 2020, lento e assustador, está chegando ao seu fim. Fechando este com sua maior glória e com a maior atenção do Café com Geeks, após um infeliz cancelamento da edição de animes do ano passado devido à pandemia (que ocorreria no começo deste ano), decidimos oficializar nossa premiação de Melhores Jogos de 2020.

Para não misturarmos com a “The Game Awards”, que ocorrerá dia 10 de dezembro, decidimos abrir nossa votação pública agora e marcar nossa apresentação para janeiro de 2021.

Para ver as categorias e fazer suas escolhas, completem este formulário ilustre feito na plataforma Google.

Contamos com as posições de vocês.