Acredito que nesse momento todos já estão bem cientes do acidente trágico que acometeu o mundo ontem. Apenas um resumo rápido:

Kobe Bean Bryant aos 41 e uma de suas 4 filhas, Gianna Maria-Onore Bryant de 13 anos, foram mortos ontem (26) em um acidente de helicóptero em Calabasas, California. 

Além dos dois, mais 7 pessoas foram mortas, entre elas, um técnico de baseball com sua filha e esposa. Eles estavam todos a caminho da Mamba Sports Academy, o camp oficial do Black Mamba, Kobe Bryant.

Com o resumo da tragédia feita, eu gostaria de entrar no verdadeiro tópico desse texto, minha homenagem ao meu maior ídolo no esporte.

A importância de Kobe Bryant em minha vida:

Antes de contar um pouco mais sobre o Kobe, gostaria de contar o que ele significa em minha vida.


Hoje tenho 23 anos e sou fã de basquete desde os 11 anos. Desde o começo sempre fui torcedor fervoroso dos Lakers, em influência de meu irmão, Leonardo, 9 anos mais velho do que eu.

Ele assistia os Lakers por causa do Kobe, virou torcedor dos Lakers por causa dele e sendo assim, eu virei por tabela.

Até hoje sempre conversamos e torcemos juntos, ansiando por um novo título de nosso time, o qual não acontece desde 2010.

Kobe é uma paixão recíproca nossa, um ídolo que está comigo desde que me conheço por gente.

Eu cresci minha vida inteira acompanhando o Black Mamba e assistindo a magia acontecendo.

Meu irmão, por inspiração do Kobe e por ver meu amor crescente por basquete, me inscreveu aos 12 anos em uma peneira para jogar pelo Palmeiras (Time de nosso coração) e eu fui escolhido. Desde então comecei a jogar federado.

Fui campeão paulista pelo Palmeiras aos 14 anos, mas, após isso, me lesionei e fui cortado.

Buscando novo time, entrei para o Mackenzie, onde joguei mais um ano e encerrei por ai a minha curta carreira.

Mas o amor por basquete nunca morreu, sempre jogando rachas e amistosos com os amigos por ai e claro, sempre com a Jersey roxa e dourada de Kobe Bryant comigo.

Kobe me ensinou a amar o basquete, me ensinou que se eu quiser algo vou ter que esquecer o mundo e batalhar o máximo que meu corpo aguentar por aquilo.

Kobe usava o 24 não para simbolizar que ele era uma evolução de Michael Jordan que usava a 23, mas para simbolizar o número de horas que ele passava pensando em basquete por dia.

No dia do seu jogo de aposentadoria, 13 de abril de 2016, contra o Utah Jazz, o mundo inteiro estava com os olhos em Los Angeles para acompanhar o último e histórico jogo da lenda.

Ele marcou incríveis 60 pontos e os Lakers venceram por 101 a 96.

Essa marca foi histórica, nunca antes em nenhum esporte, algum jogador se despediu com tamanho feito. A maioria se aposenta já por não aguentar mais jogar, com o corpo não respondendo mais os seus comandos, mas Kobe encerrou com incríveis 60 pontos.

Após o jogo, ele fez um discurso completamente emocionante e eu me lembro de eu chorando igual um bebê pela dor de nunca mais poder ver meu ídolo em quadra.

Ele terminou o discurso com a marcante frase “Mamba Out” (mamba saindo).

E nós nunca, nem em nossos piores pesadelos, poderíamos imaginar que o Mamba Out de 2016 seria absurdamente feliz perto do Mamba Out de 2020.

A dor que estou sentindo nesse dia é a dor da perda de um ídolo, a perda de uma inspiração, semelhante ao que meus pais sentiram na morte de Ayrton Senna.

Jamais pensem que esse texto é um oportunismo barato, esse texto é uma carta de amor ao maior que eu já vi jogar. Mesmo ele jamais podendo ler.

Histórico

Kobe iniciou sua carreira desde muito cedo, sendo um dos únicos jogadores da história a entrar no Draft (sistema de escolha de novatos pelos times da NBA) diretamente da escola, sem precisar passar pela faculdade.

Isso é absurdamente raro, acontecendo apenas com os melhores da história, ao ponto dos olheiros acharem que um garoto se formando na escola já está pronto para a liga profissional, sem nem menos passar pela faculdade.

Kobe foi apenas a décima terceira escolha do draft de 1996, foi draftado pelo Charlotte Hornets mas foi trocado ao Lakers imediatamente pelo pivô Vlade Divac e do Lakers, time de seu coração desde criança, nunca mais saiu, jogando 1346 partidas.

E desde seu início na liga, mostrava o quanto ele REALMENTE odiava perder.

Seu primeiro grande adversário foi Allen Iverson, o qual o superou diversas vezes, anulando o novato Kobe Bryant.

Após a primeira derrota para Iverson, Kobe começou a estudar seu jogo, obsessivamente e compulsivamente. Assistia todos os jogos, todas as mix-tapes, tudo o que tinha a sua disposição, até vencer seu adversário, e assim, o fez.

Após algumas polêmicas em sua vida pessoal, nasceu o que foi conhecido como a Mamba Mentality, mentalidade criada por Kobe para esquecer os seus demônios e focar apenas em vencer, vencer e vencer.

Ali, nascia de vez um dos maiores competidores da história do esporte mundial.

Após isso, foi só história, Kobe colecionou conquistas:

  • 5 vezes campeão da NBA (2000, 2001, 2002, 2009 e 2010);
  • 2 vezes o MVP das finais (2009 e 2010);
  • Uma vez o MVP da temporada regular (2008);
  • 2 vezes o maior cestinha da liga (2006 e 2007);
  • 4 vezes o MVP do All-Star Game (2002, 2007, 2009 e 2011);
  • 18 vezes selecionado para o All-Star Game;
  • 15 vezes selecionado para o All-NBA Team, sendo: 11 vezes para o First Team; 2 vezes para o Second Team; e 2 vezes para o Third Team.
  • Duas medalhas de ouro olímpica (2008 e 2012);
  • Dois números aposentados nos Lakers (8 e 24) – Na NBA existe a cultura dos times aposentarem o número de seus ídolos, é a maior honraria possível de uma franquia para um jogador, isso significa que ninguém, jamais, na história daquela franquia poderá usar o número que foi aposentado novamente. Kobe foi o primeiro da história a aposentar não apenas um, mas dois números.
  • O quarto maior cestinha da história da NBA com 33643 pontos marcados.
    Ele era o terceiro, até dia 25/01/2020, um dia antes de seu falecimento. Onde foi superado por seu grande amigo LeBron James.
  • Além disso, venceu um Oscar em 2018 por seu curta-metragem, Dear Basketball (Caro Basketball).

Significado e Importância

Kobe não foi apenas um dos maiores da história da NBA, ou o maior da história do Los Angeles Lakers, Kobe foi um dos maiores atletas de todos os tempos.
Obstinado, completamente apaixonado pelo esporte que praticou, pelo time que representava.

A importância dele ultrapassa a barreira dos esportes, por isso a perda é tão devastante.

Homenagens

Assim como Kobe ultrapassa a barreira do basket, as suas homenagens também ultrapassaram.

Citando apenas algumas que viralizaram:

  • Neymar ao marcar um gol pelo campeonato francês, foi até a câmera e fez um 24 com as mãos, fez um símbolo de agradecimento e depois apontou aos céus.
  • Ronaldinho Gaúcho (era um dos grandes amigos de Kobe) postou uma homenagem ao ex-astro da NBA em seu twitter e instagram. “Descanse em paz, meu amigo” junto a uma foto dos dois sorrindo e assistindo a uma partida de futebol.
  • Na NBA as homenagens foram diversas.
  • Todos os times que jogaram na rodada fizeram um minuto de silêncio.
  • E ao jogo iniciar, um dos times sofria propositalmente uma violação de 8 segundos (não atravessar ao outro lado da quadra em até 8 segundos) e o outro sofria uma violação de 24 segundos (a bola não tocar no aro no tempo de 24 segundos que é o tempo máximo para cada ataque). Uma homenagem aos números 8 e 24.
  • Devin Booker (Suns) e Trae Young (Hawks) dois jovens jogadores, inspirados completamente por Kobe a entrarem no basquete, jogaram um contra o outro ontem.
  • E eles somados tiveram esses números: 24 tentativas de arremesso; Booker converteu 11 e Young 13, somando 24 arremessos convertidos; Booker fez 36 pontos e Young 45, somando 81 pontos (Feito histórica por Kobe Bryant ao marcar sozinho 81 pontos em apenas uma partida); Booker pegou 2 rebotes e Trae 6, somando 8; Trae teve 13-16 de aproveitamento no lance livre, somando 81% de aproveitamento.
  • Joel Embiid, pivô do Philadelphia 76ers postou em seu twitter: “Cara, eu nem sei por onde começar, eu comecei a jogar basquete por causa do Kobe depois de assistir ele nas finais de 2010. Eu nunca tinha assistido basquete antes disso e aquelas finais foram o ponto de virada em minha vida. EU QUERIA SER IGUAL O KOBE. Eu estou absurdamente triste nesse momento! Descanse em paz, lenda.”
  • Além de homenagens postadas por Barack Obama (ex-presidente dos Estados Unidos), Kareem Abdul-Jabbar (maior cestinha da história da NBA e ídolo dos Lakers), Pau Gasol (companheiro de Kobe nos títulos de 2009 e 2010), Dwayne Wade (um dos maiores amigos de Kobe) e muitos outros.
  • Ontem o Grammy foi realizado no Staples Center, ginásio onde Kobe jogou durante toda sua carreira, e lá no alto, iluminado, estavam as jerseys aposentadas de Kobe, 8 e 24.
  • Os Dallas Mavericks anunciaram que ninguém jamais usará o número 24 na sua franquia como homenagem ao Kobe.
  • Os fãs abriram uma petição para a logo da NBA que hoje é uma silhueta de Jerry West (outro grande ídolo dos Lakers) ser trocada pela silhueta de Kobe Bryant.
  • Kyrie Irving, que tem Kobe como seu ídolo, se recusou a jogar na partida entre Nets e Knicks.
  • E também a minha singela homenagem a qual eu pendurei uma de minhas jerseys do Kobe na parede do meu quarto e nunca mais a usarei. Para ela sempre ficar ali como homenagem ao meu ídolo.

Nesse momento, você que leu até agora já conseguiu entender o impacto e a importância de Kobe Bryant e o quanto essa perda é imensurável.

Os Lakers jogarão pela primeira vez após essa tragédia na terça-feira (28), no Staples Center, em Los Angeles, contra um de seus maiores rivais, o Los Angeles Clippers.

Esse jogo com certeza será marcado por inúmeras homenagens, lágrimas e a despedida da maior lenda que já vestiu a camisa roxa e dourada dos Lakers.

Como dito no título, o corpo de Kobe se foi, mas seu legado para sempre ficará marcado, entre fãs, jogadores, técnicos, narradores, comentaristas e até mesmo crianças que nascerão após a sua morte, mas poderão ouvir histórias do quão grande ele foi e entrarem no basquete inspirados por ele.

Kobe, descanse em paz, eu sempre te amarei e me lembrarei de você.

Gianna, você partiu tão cedo e tinha tanta vida e sonhos pela frente, a vida realmente não é justa. Espero que esteja em um lugar melhor, jogando basket com o seu pai, como sempre jogou.

Aos outros passageiros mortos e ao piloto, nos solidarizamos imensamente e desejamos toda força do mundo aos familiares e amigos.

E a quem ficou, Vanessa Bryant (esposa de Kobe) e suas outras três filhas, Bianka, Natalia e Capri, toda força do mundo a vocês para superar essa dor imensurável de perderem não só um marido e pai, mas também uma filha e irmã.

Descansem em paz.

O legado fica.

Obrigado Kobe. 💔

Gostaria de agradecer ao Café com Geeks pelo espaço de postar essa homenagem ao meu maior ídolo.